Após o épico duelo contra Artorius, Felix e sua equipe, agora mais renomados do que nunca, finalmente estavam recebendo o reconhecimento que tanto mereciam. Os rumores de sua vitória, amplificados por todo o Reino de Eldoria, chegaram aos ouvidos de ninguém menos que o próprio rei. Intrigado pelas façanhas do grupo, o soberano decidiu convocá-los à capital real.
O convite era claro e direto: "Compareçam ao banquete real em honra aos heróis do reino. Um evento de celebração será realizado em seu nome."
— Puxa vida, será que estamos indo para um julgamento? Eu não quero ir... — Felix murmurou, encarando o convite dourado com o brasão real.
— Ah, você e suas teorias, Felix. Provavelmente estamos indo para um banquete. Quem é que recusa um banquete do rei? — Lyra respondeu, ajeitando a capa e tentando esconder um sorriso travesso.
— Ou talvez seja um banquete seguido de uma execução, caso você faça alguma besteira... — Grindor sugeriu, piscando com malícia.
Mas não, a execução não estava nos planos (ainda). O grupo, na verdade, foi convidado para um banquete no palácio real — algo que Felix nunca imaginara em seus dias de mago desastrado.
A jornada de um Anão sem magia ou talento para forja, uma Elfa incapaz de invocar espíritos e um Mago desengonçado finalmente teve início. Aquele trio nada convencional deveria chegar à capital em pouco mais de 10 dias. Mas, como sempre, a vida de Felix nunca era simples. Grindor, com um sorriso de "eu-sei-o-que-estou-fazendo", sugeriu um atalho pela floresta.
Felix sabia que deveria ter desconfiado, mas acabou concordando. Caminharam sem problemas por dois dias até chegarem a uma pequena vila, praticamente esquecida pelos deuses e pelos homens.
— Ei, Grindor, que lugar é esse? Essas pessoas não vão nos assaltar, vão? — perguntou Lyra, com um certo temor na voz.
— Eu não entendo... há 20 anos, esse lugar era vibrante, cheio de vida, com muitos aventureiros e comerciantes. Era o caminho mais rápido e seguro para a capital... — disse Grindor, pensativo.
— Bom, não parece mais tão seguro... — murmurou Lyra, olhando em volta com desconfiança.
Felix, que tinha o hábito de observar até o último detalhe, percebeu um pequeno garoto que os observava de longe, visivelmente apavorado.
— Ei, garoto! — Felix gritou, fazendo o menino sair correndo a toda velocidade.
— Tua cara feia assustou ele! — Lyra não perdeu a chance de alfinetar.
— Desculpem, ele só está assustado. Há anos que não recebemos visitas por aqui... — disse uma velhinha sem dentes, se aproximando cautelosamente.
— O que aconteceu aqui? — questionou Grindor, intrigado.
— Bem, é uma longa história... Venham, tomem um chá enquanto eu explico. — convidou a velhinha, com um sorriso gentil.
O trio seguiu a senhora até sua modesta casa de madeira. Após o chá ser servido, a velhinha começou a relatar os acontecimentos.
— Há cerca de 20 anos, em um dia como qualquer outro, um grupo de aventureiros passou por aqui a caminho da capital. Quando atravessaram a ponte no meio da floresta, uma névoa negra apareceu, engolindo-os. Só se ouviram seus gritos, e eles nunca mais saíram de lá. Enviaram várias caravanas, mas todas entravam na névoa e nunca mais retornavam. Não sabemos o que causou isso. Desde então, todos evitam essa rota, chamando-a de amaldiçoada. E nós, os moradores que não tivemos para onde ir, estamos aqui até hoje, mas ninguém se atreve a se aproximar da ponte novamente.
O relato da velhinha fez o trio estremecer. O que quer que fosse aquela névoa, certamente obrigaria o grupo a voltar e pegar outro caminho, arriscando chegar atrasados demais para o banquete.
— E agora, o que faremos? — perguntou Felix, desanimado.
— Parece que realmente vai ser um banquete e uma execução... a execução será nossa, por não termos comparecido a uma ordem real. — Lyra comentou, sarcástica.
Grindor, até então em silêncio, finalmente se manifestou.
— Vamos investigar isso!
Felix e Lyra o encararam, surpresos.
— Você está maluco? — perguntaram em uníssono.
— Eu vou investigar. Vocês podem voltar, se quiserem — respondeu Grindor, com uma certeza inabalável em sua voz.
— Muito obrigada! Muito obrigada! — a velhinha, com lágrimas nos olhos, agradeceu, visivelmente emocionada.
Grindor se levantou, pegou sua mochila e partiu pela floresta. Felix e Lyra suspiraram fundo e o seguiram. Sabiam que Grindor nunca se ofereceria gratuitamente para algo perigoso, e o semblante dele estava sério, como nunca antes.
Após algumas horas de caminhada...
— Ei, Grindor, o que foi aquilo? Por que você se ofereceu para ajudar assim? — Felix perguntou, com curiosidade.
— É, por que? Você é ganancioso demais para aceitar uma missão de graça, e ainda se oferecer dessa maneira! — acrescentou Lyra, desconfiada.
Grindor suspirou profundamente.
— Vocês não precisam se arriscar comigo. Isso é algo que tenho que fazer. Quando deixei o país dos anões, há 50 anos, não tinha para onde ir. Esta cidade foi a única que me acolheu sem julgamentos. Todos eram tão receptivos. Quando eu me sentia um fracasso por não conseguir conjurar as magias do fogo e do metal como os outros anões, o chefe desta vila me deu um trabalho de caçador e me ensinou a caçar e ser um aventureiro... Não posso deixar esse lugar morrer assim.
O clima ficou mais pesado. Lyra e Felix finalmente compreenderam a importância daquele lugar para Grindor.
— Vamos juntos, então. Talvez consigamos descobrir algo! — disse Felix, determinado.
— Mas quando isso tudo passar, você vai me pagar uma bebida cara, hein? — Lyra provocou, com um sorriso travesso.
E assim, os três partiram floresta adentro, levando mais dois dias até finalmente chegarem à ponte.
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Atualizado até capítulo 44
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