O dia seguinte amanheceu com um entusiasmo palpável no ar. Afinal, não é todo dia que um bando de aventureiros desajustados decide fundar sua própria equipe! Felix, Lyra, Grindor, Vaelion, Tobias e Magnus – agora oficialmente os Asas do Vento – marcharam com determinação até a Guilda dos Aventureiros, prontos para deixar sua marca no mundo.
O prédio da guilda era imponente, com estandartes vermelhos tremulando ao vento e uma fila interminável de aventureiros disputando espaço para registrar contratos, receber recompensas ou apenas reclamar das missões que lhes haviam sido designadas. Assim que entraram, foram recebidos por uma atendente de expressão cansada e olhos semicerrados – uma mulher claramente exausta de lidar com gente como eles.
— Nome do grupo? — perguntou ela, sem desviar os olhos de um enorme livro de registros.
Felix abriu um sorriso brilhante, transbordando confiança.
— Asas do Vento!
A atendente parou de escrever e franziu a testa.
— Asas do quê?
— Asas do Vento! — repetiu Felix, agora ainda mais animado. — Porque seguimos onde o vento nos levar! Para a aventura, para a glória, para a grandeza!
Lyra revirou os olhos com a paciência de quem já ouvira essa baboseira vezes demais.
— Você fala como se tivéssemos controle sobre isso.
— Bom... tecnicamente temos tanto controle quanto uma folha seca no meio de um furacão. — murmurou Grindor.
A atendente suspirou e pegou uma pena encantada, começando a registrar os nomes. Mas no exato momento em que ia escrever o nome do grupo…
— EI! QUEM FOI O IDIOTA QUE ESTACIONOU UM CAVALO NA PORTA?! ELE ESTÁ COMENDO O CARTAZ DE MISSÕES!
O salão explodiu em caos. A atendente, assustada, deixou a pena escorregar dos dedos, que deslizou pelo pergaminho com vontade própria.
Quando finalmente recobrou o controle, a mulher arregalou os olhos, franzindo a testa.
— Ah… bem… já está registrado.
Felix, sentindo um calafrio na espinha, inclinou-se sobre o balcão.
— O que exatamente foi registrado?
A atendente hesitou antes de virar o livro para que eles vissem.
Em letras brilhantes e douradas, cintilava o glorioso nome de sua recém-formada guilda:
Asas de Couve-Flor.
Houve um silêncio. Não um silêncio comum, mas um daqueles silêncios profundos e desconfortáveis, nos quais até os deuses seguram a respiração para ver o que acontece a seguir.
Uma mosca cruzou o salão com um bzzzz de julgamento.
— …Isso é uma piada? — Vaelion perguntou, a voz carregada de incredulidade.
— O que diabos é uma “Asa de Couve-Flor”?! — Tobias exclamou, quase entrando em pânico.
Felix esfregou o rosto com as mãos.
— Podemos… mudar isso?
A atendente balançou a cabeça com a serenidade impassível de alguém que já presenciou tragédias burocráticas além da compreensão humana.
— Não. O nome já foi enviado magicamente para todas as guildas do continente.
— DO CONTINENTE?! — Magnus quase caiu para trás.
Lyra fechou os olhos, respirando fundo como se reunisse forças para não arremessar uma adaga na testa de Felix.
— Eu não quero ser reconhecida como parte de um grupo com esse nome.
Mas antes que pudessem protestar, uma voz poderosa ecoou pelo salão:
— ATENÇÃO! CHAMANDO O GRUPO RECÉM-FORMADO "ASAS DE COUVE-FLOR" PARA O ANDAR SUPERIOR!
O salão inteiro parou.
Aventureiros e mercenários viraram a cabeça ao mesmo tempo, encarando-os como se estivessem diante de uma aberração cósmica.
E então, veio a explosão de risadas.
— “Asas de Couve-Flor”?! Isso é sério?!
— Eles abriram uma taverna vegetariana ou uma equipe de combate?
— Quem diabos deu esse nome ridículo?!
Felix sentiu o rosto pegar fogo de tanta vergonha. Lyra resmungava maldições entre os dentes, e Grindor baixou o chapéu até quase sumir dentro dele.
— CORRE! — Felix sibilou.
Eles dispararam escada acima, correndo como se suas vidas dependessem disso.
Ao chegarem no escritório do mestre da guilda, ofegantes e à beira de um colapso emocional, Felix bateu as mãos na mesa.
— Senhor! Precisamos mudar o nome do nosso grupo imediatamente!
O mestre da guilda, um homem idoso, musculoso e com olhos astutos, ergueu uma sobrancelha e analisou um pergaminho mágico.
— Bem… tecnicamente, eu poderia mudar.
Os olhos do grupo brilharam de esperança.
— MAS... — ele continuou, saboreando a palavra como um carrasco prestes a dar o golpe final. — Só posso fazer isso se o grupo ainda não tiver recebido nenhuma missão oficial com esse nome.
Silêncio.
— Tem alguma missão registrada para nós? — Vaelion perguntou, já se preparando para a resposta dolorosa.
O mestre da guilda lançou-lhes um olhar significativo antes de pousar o pergaminho sobre a mesa.
— Sim. E foi incrivelmente rápido um grupo recém-formado ser chamado para uma missão tão urgente. Talvez… tenha algo a ver com os seus nomes. Felix Lorian, Lyra Calantha, Grindor Thrain… Parece que alguém muito influente fez questão de requisitá-los.
Felix enterrou o rosto nas mãos.
— Não podemos nem mudar para algo menos… vegetal?
O mestre sorriu de canto.
— Não. Agora vão. Vocês têm uma missão para completar, Asas de Couve-Flor.
Lyra soltou um grunhido de puro desespero.
— Ao menos nos diga onde será nossa missão!
— No Reino dos Elfos. — respondeu o mestre da Guilda. — Quem requisitou vocês foi Myra Calantha.
Lyra paralisou no ato.
Havia décadas que não ouvia aquele nome.
E agora… estava sendo arrastada para uma missão comandada por ela.
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Atualizado até capítulo 44
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