Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)

Felix acordou naquela manhã sentindo uma mistura estranha de empolgação e terror. Ele havia conseguido um emprego! Como mago de verdade! E tudo o que precisava fazer era ajudar uma dupla de aventureiros em uma caçada.

Nada demais.

Ele pegou seu cajado — que, na verdade, era apenas um pedaço de madeira que ele usava para parecer mais impressionante — e encontrou a dupla no ponto de encontro combinado.

— Bom, bom... você realmente apareceu — disse o Grindor o Anão.— Achei que ia fugir durante a noite.

— Fugir? Eu? Pff! — Felix riu nervosamente. — Claro que não. Magos renomados como eu enfrentam desafios de frente!

Lyra a Elfa arqueou uma sobrancelha.

— Você parece nervoso.

— Eu sempre pareço nervoso. É meu rosto. — Ele sorriu. — Mas confiem em mim, eu sou um profissional.

— Certo... — Grindor falou. — Vamos indo antes que eu mude de ideia.

— A propósito qual é mesmo nossa missão? — questionou Felix.

— É um trabalho simples – respondeu Grindor, enquanto marchavam pela estrada poeirenta. – Um Golem de Pedra foi avistado perto da vila de Bregas. Precisamos destruí-lo antes que cause estragos.

— "Simples" e "Golem de Pedra" não deviam estar na mesma frase – murmurou Felix, já repensando sua vida.

— Você disse alguma coisa? – perguntou Lyra, a elfa arqueira do grupo.

— Não, nada! Apenas refletindo sobre como estou ansioso para ajudar!

Ele estava mentindo descaradamente. Felix nunca tinha enfrentado um monstro de verdade. Na Academia, suas batalhas mais intensas eram contra portas emperradas e o horário de acordar cedo.

Quando chegaram ao campo aberto onde o golem havia sido avistado, Felix suou frio. A criatura era uma montanha ambulante, com braços do tamanho de troncos e olhos brilhando com energia mágica.

— Certo, plano de ataque! – Grindor sacou seu machado. – Eu vou pela frente, Lyra ataca à distância e Felix…

— Eu forneço suporte mágico! – completou Felix, tentando parecer confiante.

— Isso, exatamente. Mas, por favor, não nos mate no processo.

Felix quis protestar, mas Grindor já corria na direção do golem, gritando. Lyra disparou uma flecha encantada, que quicou no ombro da criatura sem causar efeito. O rapaz engoliu em seco.

"Isso vai dar errado!"

Grindor desferiu um golpe poderoso na perna do monstro. O resultado? A lâmina do Machado quebrou. O anão ficou paralisado, segurando o cabo inútil na mão.

— Ah. — Grindor olhou para cima. — Isso não é bom.

— Ok, hora de brilhar! — Felix estalou os desdos e sentiu a energia mágica se formar em suas mãos.

Mas antes que o feitiço fosse concluido e o Raio Arcano lançado, Felix pode ver toda a cena em câmera lenta: o punho do golem descendo, Grindor pulando para o lado, a terra rachando com o impacto e um projétil humano chamado Félix sendo arremessado para trás pelo impacto.

— AAAAH!

Felix aterrissou de cara na lama.

— Ele está bem? – perguntou Lyra, sem tirar os olhos do golem.

— Ele ainda está respirando, então acho que sim — respondeu Grindor, chutando o traseiro de Felix para confirmar.

Felix se ergueu, cuspindo barro. Isso já era humilhante o suficiente, mas piorou quando percebeu que sua magia não havia saído do controle. Pelo contrário… ela não saiu de jeito nenhum.

O golem rugiu e avançou, derrubando Grindor e desviando das flechas de Lyra. A situação estava prestes a virar um massacre.

— Pensa, pensa, pensa! – Felix vasculhou sua mente por qualquer solução.

Ele precisava fazer algo! Mas o quê? Magia não funcionava como ele queria… Espera. E se ele usasse isso a seu favor?

Um sorriso desesperado surgiu em seu rosto.

— Todos, saiam de perto! – gritou ele.

— Você tem um plano?! – Lyra perguntou, duvidosa.

— Absolutamente não! – Felix ergueu as mãos e recitou um feitiço genérico.

— Incendiarius Flamma! — ele pode sentir a magia saindo de seu corpo e começando a brilhar nos seus dedos...

...e então um passarinho pousou na cabeça do golem.

Por algum motivo, Felix perdeu o foco por meio segundo.

Foi o suficiente para a magia sair do controle.

Em vez de um poderoso raio de energia concentrada, um jato de espuma perfumada explodiu das suas mãos, cobrindo o golem de uma substância brilhante e com cheiro de lavanda.

Todos ficaram em silêncio.

Até mesmo o golem.

— O que diabos foi isso?! — Grindor gritou.

— Eu... não faço ideia. — Felix estava tão confuso quanto os outros.

O golem olhou para si mesmo, coberto de espuma mágica. Por algum motivo, ele não gostou nada disso. Rugiu de fúria e avançou na direção de Felix.

— ELE VAI ME MATAR! — Felix correu para trás, tropeçando nos próprios pés.

— Você fez isso, agora lide com isso! — Lyra disparou outra flecha, que mais uma vez não fez nada.

O golem ergueu o punho para esmagar Felix.

Foi então que algo inesperado aconteceu.

Por causa da espuma mágica, o golem escorregou. Suas pernas deslizaram para os Lados, ele tentou recuperar o equilíbrio, mas era um monstro pesado demais para fazer isso.

Ele tombou.

E caiu direto de um penhasco.

Felix piscou.

Lyra piscou.

Grindor coçou a barba.

— Isso... acabou de acontecer? — Lyra perguntou, ainda segurando o arco.

— Acho que sim. — Grindor olhou para Felix. — Você acabou de derrotar um golem gigante com... sabonete mágico?

Felix olhou para as próprias mãos. Então olhou para o penhasco.

— Eu... acho que sim?

Lyra suspirou e guardou suas flechas.

— Seja lá o que for... funcionou.

...****************...

A notícia da "heroica" vitória de Felix sobre o golem espalhou-se mais rápido do que ele gostaria. Antes que pudesse protestar, a guilda já havia transformado sua história em uma lenda, com detalhes exagerados que faziam sua façanha parecer algo entre um ato de bravura e um milagre divino.

— Então você usou uma magia secreta para transformar o golem em pedra-sabão e fazê-lo escorregar? — perguntou um jovem aventureiro impressionado.

— Err... algo assim — Felix murmurou, olhando de canto para Lyra e Grindor, que seguravam o riso.

E foi assim que Felix sobreviveu à sua primeira missão — não por talento, mas porque sua magia falhou de uma maneira tão absurda que virou um milagre.

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Evandro Miranda

Evandro Miranda

o talento dele é não ter talento

2025-03-04

1

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Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
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Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
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Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
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Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
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Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16
Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17
Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
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23
Capítulo 23 — O Pedido Impossível
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Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25
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30
Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
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32
Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
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42
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Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival

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