capítulo 18

Como em todas as manhãs, Elise iniciava sua jornada em direção a cozinha principal. O sol pairava no céu com seus raios quentes acariciando a terra que se preparava para o frio inverno. Tão logo, seria uma raridade desfrutar de uma manhã ensolarada como aquela.

Normalmente, Elise ajudava no preparo do café, mas devido ao seu trabalho no escritório ao lado de Edgar que se estendeu a altas horas da madrugada, não teve forças para levantar tão cedo.

Involuntariamente, sua boca se abriu em um bocejo preguiçoso. Se não tivesse mais obrigações, talvez voltaria para cama… Entretida em seus próprios pensamentos, sentiu-se impactada por algo que veio ao seu encontro.

— Preste atenção, novata — uma empregada de sardas e cabelos ruivos lhe chamou a atenção. Elizabeth abaixou a cabeça.

— Peço desculpas pelo ocorrido. Prestarei mais atenção no futuro — estava prestes a se retirar quando sentiu a mão ser puxada pela mulher.

— Espere, estamos precisando de mais uma criada para nos ajudar com as roupas e vestidos de Lady Charlotte — as palavras da mulher saíram imperiosas e Elise não teve tempo para protestos, pois logo foi puxada pela criada para longe de seu destino.

A princípio, tentou rebater a mulher, alegando que preparava o café do rei, posteriormente considerou que fosse melhor assim. Ela precisava ser vista como empregada por todos, sua situação desfavorável deveria ser comentada com mais frequência e certamente a lavanderia seria um lugar excelente para os seus propósitos.

Elise foi puxada pela empregada até a lavanderia no mais puro silêncio.

Após uma caminhada longa, ela se deparou com um pátio alojado na parte externa do palácio, num canto mais recôndito onde uma quantidade considerável de empregadas estavam alinhadas em frente a uma fonte de água retangular, ocupadas com a lavagem de tecidos finos e caros.  

Todas estavam debruçadas sobre água que jorrava em uma queda contínua e interminável. Risadas alegres e conversas preenchiam o lugar aberto. Assim que avistaram a presença de Elise, se calaram de imediato. 

A princesa não teve tempo para sentir a rejeição das demais, pois logo suas mãos foram ocupadas por vestidos bufantes e pesados. Sua pele ficou imersa na água, os dedos ocupados em esfregar tecidos requintados e de valor inestimável. 

Enquanto estava curvada sobre o traje, esfregando-o diligentemente, cochichos e zombarias lhe eram destinados. Era difícil não se sentir abalada com a situação. Naquele momento, sentiu falta da cozinha e das panelas fumegantes, dos olhares e palavras gentis dos cozinheiros.

— Alteza, deveria usar o sabão para esfregar o vestido — uma empregada de cabelos loiros pálidos se aproximou e lhe ofereceu uma barra de sabão. Havia um sorriso gentil em seus lábios e Elise retribuiu.

— Eu agradeço pela ajuda, mas não se incomode em me tratar por títulos. Sou uma empregada agora — respondeu suavemente, voltando-se para o trabalho em mãos.

— Sinto muito pelo seu destino, imagino que não tenha sido fácil — a empregada respondeu num murmúrio. Por alguma razão, a jovem moça parecia visivelmente abalada e seus olhos brilhavam como se lágrimas estivessem para cair a qualquer momento. Elise comprimiu os lábios, tentando compreender a razão de tal abalo.

— Confesso que não tem sido fácil, mas sei que as coisas irão melhorar.

— Diz isso por causa do seu irmão? Ele tende retomar o trono? — perguntou timidamente.  Elise fitou a água por longos instantes antes de responder. Não tinha certeza se algum dia George retomaria o poder, não quando ele parecia convicto em sua decisão de permanecer longe do trono.

— Alteza? — a moça insistiu um pouco mais e aquilo deixou Elise ainda mais curiosa. 

— Não gosta do governo do rei? — retornou. Os olhos da moça estatelaram.

— É claro que gosto! Ele tem sido excelente, um governante sábio e tolerante.. — a jovem se calou rapidamente e abaixou a cabeça, voltando para os afazeres. Ela estava ciente de que havia dado um adjetivo que não se adequava a Edgar. Tolerante. Um homem que torna uma nobre sua serva para punir o irmão. Um homem que manda decepar a mão de um cavaleiro como reparação. Não eram atitudes de uma pessoa tolerante.  

— Vejo que admira o atual rei — murmurou, tentando conter o tom de desprezo que escapou.

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