capítulo 14

O sol havia sido substituído por uma lua brilhante e redonda que adentrava furtivamente por entre frestas, jorrando seus raios pálidos no interior do palácio. Elise avistou a bela noite que se estendia afora, atraindo a sua atenção. Ela parou por alguns instantes para admirar a paisagem antes de retornar aos seus afazeres.

Mesmo que Edgar não insistisse para que preparasse suas refeições, especialmente as noturnas, Elise não se importava de o fazer. Gostava de visitar a cozinha e beliscar quitutes recém saídos do forno.

Caminhando pelos extensos corredores, ela se deparou com um lugar bem conhecido. A luz quente que emanava do cômodo no fundo do corredor era convidativa, alegre e tentadora. Com passos ágeis, se aproximou da entrada lateral, onde avistou o grandioso salão de banquetes. O salão gigantesco e iluminado acomodava uma quantidade considerável da nobreza que estava entretida em sua própria algazarra, com comida e bebida abundante e uma música alegre ressoando, misturando com as conversas e risadas.

Os olhos de Elise percorreram pelo salão até se depararem com uma figura mais do que familiar. Seu irmão estava acomodado nas mesas mais distantes e rodeado por outros jovens de sua idade. Ele sorria e erguia a taça de cobre em suas mãos para depois despejar a bebida em seus lábios. Elise apertou as alças de sua bandeja com força o suficiente para os nós de seus dedos ficarem brancos. Enquanto ela era empregada, George ria e brincava, partilhando de refeições deliciosas e requintadas das quais ela participava do preparo. Era difícil não sentir raiva do irmão.

Contudo, Elise prezava pela sua família mais do que qualquer outra coisa, sabia que se revelasse os planos de seu irmão este sofreria consequências severas e provavelmente abalaria sua relação com Georgina e Roselia. Além de que por mais que George apresentasse inúmeros defeitos, ainda era o seu irmão e jamais se esqueceria dos momentos fraternos compartilhados.

Tentando ignorar o desconforto que sentia e controlar os seus demônios internos, a princesa retornou ao seu caminho quando uma figura surgiu à sua frente.

— Elise — o homem a cumprimentou sorridente. Os olhos de Elise ficaram grandes e alegres ao avistar o cavaleiro. Há muito tempo se perguntava onde estaria o seu amado, contudo, mesmo percorrendo pelo palácio, jamais o avistava e isso a deixava depressiva e chateada. Queria aproveitar cada minuto ao lado dele.

— Godfrey — disse num suspiro. Era sempre bom vê-lo. Seu coração disparava e ondas eletrizantes passavam pelo seu corpo.

— Está levando a comida do rei? — indagou ao avistar a bandeja de prata em suas mãos.

— Sim, ele espera pelo jantar… Como você está? Faz tempo que não te vejo — comentou, tentando tirar a atenção de Edgar. Gostaria de ter uma conversa com o cavaleiro sem a figura opressora do duque.

— Estou treinando junto com os outros guardas, sempre que quiser pode vir me visitar — disse gentilmente, acariciando o rosto de Elise. Aquilo fez seu coração bater ainda mais rápido.

— Eu farei — prometeu. Estava prestes a iniciar uma conversa agradável quando uma voz estridente a interrompeu.

— Godfrey! Estou te esperando para a nossa dança…. — Charlotte cantarolou. Ela estava próximo ao arco de entrada, mas ao que parecia ela não avistou Elise, assim como Elise não a avistou.

— É melhor você ir — a princesa disse, forçando um sorriso.

— Nos veremos em breve — Geoffrey se despediu, voltando para dançar com Charlotte.

Elise retornou ao seu caminho original, sentindo-se deprimida. Ao que parecia o cavaleiro parecia estar interessado na jovem dama e era algo mútuo. Seu coração batia lentamente, como se tivesse sido gravemente ferido. Se ela ao menos ainda fosse princesa, quem sabe ao declarar o seu amor Godfrey considerasse um casamento? Estaria numa posição muito avantajada e invejável. Era por essa razão que ainda não havia se declarado ao cavaleiro. O medo da rejeição devido a sua atual posição social.

A princesa adentrou nos aposentos reais com os passos arrastados e um semblante triste. Ela tentou dispersar as reflexões que nublavam o seu humor ao se ocupar em servir o jantar do rei, colocando cada aparelho de jantar com um cuidado especial. A atenção aos detalhes a fazia esquecer de pensamentos obscuros.

Assim que estava tudo pronto, Elise caminhou para a porta que separava a ante-sala do quarto de dormir de Edgar. Quando se aproximou, escutou um barulho estranho, algo como… Gemidos.

Naquele momento, achou melhor se distanciar e evitar qualquer cena constrangedora, contudo…. Sua curiosidade falava mais alto. O que Edgar estaria fazendo no quarto? Qem sabe praticasse algum exercício? Fazia algum tempo que ele não saia para o pátio treinar, talvez aproveitasse do pouco tempo livre que tinha em seu quarto para o fazer. De todo modo, Elise estava curiosa e em momentos como aquele, tentava procurar justificativas para o injustificável.

Aproveitando-se de uma fresta em que revelava um pouco do interior parcialmente iluminado para espiar. Apesar da baixa iluminação, avistou a figura de Edgar deitado na cama, seus olhos estavam fechados e a boca semi aberta por onde gemidos e grunhidos baixos escapavam. Ele estava nú, revelando o corpo tonificado e musculoso. O peitoril másculo tinha uma porção de pelos negros encaracolados.

Os olhos de Elise desceram ainda mais, deparando-se com o membro rijo de Edgar. Seus olhos se esbugalharam. A mão esquerda estava fechada sobre o seu membro, subindo e descendo, sua respiração era irregular. Por algum motivo, ao avistar a cena, Elise sentiu uma formigação entre suas pernas. Ela engoliu em seco. Queria desviar o olhar rapidamente, manter o pouco de integridade que ainda restava, mas simplesmente não conseguia. Parecia estar hipnotizada.

Edgar soltou um grunhido profundo e então um líquido pegajoso e branco escapou de seu membro. Ele permaneceu mais algum tempo acomodado na cama até se levantar e procurar pelo seu robe azul de seda marinha.

Rapidamente, Elise se esquivou da porta e com passos apressados,voltou-se para a mesa de jantar, fingindo acomodar o resto dos alimentos. Pouco tempo depois, Edgar adentrou no cômodo.

— Elise? — disse surpreso ao avistar a figura da mulher sobre a mesa. A princesa abriu um pequeno sorriso, tentando disfarçar o embaraço.

— Estava prestes a chamá-lo para jantar — disse, afastando-se da mesa.

— Obrigado — agradeceu, sentando-se. Ele começou a se servir dos alimentos dispostos. A princesa fez menção de se retirar, quando ouviu a voz de Edgar a chamando. Ela se virou — você… notou alguma coisa estranha quando chegou? — indagou furtivamente. A princesa rapidamente negou com a cabeça. Estava ciente que Edgar tentava sondá-la para descobrir se ela sabia o que se passava em seu quarto de dormir — certo, pode se retirar.

Elise caminhou para o seu próprio quarto estirando-se no sofá deixando escapar um suspiro de alívio. Felizmente não havia sido descoberta. O cansaço que sentia antes de iniciar a sua jornada aos aposentos do rei se dissiparam de imediato com a cena que avistou e que a atormentava. Novamente o mesmo formigamento. Ela virou o rosto, tentando conter a vergonha. O que Edgar diria se descobrisse que ela o espionava? Ou pior, o que ele faria?

Ela fechou os olhos com força e tentou afastar a cena embaraçosa que assistiu. 

— Maldição — murmurou para si mesma, ao passo que se levantava e se dirigia para a sala de banho. 

Enquanto estava imersa na água floral de temperatura morna e agradável, refletiu sobre Godfrey e seu relacionamento com Charlotte. Ela suspeitava que a dama nutria sentimentos pelo homem, mas não sabia dizer se eram recíprocos. De todo modo, não queria perder a chance de estar com o homem que amava e se fosse necessário, lutaria pelo seu amor.

Quem sabe no dia seguinte não procurasse por ele?

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Comments

Paola

Paola

minha filha, se ele gostasse mesmo de você já teria se declarado, te manca

2025-03-10

0

Paola

Paola

Gente, imagina se ele descobre que ela tava espionando ele? KKKKKKK

2025-03-10

0

Paola

Paola

Não gosto dessa Charlote nem a pau

2025-03-10

0

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