capítulo 6

— Godfrey! — exclamou alegremente, apressando o passo para se encontrar com o homem que ao ouvir o seu nome ser chamado, virou-se para a voz conhecida.

— Eli — disse num tom de surpresa e alegria ao avistar a amiga de infância que não revia há um bom tempo. Ela se jogou em seus braços e foi rodopiada no ar pelo cavaleiro. Sua gargalhada cristalina ecoou pelos corredores, preenchendo-os com uma sinfonia suave e encantadora.

— Estou tão feliz por revê-lo — admitiu timidamente.

— E em condições mais favoráveis — falou acariciando o seu rosto ternamente — Edgar tem sido mau com você? — indagou, cuidadosamente.

— Não… Quero dizer, ele tem um temperamento terrível e é muito exigente — disse rapidamente ao notar que estava prestes a estragar o plano de Edgar. Caso isso acontecesse, a reação dele não seria nada amistosa.

— Estou preocupado com sua segurança. Nunca imaginei que ele fosse assim. Servimos juntos, lutamos juntos. Partilhamos das mesmas refeições e temores. É quase inacreditável o que o poder fez com ele — falou com pesar. Era nítido a sua decepção. Elise sentiu seu coração afundar e se apenou do pobre homem. Certamente estava desiludido com o melhor amigo. Ela se lembrava de como Godfrey admirava Edgar e sempre falava com veneração de seu senhorio e amigo.

— Vai ficar tudo bem, apesar de seu temperamento, ele não me fará nenhum mal — tentou tranquilizá-lo da melhor forma que pôde, mas não pareceu suficiente ao rapaz que apenas comprimiu os lábios — você realmente abriu mão do título?

— Até ter certeza de que Edgar recobrou os princípios morais de ética, serei apenas um soldado comum, nada mais.

— Então permanecerá no palácio?

— Sim, não sairei tão cedo — disse estalando o dedo no nariz de Elise como fazia quando eram crianças — Saiba que pode contar comigo. Eu irei protegê-la — Elise sentiu seu coração bater freneticamente com as palavras estoicas de Godfrey. Parecia o momento certo para declarar o seu amor incodicional a ele quando foi interrompida pela voz maçante de uma conhecida detestável.

— Alteza? — Lady Charlotte apressou os passos para se aproximar da princesa e do cavaleiro — Sir Godfrey — cumprimentou o homem lançando o seu sorriso charmoso e estonteante. Elise notou os olhos verdes do cavaleiro sobre o corpo curvilíneo de Charlotte que pareceu se deleitar com a atenção recebida. Elise, enciumada, lançou um olhar raivoso à lady que interrompia o momento.

— Como vai, Lady Charlotte? — Elise indagou, tentando lembrá-la de que ainda estava ali.

— Muito bem. Sinto muito pelo terrível destino que se lançou sobre si. É um verdadeiro infortúnio! — disse exageradamente, segurando as mãos da princesa.

— Agradeço pelos seus sentimentos, mas creio que minha situação desfavorável não se alongará por muito tempo.

— Assim espero. Seria terrível se o rei tomasse gosto pela ideia de permanecer como governante e vossa alteza tivesse de passar o resto dos dias como empregada — lamentou-se.

— Isso não vai acontecer — apesar da firmeza de suas palavras, Elise sentiu o seu coração estremecer.

— Como pode ter certeza? Soube que hoje mesmo o rei aplicou políticas novas e vem fazendo grandes mudanças — Elise comprimiu os lábios. As notícias corriam mais rápido do que esperava.

— É apenas uma preocupação metódica — apesar de tentar encontrar argumentos para convencer Charlotte, parecia não dar grandes resultados, pois a mesma prosseguiu tentando instigar alguma reação em Elise:

— Ele parece querer depor alguns ministros, que inclusive eram muito leais ao seu falecido pai.

 — Por favor, lady Charlotte, não atormente a princesa com tais divagações. Ela já tem muito o que se preocupar no momento — Godfrey interviu em sua ajuda e Elise lhe lançou um sorriso de gratidão.

— Tem toda razão, Sir, foi muito indelicado de minha parte. Espero que possa me perdoar, princesa — seu pedido de desculpas parecia insincero, contudo, era o melhor que poderia esperar naquele momento.

— Não se preocupe, lady Charlotte, não me sinto insultada com suas ações para serem necessárias desculpas. Se me derem licença, preciso cumprir minhas obrigações.

Elize não tinha nada a fazer naquele momento, mas não se sentia bem o suficiente para permanecer no local após tantas inquietação plantadas por Charlotte. E se ela tivesse razão? E se Edgar resolvesse ficar no trono e mantê-la como empregada? Na realidade, o que mais assustava era se tornar uma empregada não só de título. Se caso isso acontecesse, Godfrey escolheria ficar ao seu lado ou decidiria abandoná-la? Como cavaleiro ele tinha grandes chances de se casar com alguém de baixa nobreza, por que ele escolheria desposar uma simples empregada? Especialmente quando esta havia sido uma princesa deposta de seu título?

Elise precisava conversar com seu irmão urgentemente.

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Comments

Paola

Paola

uai, se ele gostar mesmo de você vai ficar contigo independente de qualquer coisa

2025-03-10

0

Paola

Paola

ixi, pelo visto o cavaleiro tá em outra kkkkk

2025-03-10

0

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