Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir

O campo de testes fervilhava de candidatos ansiosos. Guerreiros afiavam suas espadas com a determinação de quem planejava fatiar um dragão no café da manhã, magos conjuravam feitiços intrincados como se disputassem um concurso de fogos de artifício, e, num canto particularmente preocupante, um bárbaro batia a cabeça em uma rocha repetidamente, aparentemente como parte de seu "aquecimento estratégico".

Felix, por outro lado, concentrava-se em uma tarefa muito mais difícil: parecer minimamente competente.

— Lembre-se, Felix, só precisa parecer capaz pelo tempo suficiente para recebermos a licença. — Lyra sussurrou, em um tom encorajador, mas ligeiramente suspeito.

— Ou seja, devo fingir que sei o que estou fazendo?

— Exatamente. Mas sem exageros. Se tentarem te colocar em algo muito perigoso, apenas finja um desmaio convincente.

Felix bufou, já se preparando mentalmente para o desastre inevitável.

A primeira etapa do exame era simples: demonstração de habilidades. Lyra deslizou pelo campo com a graça de uma dançarina, acertando flechas com precisão impecável. Grindor, por sua vez, decidiu dispensar armas e esmagou um manequim de madeira com as próprias mãos, como se fosse um palito de dente.

E então chegou a vez de Felix.

— Felix Lorian, demonstração de magia. — anunciou um dos examinadores, já com um tom de leve apreensão.

Felix respirou fundo, estendeu as mãos e tentou conjurar uma bola de fogo.

O que aconteceu foi... tecnicamente uma bola de fogo. Mas uma bola de fogo com ambições próprias, que decidiu se expandir em uma explosão de proporções consideráveis. Os examinadores se jogaram no chão, uma das tendas do evento foi abaixo, e um dos candidatos soltou um gritinho agudo nada heroico.

Seguiu-se um silêncio desconfortável, interrompido apenas pelo som distante de algo pegando fogo.

— Er… isso foi intencional? — perguntou um dos examinadores, levantando-se cautelosamente.

— Sim! — confirmou Felix, sem hesitar. Afinal, se sua magia não era confiável, ao menos sua cara de pau era.

— Uau... — murmurou um dos candidatos, impressionado. — Que poder destrutivo!

— Chamem os curandeiros! — berrou alguém ao fundo.

Felix coçou a cabeça, observando a cena de caos moderado ao seu redor.

— Bom, pelo menos ninguém pode dizer que não tenho impacto…

De alguma forma, conseguiu não explodir nada crucial, o que, considerando seu histórico, já era uma vitória.

---------

A segunda parte do exame era um teste prático: cada candidato deveria enfrentar uma criatura mágica adequada ao seu nível.

Em teoria, parecia um sistema bem organizado. Na prática, algo deu muito, muito errado.

Um rugido ensurdecedor ecoou pelo campo de provas, tão intenso que fez até os mais corajosos engolirem em seco.

— Er… qual era mesmo a criatura que deveríamos enfrentar? — perguntou Felix, já sentindo um calafrio na espinha.

Lyra checou a lista com a tranquilidade de quem ainda não tinha percebido o perigo iminente.

— Um lobo sombrio.

— Ah, isso não soa tão ruim…

Foi então que um grito apavorado cortou o ar.

Da floresta, emergiu uma aberração colossal que parecia o resultado de um experimento malsucedido entre um javali e um pesadelo. Seus olhos brilhavam com pura fúria, suas presas eram do tamanho de um ser humano, e seu hálito carregava um aroma tão horrendo que provavelmente mataria um pombo a quilômetros de distância.

Felix empalideceu.

— Isso não parece um lobo sombrio!

A multidão entrou em pânico. Candidatos corriam em todas as direções, os examinadores gritavam ordens que ninguém ouvia, e um mago de vestes luxuosas caiu desmaiado antes mesmo de lançar um feitiço.

— Alguém precisa derrotar esse bicho! — bradou um dos examinadores, desesperado.

Lyra e Grindor imediatamente voltaram seus olhares para Felix.

— Nem pensem nisso! — protestou ele.

— Você já derrotou um dragão! — insistiu Lyra.

— Eu curei um dragão! Tem uma diferença considerável entre curar e esmagar uma fera gigantesca!

Mas a discussão perdeu a relevância quando o monstro destruiu metade do campo de provas e começou a se dirigir para a cidade. O sino de alarme soou, e os guardas já se preparavam para intervir, mas precisavam de tempo.

Felix respirou fundo. Precisava pensar rápido. Precisava de um plano.

O monstro rugiu novamente, farejando o ar em vez de focar diretamente em suas vítimas.

Felix estreitou os olhos.

— Ele não enxerga direito. Está farejando, não olhando.

— E daí? — perguntou um candidato aleatório, enquanto tentava não entrar em pânico.

Felix abriu um sorriso.

— Significa que podemos enganá-lo.

Sem perder tempo, ele puxou um frasco de poção de odor insuportável (cortesia do alquimista lunático da vila dos tomates assassinos) e o lançou para longe.

O monstro, guiado pelo cheiro infernal, disparou em direção ao frasco, ignorando completamente os candidatos.

— Pronto! Agora só precisamos distraí-lo até os reforços chegarem.

Com um trabalho em equipe surpreendente, algumas armadilhas improvisadas e o uso muito estratégico de um barril de óleo escorregadio, o monstro acabou escorregando, tropeçando e colidindo contra uma pilha de rochas, ficando atordoado.

— Agora, Felix! — gritou Grindor.

— Agora o quê? — Felix piscou, confuso.

— Lança aquela bola de fogo que quase nos matou antes, seu imbecil! — esbravejou Lyra.

— Mas…

— AGORA!

Felix começou a concentrar sua magia. Era simples: ele só precisava repetir o que havia feito antes, mas dessa vez de propósito. O que poderia dar errado?

A energia flamejante começou a pulsar em suas mãos, crescendo, crescendo… até que um clarão brilhou intensamente sobre o monstro.

Quando a luz finalmente se dissipou, o que antes era uma fera terrível agora era… um pernil assado gigante.

Felix piscou. Todos piscaram. O silêncio foi tão absoluto que dava para ouvir um gafanhoto filosofando sobre a vida ao fundo.

Foi Grindor quem finalmente quebrou o silêncio.

— Está delicioso. Com uma jarra de hidromel, seria perfeito.

— Ei, é seguro comer isso? — perguntou Lyra, aproximando-se com cautela.

— Acho que sim!

Os examinadores continuavam boquiabertos, mas um deles logo se recompôs e pigarreou antes de anunciar:

— Felix Lorian… você passou no exame com louvor!

Felix piscou novamente.

— Eu… o quê?

A multidão começou a ovacioná-lo.

— Ele derrotou o monstro com estratégia!

— E ainda garantiu um churrasco para todos!

— Um gênio tático e um mestre churrasqueiro!

— Felix, o churrasqueiro milagroso!

Lyra e Grindor riam, divertidos.

— Bem, Felix, — disse Lyra, batendo-lhe no ombro, — parece que agora você tem uma nova reputação.

Felix suspirou.

"Ótimo. Primeiro curador milagroso, agora estrategista e churrasqueiro genial… Só falta me chamarem de rei dos tomates assassinos."

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Comments

Evandro Miranda

Evandro Miranda

se lascou kkkkk

2025-03-07

1

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Capítulos
1 Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2 Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3 Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4 Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5 Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6 Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7 Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8 Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9 Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10 Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11 Capítulo 11 — O Banquete Real
12 Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13 Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
14 Capítulo 14 — O Monstro do Pântano Sem Fim
15 Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
16 Capítulo 16 — Asas do Vento (Ou Quase Isso)
17 Capítulo 17 — Sangue Real, Problemas Reais
18 Capítulo 18 — O Reino dos Elfos e o Pedido de Myra
19 Capítulo 19 — O Rei dos Goblins
20 Capítulo 20 — O Rei, a Espada e o Dragão
21 Capítulo 21 — O Fardo de um Rei (Que Nunca Foi Rei)
22 Capítulo 22 — O Último Desejo (Ou o Primeiro de Muitos)
23 Capítulo 23 — O Pedido Impossível
24 Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
25 Capítulo 25 — Um Teleporte e Uma Confusão Real
26 Capítulo 26 — Dois Reis e Nenhum Amor Fraternal
27 Capítulo 27 — Um Mal Entendido e Felix De volta
28 Capítulo 28 — Informações Inesperadas e o Chamado da Realeza Élfica
29 Capítulo 29 — O Preço da Independência e a Falência do Grupo
30 Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
31 Capítulo 31 — O Passado Esquecido de Felix
32 Capítulo 32 — O Mestre que Não Devia Existir
33 Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34 Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35 Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36 Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37 Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38 Capítulo 38 — O Pagamento
39 Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40 Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41 Capítulo 41 — Bem-vindos a Sagramour... Agora Fiquem Onde Possamos Ver Vocês
42 Capítulo 42 — Felix e o Tubo Exploxivo
43 Capítulo 43 — Felix, o Indecifrável
44 Capítulo 44 — A Arena e um Novo Rival
Capítulos

Atualizado até capítulo 44

1
Capítulo 1 — O Fracasso da Magia e o Começo
2
Capítulo 2 — O Primeiro Monstro (E a Primeira Tragédia!?)
3
Capítulo 3 — Como NÃO Derrotar um Dragão
4
Capítulo 4 — Rumores e Um Herói por Acidente!
5
Capítulo 5 — O Grupo de Aventureiros Pobres e Uma Ideia Genial
6
Capítulo 6 — O Exame Oficial e Um Monstro Que Não Deveria Existir
7
Capítulo 7 — Um Novo Rival?!
8
Capítulo 8 — O Duelo do Século (Ou Algo perto disso)
9
Capítulo 9 — Convocados Pelo Reino
10
Capítulo 10 — A Ponte Amaldiçoada
11
Capítulo 11 — O Banquete Real
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Capítulo 12 — Habilidades Duvidosas e Uma Mentira Convincente
13
Capítulo 13 — Um Pedido Irrecusável
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Capítulo 15 – O Novo Grupo de Felix
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Capítulo 24 — Um Casamento, Uma Maldição e Um "GATO?!"
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Capítulo 30 — A Cidade do Começo e Um dos Segredos de Felix.
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32
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33
Capítulo 33 — O Mistério da Magia de Felix
34
Capítulo 34 — Pobres, Mas de Consciência Limpa
35
Capítulo 35 — O Retorno do Rival e Uma Profecia
36
Capítulo 36 — Indigentes E Procurados
37
Capítulo 37 — Uma Missão Suspeita
38
Capítulo 38 — O Pagamento
39
Capítulo 39 — Um Banquete do Desespero
40
Capítulo 40 — O Pernil da Perdição e um Batismo Forçado
41
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