— Diga-me, Edgar tem maltratado você? Soube da maneira terrível que ele a tratou no primeiro dia como rei — Roderick parecia tirar o peso da alma ao fazer tais indagações. A princesa ficou alguns instantes em silêncio, ponderando o que deveria dizer ao cavaleiro. Se Edgar queria que Roderick acreditasse que Elise estava sendo maltratada, certamente não deixaria dúvidas.
— Não Sir — respondeu educadamente — vossa majestade tem sido gentil e compreensivo comigo com a exceção daquele dia em questão, nunca mais sofri qualquer tipo de maltrato por parte de Edgar.
— É assim mesmo? — insistiu, mostrando um pouco de descrença.
— Sim — o cavaleiro lhe lançou um olhar ressabiado, mas não persistiu no assunto. Ficou em silêncio, observando a princesa trabalhar. Passado alguns instantes, Roderick falou novamente:
— Para uma princesa, não parece tão incomodada com a situação.
— Se o rei e minha família ordenam, eu o faço — disse mecanicamente.
— Não quer que eu acredite que está feliz com a situação — prosseguiu, aproximando-se mais da Elise que fechou e abriu os olhos lentamente.
— Aceitar minha situação não significa que estou feliz com ela — retornou — assim como quando o Sir perde uma justa e deve se contentar com ela — disse em tom jocoso irritada pela insistência do homem.
— Quem lhe disse que perdi uma justa? — disse com um sorriso travesso. Elise arqueou a sobrancelha.
— Tenho certeza de que já perdeu.
— Já me viu lutar alguma vez?
— Bem… Não. Mas já vi Godfrey lutar e tenho certeza de que ele o derrotaria — a sua afirmação fez o cavaleiro rir, soltando silvos de riso.
— Ele nunca me venceu. Diz isso porque tem interesse nele — o cavaleiro disse num tom sugestivo, fazendo Elise corar de vergonha.
— Como pode dizer algo assim?
— Sempre a vi perseguindo Godfrey quando pequena e quando ele mencionou protegê-la enquanto Edgar e eu verificamos o ocorrido, seus olhos brilharam.
— Está alucinando — disse irritadiça, levantando-se da mesa para tomar distância.
— Veja só, parece que a princesa consegue sentir raiva — ele observou divertido.
— O que quer dizer?
— Você é como um cão adestrado, dócil para os donos, obedecendo ordens sem demonstrar qualquer emoção. Me pergunto quando finalmente verei a sua real natureza, sem se esconder atrás de palavras polidas e gestos pensados.
— Ao contrário de cavaleiros como o Sir, não posso me dar ao luxo de transparecer minha raiva — respondeu de imediato.
— Pessoas como você que reprimem os sentimentos ruins tendem a explodir da pior maneira possível e quando isso acontece prefiro estar seguro em uma justa com a espada na mão — apesar do tom brincalhão, Elise sentiu que o homem falava seriamente.
— Isso não vai acontecer porque canalizo minha raiva em outros afazeres, como quando cozinho.
— Me lembre de nunca comer sua comida, não quero morrer envenenado — disse em tom de zombaria. Elise puxou o ar tentando manter o controle.
— Você é irritante — disse entredentes.
— Edgar também diz isso — comentou entre risos que pararam abruptamente. Ele olhou para Elise com os olhos cintilantes — E quanto a Edgar? Você tem interesse nele?
— O quê? — indagou, chocada com a pergunta. Mas que homem intrometido! As palavras de Roderick a atingiram como uma flecha, mas ela as afastou com um sorriso tenso. Ele não sabia nada, claro. Ainda assim, por que a ideia de Edgar persistia, como uma sombra em seus pensamentos? Aquilo era ridículo. Inaceitável
— Você entendeu minha pergunta. Tem interesse nele?
— De onde tirou isso? — perguntou, ainda tentando processar a pergunta. Ela, interessada em Edgar? Mas que grande insensatez! Como poderia se interessar por um homem como ele, sempre tão frio e distante?
— Apenas uma suposição — respondeu lacónicamente, contudo, seus olhos brilhantes diziam outra coisa.
— Ele é o meu rei. Não há nada mais nisso — rebateu, com a voz firme.
— Não há mesmo? Já ouvi falar de criadas que ganham a atenção de seus mestres...
Elise tentou conter o calor subindo por seu pescoço. 'Esse homem é insuportável', pensou.
— Isso é absurdo.
— Será? Talvez você já tenha visto mais do rei do que gostaria... sem o traje real, quem sabe? — O sorriso malicioso de Roderick se espalhou, e Elise perdeu a compostura. Como ele sabia disso? Seu rosto começou a corar de vergonha. Será que Edgar a viu espionando o interior de seu quarto e mencionou o ocorrido ao cavaleiro? — você realmente o viu sem roupa? — repetiu atônito. Elise pegou um punhado de envelopes vazios e desferiu tapas no homem.
— Saia daqui — disse empurrando-o para fora do escritório — e fique do lado de fora — ordenou, batendo a porta na cara do cavaleiro.
Elise pisou firme no chão, sentindo-se irritada com as insinuações do homem. De onde havia tirado tanta baboseira?
Ela apenas bufou irritada, voltando-se para os papeis que a aguardava em cima da escrivaninha. Quanta baboseira.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Andre Santos
kkkkk.Esse cara é engraçado demais,perturbando a Elise.
2025-02-23
2
Paola
Gente, será que ela não consegue disfarçar não? kkkkkk
2025-03-10
0
Paola
Edgar já viu, até demais kkkkkkkk
2025-03-10
0