capítulo 12

— Edgar, as correspondências do sul chegaram e… — um homem de idade próxima a Edgar adentrou na sala carregando um envelope, logo atrás dele estava uma criada com um balde de água e um esfregão. A empregada espiou pela pequena fresta a situação embaraçosa de Edgar e Elise — cheguei num mau momento? — o homem perguntou, a cara se fechando conforme observava a situação — Estava… batendo na moça?

— É claro que não, ela escorregou no piso molhado — Edgar defendeu-se, abaixando as mãos. Elise se levantou rapidamente, sentindo o rosto corar.

— É verdade, senhor. Eu estava servindo o rei com o chá quando escorreguei no piso — acrescentou timidamente, contornando a mesa para recolher os cacos de porcelana.

— Elise, pode deixar que outra empregada irá limpar. Pode se retirar — o rei solicitou, deixando um suspiro profundo escapar. Ao passo que sua reputação de homem cruel poderia ser um bom indicador no sucesso de seus planos, não poderia deixar de se preocupar em exceder os limites de Elise como na última vez. Se arrependia amargamente da situação.

Ele gostaria de dizer que havia tomado altas doses de álcool a caminho do palácio e que sua cabeça estava sendo bombardeada por informações alarmantes a respeito da segurança do norte, mas ainda assim, tais justificativas não seriam o suficiente. Nada seria o suficiente para redimi-lo aos olhos de Elise, ele bem sabia.

Assim que Elise saiu do cômodo, o homem com as cartas adentrou enquanto a criada ficou parada na soleira da porta sem saber o que fazer. Ao notar a indecisão da moça, Edgar optou por dispensá-la, afinal a conversa que teria não deveria sair da sala.

—  Diga a verdade, Edgar, está namorando a moça? — o homem insistiu, os olhos semicerrados.

— E por que pergunta?

— A situação que vi só pode ter dois contextos plausíveis, no primeiro contexto estava batendo nela, no segundo vocês estavam praticando algum fetiche estranho de dominação.

— Já lhe disse, Roderick, não irei repetir a história novamente. Podemos voltar ao assunto da carta? — perguntou impacientemente.

— Como desejar. O relatório de Lorde Willian apresentou pequenas divergências com o seu antecessor. William diz que as colheitas são fartas e que apesar das chuvas intensas, as plantações prosperam, já Lorde Roger diz que devido às chuvas intensas, plantações inundaram e solicitou um valor alto dos cofres reais para atender a população.

— Agende uma reunião com ambos os lordes e traga evidências contundentes para descobrirmos quem mente — ordenou, recebendo as cartas para depois analisá-las. 

— Quando pretende voltar ao norte? Os bárbaros souberam de sua saída e receio que considerem que há uma falha em nossa defesa — ele não julgava a curiosidade do cavaleiro. Ele mesmo estava ansioso para retornar às suas terras, contudo haviam questões superiores que o prendiam na capital, estava na hora de revelar ao seu braço direito. 

— Preciso te mostrar algo — Edgar se levantou e procurou por um pedaço de papel muito antigo. Era a carta do falecido rei que foi entregue a Roderick para que a lesse..

— O falecido rei me deixou essa carta antes de morrer. Ele sabia que George iria recuar diante as obrigações, mas temia que outros assumissem o reino. Existe a possibilidade de uma conspiração guiada pelo irmão exilado do rei Petersson.

— E ele sabia que você iria fazer Elise de empregada? — o outro retornou, franzindo o cenho. Edgar deu de ombros.

— Ele me disse que eu deveria fazer de tudo para que George assumisse o reino, evitando disputas pelo trono.

— Admita que no fundo gosta de ter Elise lhe servindo — Roderick pontuou, cruzando os braços.

— O que te faz pensar isso?

— Já olhou para suas calças? — Edgar estava confuso com a observação de Roderick, de maneira que seus olhos se abaixaram, se deparando com um volume avantajado. Droga. O cavaleiro riu.

— Apenas saia e cumpra as minhas ordens — ladrou irritadiço, sentando em sua cadeira e voltando-se para os documentos à sua espera. 

— Às suas ordens, majestade — disse entre risos e saindo do cômodo. 

Sua majestade. Ainda era difícil se acostumar com a ideia, esperava ansiosamente pelo dia em que poderia retornar para as suas terras e voltar a ser o duque frio e indiferente de sempre. Sem questões governamentais, sem mentiras a serem desmascaradas e falsos aliados. 

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Comments

Paola

Paola

Autora que que isso, não tava preparada não. 🫣

2025-03-10

2

Paola

Paola

AH NAO KKKKKK por essa eu não esperava

2025-03-10

1

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