O campo de treinamento era uma desordem total. Homens de armadura aglomeravam-se ao redor de dois homens assistindo o desenrolar de uma briga que só cessou com a chegada do rei. Ao avistar a cena, Edgar ficou perplexo. Um homem segurava o braço esquerdo decepado e a mão estava caída no chão. O rei admirou a força do cavaleiro, pois mesmo sofrendo de um grave ferimento, continuava em pé e disposto a lutar se assim fosse necessário.
Quando avistaram a figura do rei se aproximando, o homem logo se adiantou para o rei como uma criança em busca da mãe para defendê-lo.
— Vossa majestade, ele me insultou.
— E isso justifica cortar minha mão, filho de uma meretriz? — o outro ladrou de volta como um cão feroz.
— Que tipo de insulto foi, Sir Arthur? — Edgar indagou, voltando-se para o cavaleiro.
— Ele disse que minha esposa estava me traindo…
— Todos sabem disso, menos você — alguém da multidão lançou.
— O corno é sempre o último a saber — outro murmurou. Os comentários instauraram uma desordem de risadas e silvos debochando de Sir Arthur.
— Silêncio — a voz de Edgar reverberou, silenciando a todos de imediato — Sir Arthur decepou a mão do homem que insultou a sua virilidade?
— Poderia perdoá-lo se assim o fosse, mas jamais poderia deixar que insultasse minha esposa. Ela é uma mulher honrada…
— Me poupe de discursos apaixonados. Pouco me importa se é corno ou não, se sua esposa é uma prostitua ou uma santa. O sir decepou a mão de um de meus homens, não deve sair impune — o cavaleiro abaixou os olhos. Edgar se virou para o cavaleiro com a mão decepada — acaso consegue segurar a espada?
— Sim.
— Consegue aplicar um golpe?
— Sim — respondeu levemente confuso
— Corte a mão de Sir Arthur, assim ambos ficarão igualados.
— Isso é uma sentença cruel, não está prevista na lei… — um homem de meia idade gaguejou, mas Edgar o interrompeu de imediato.
— Enquanto eu for o rei, eu sou a lei máxima e não posso ser contestado. Se odeiam como governo e dito regras, culpem o príncipe George por tal destino maldito — anunciou irritado, virando-se para partir do local.
— Vossa majestade, eu lhe imploro por misericórdia… — Sir Arthur ajoelhou no chão, segurando a capa do rei.
— Deveria ter pensado nisso antes de cortar a mão de um dos meus melhores homens — respondeu friamente — se continuar insistindo, pedirei para deceparem outra coisa — após as palavras frias e cheias de indiferença, o homem soltou a capa de Edgar que retomou sua caminhada de volta ao escritório.
— Uma decisão sábia — Godfrey comentou após tomarem uma distância da aglomeração de cavaleiros.
— Pouco me importa se foi justa ou não. Que esses soldados compreendam que os nortenhos não são inferiores a eles — respondeu mal-humorado. Era uma situação infeliz que havia acontecido e que poderia facilmente ter sido evitada se o homem em questão não fosse um brutamontes sanguinolento. Homens como ele podiam ser necessários na guerra, mas em tempos de paz causavam desordem e confusão. — como tem estado minha popularidade em relação aos soldados?
— Muitos o admiram e o temem. Estão satisfeitos com o seu governo — Edgar bufou descontente com a informação.
— Como ser o rei que odeiam sem prejudicar o reino? Pensei que ao tomar Elise como empregada minha popularidade seria baixa. Como podem gostar de mim?
— Não sei, mas estão dispostos a lutar por você…. Quanto a Elise…
— Ela está segura ao meu lado, se deseja saber — interrompeu prevendo o discurso que se seguiria.
— Fico feliz em saber disso, contudo, outra coisa me preocupa — iniciou cuidadosamente, atraindo a atenção de Edgar.
— Prossiga.
— Os empregados vêm murmurando que a vossa majestade e ela estão tendo um caso.
— Um caso? — repetiu, atônito — de onde surgiu uma coisa dessas?
— Bem, vossa majestade e Elise compartilham quartos conjuntos e nunca aparecem em banquetes desde a coroação, além de que houve um episódio em que uma empregada avistou Elise em seu colo — disse lentamente, observando a reação de Edgar.
— Ah sim… Isso — murmurou, relembrando-se do momento. Não foi uma situação desagradável, verdade fosse dita. Muito pelo contrário. A simples menção a lembrança fazia o seu corpo reagir. Edgar suspirou profundamente — apenas acabe com esses rumores infundados. Assim que George retomar o poder, Elise estará livre para se casar com um nobre qualquer. Como deve ser.
— E se não desejarem desposá-la devido aos rumores? — insistiu.
— Então talvez eu deva me casar com ela? — sugeriu, deixando uma risada escapar.
— Você? — o cavaleiro disse espantado.
— E por que não? Certamente não pensa que ela se casaria com você — Edgar retornou. Ele desconfiava do interesse de Godfrey por Elise, contudo precisava deixar claro que era um amor impossível.
— Talvez ela se case comigo, somos próximos desde quando éramos pequenos. Elise me adora — disse num tom desafiador. Edgar riu.
— Se casamentos fossem organizados apenas pelo amor, alianças nunca seriam feitas — Edgar parou subitamente e encarou Godfrey — posso lhe dar terras, riqueza e um título de cavaleiro, mas jamais poderei te dar o prestígio necessário para se casar com uma princesa — o rei retomou o seu caminho sendo seguido por um Godfrey de expressão fechada.
Os dois homens se dirigiram ao gabinete real quando avistaram a figura de Roderick sentado no chão.
— O que está fazendo aí no chão? — Edgar indagou, parando em frente ao homem.
— A princesa me expulsou — reclamou.
— E o que você fez para Elise te expulsar? — o rei perguntou astutamente.
— Absolutamente nada — respondeu em um tom inofensivo.
— Eu disse que deveria ter ficado com ela — Godfrey se pronunciou, atraindo a atenção de Edgar que apenas arqueou a sobrancelha e ladrou:
— Prefiro do jeito que está.
— Espere, todos estão competindo pelo coração de Elise? — Roderick perguntou, levantando-se de imediato — se for assim, também quero participar — o cavaleiro recebeu um olhar gélido dos dois homens e voltou a se sentar silenciosamente — tudo bem, acho que entendi o recado.
— Irritante — Edgar murmurou.
— Elise também disse isso — o cavaleiro comentou, ficando com a cara emburrada.
— E não seria diferente. Os dois estão dispensados — Edgar anunciou, adentrando no escritório.
— Já lhe disse para não entrar…. Edgar? — Elise exclamou surpresa ao notar a figura do rei parado na soleira.
— Pensou que fosse Roderick? — Elise anuiu em concordância timidamente — o que ele disse para você? — a princesa corou e desviou o olhar.
— Nada importante. Ele é apenas…
— Irritante? — sugeriu com um pequeno sorriso.
— Exatamente — concordou — e quanto a briga?
— Apenas uma discussão boba e supérflua. Nada digno de seu interesse — respondeu, acomodando-se na mesa. Queria poupar Elise de relatos sanguinolentos e terríveis — bem, hora de voltar ao trabalho.
Após a sugestão de Edgar, não houve mais troca de palavras. A sala foi envolta de um silêncio profundo e reconfortante. Gradualmente, os pensamentos aterradores de Elise acerca dos comentários do cavaleiro logo se dissiparam e por fim concluiu ser apenas uma brincadeira de mau gosto e que Edgar não desconfiava de absolutamente nada. Tranquilizada, Elise destinou toda a sua atenção nas tarefas a serem realizadas. Parecia uma maneira inteligente de tentar esquecer as intrigas plantadas por Roderick.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Paola
Gente, tá claro como a água que ele tá apaixonado por ela. só não vê quem vai querer
2025-03-10
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Paola
Todos brigando pelo amor de Elize kkkk
2025-03-10
0
Paola
Aí gente,tô rachando de rir KKKKKK
2025-03-10
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