Nos fundos da Guilda dos Aventureiros, uma arena improvisada foi montada. Nada mais era do que um pedaço de terra batida cercado por barris, cadeiras velhas e uma multidão de aventureiros que se acotovelavam, ansiosos pelo que parecia ser o evento do século.
— Isso está indo longe demais… — murmurou Felix, tentando esticar os braços como se estivesse relaxado, mas suando frio como um porco na véspera do banquete.
— Você se colocou nessa. — Lyra sorriu, claramente saboreando o espetáculo.
— Pelo menos, desta vez, a recompensa não é um punhado de moedas de cobre. — Grindor deu um tapinha encorajador no ombro de Felix. — Se sobreviver, a gente pode cobrar mais pelas missões!
Felix revirou os olhos. Como se um reajuste salarial compensasse a possibilidade de virar carvão.
Do outro lado da arena, Artorius fazia um espetáculo de aquecimento: conjurava pequenas chamas nas mãos e deixava seu cabelo loiro esvoaçar dramaticamente ao vento. Porque, é claro, o vento soprava apenas para ele.
— Muito bem! — bradou Garroth, o robusto mestre da guilda, erguendo as mãos para silenciar a multidão. — Regras simples! O duelo termina quando um dos participantes for derrotado ou desistir! Sem mortes, sem mutilações permanentes!
Felix ergueu a mão. — Posso admitir derrota agora?
— Não.
— Tinha que tentar… — suspirou ele.
Garroth abaixou a mão.
— Comecem!
Assim que a palavra foi dita, Artorius atacou com a velocidade de um relâmpago. Uma esfera de fogo do tamanho de um barril de cerveja cruzou o ar em direção a Felix.
Felix fez o que qualquer estrategista brilhante faria: tropeçou e caiu no chão, escapando do ataque por pura sorte.
— EITA!
— Prepare-se, Felix. Eu não pegarei leve.
A multidão rugiu em empolgação.
— Isso não parece justo! — protestou Felix. — Ele já começa com bolas de fogo, e eu nem terminei meu alongamento!
— Se quer sobreviver, sugiro que comece a lutar de verdade. — Artorius sorriu, com a superioridade de quem já havia vencido o duelo antes mesmo de começar.
Felix precisava de um plano. Um plano bom. Ou pelo menos, um que não o matasse em cinco segundos.
Então, a resposta veio: uma ideia absurda.
Ou seja, sua especialidade.
Artorius preparava outro ataque quando Felix, num movimento dramático e cheio de poeira, mergulhou no chão e rolou.
— O que ele está fazendo? — cochichou um aventureiro.
— Talvez uma estratégia de evasão? — sugeriu outro.
Artorius riu. — Felix, você sempre foi o mesmo. O mesmo idiota que gaguejava nas aulas de feitiços de precisão. Acha que rolar pelo chão vai salvá-lo?
— Não exatamente.
Felix bateu as mãos no chão.
Nada aconteceu.
A multidão ficou em silêncio.
— … Ele errou o feitiço?
— Isso foi só drama?
Artorius ergueu uma sobrancelha. — Foi isso? Esse é o seu truque?
Felix sorriu.
— Artorius, prepare-se para minha magia suprema!
Com gestos exagerados, ele começou a conjurar um feitiço. Artorius, esperando um ataque devastador, ergueu uma barreira defensiva.
Mas, em vez de uma explosão, uma CHUVA de pequenas pedras caiu sobre ele.
Artorius arregalou os olhos. — MAS O QUÊ—?!
As pedrinhas não eram letais, mas eram irritantes o suficiente para fazê-lo perder o foco.
Felix não perdeu tempo.
Lançou um feitiço que esperava ser um ataque poderoso, mas… em vez disso, um buraco surgiu bem debaixo de Artorius.
Com um plof, Artorius caiu de cara no chão.
Felix rapidamente pegou uma pequena esfera de névoa (um artefato que comprou barato porque ninguém acreditava que fosse útil) e jogou no buraco.
Uma névoa espessa se espalhou, e tudo o que se ouviu foram tosses, tropeços e xingamentos indignos de um nobre.
— Isso… isso é covardia! — berrou Artorius.
— Não, isso é sobrevivência.
Felix então lançou uma rajada de vento no buraco, fazendo Artorius girar como um pião, batendo contra as paredes de terra de maneira completamente nada digna.
A multidão assistia, absolutamente pasma.
— CHEGA! — rugiu Artorius, interrompendo a magia. Ele estava furioso, sua aura mágica crescendo. Lentamente, começou a levitar, seu manto esvoaçando, seus olhos brilhando em puro poder.
Felix, por sua vez, pegou uma pedra maior do chão, mirou e…
THUNK!
Acertou a testa de Artorius.
Por um momento, o mago prodígio ficou imóvel, como se sua mente estivesse tentando processar a situação.
Então… caiu inconsciente. Dentro do buraco. De novo.
A multidão ficou em silêncio.
E então…
— ELE VENCEU!
O arena improvisada explodiu em aplausos e gritos.
— Ele usou o próprio terreno contra o adversário!
— Que estratégia genial!
— Eu nem sei o que aconteceu, mas foi incrível!
Felix piscou, confuso. — Eu venci? Eu realmente venci?!
Lyra e Grindor correram até ele.
— Eu não acredito que isso funcionou. — Lyra riu.
— Foi a coisa mais estúpida e brilhante que eu já vi. Você destruiu a reputação dele com uma pedrada! — Grindor gargalhou.
Felix ergueu os braços, triunfante.
— Sim! Eu sou um gênio!
Mais tarde naquele dia…
Ao recobrar a consciência e perceber a magnitude da humilhação, Artorius pegou uma missão de longo prazo e partiu da cidade às pressas, dizendo que precisava "treinar longe da influência de plebeus incompetentes".
Mas os boatos já haviam se espalhado.
Felix, o mago milagroso, agora era também o estrategista invencível.
E, como sempre, Felix olhava para tudo isso e só conseguia pensar:
"Como isso aconteceu?"
Enquanto Artorius, em algum lugar do horizonte, jurava vingança entre resmungos e um galo dolorido na testa.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Evandro Miranda
kkkkkkkk
2025-03-07
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