ZACH.

Enquanto dirigia, o motor rugia suavemente. Minha atenção se concentrava na estrada e na Jade, que me fascinava de uma forma intensa. Durante o mês em que ela me perseguia para uma entrevista e eu a ignorava, lutava contra uma atração irresistível. Agora, não conseguia mais conter esse sentimento, como uma represa que não suporta a força da água após uma tempestade. O perfume dela, seu jeito provocante, tudo isso a tornava irresistível. Eu não sabia como lidar com isso.

— Parece que está fechado — comentou, os olhos curiosos explorando o salão vazio através da vidraça à nossa frente.

Eu somente dei de ombros, tentando parecer despreocupado.  

— Pedi exclusividade — respondi, empurrando-a levemente, como se fosse algo normal.

Na noite anterior, quando minha mãe conseguiu se controlar, coloquei Lucy para fora e, de repente, me vi ligando para Arnold. Não sei por que fiz isso. Passei a mão pela barba bem aparada, pensando em como parecia um idiota por gastar dinheiro para impressionar uma garota com quem não pretendia namorar.

Abri a porta e lancei um olhar rápido para Jade. Seu cenho franzido denunciava confusão.  

— Só estava tentando ser gentil.

Não conseguia entender o que ela sentia; suas atitudes me deixavam confuso. Estava flertando ou somente sendo irritante?

O sofá branco encostado na parede, com o nome do joalheiro em dourado, e um balde de gelo com champanhe francês pronto para brindar e registrar o novo casal.

— Bem-vindos! — A voz suave do joalheiro nos fez virar.

Era Arnold Portinari, vestido com um terno sob medida, relógio e anéis de ouro, pronto para me fazer gastar uma fortuna em um anel.

— Esta é minha noiva, Jade Thompson — anunciei com um toque de orgulho, colocando minha mão na cintura dela.

— Que sortuda! Você tinha razão, seus olhos são lindas esferas de jade.

— Modéstia à parte, eu sempre tenho razão — me gabei, sentindo um orgulho crescer dentro de mim.

— Não acredite nele, senhor! — A voz dela era melodiosa e, para minha irritação, o homem sorriu encantado.

A risada melodiosa dela fez Arnold sorrir ainda mais.  

— Senhor? — Ele colocou a mão no coração, fazendo uma expressão exagerada de ofensa. — Por favor, me chame de Arnold ao seu dispor — ele fez uma reverência exagerada.

Jade assentiu e ele abriu a caixa, revelando um deslumbrante anel.

O homem, de estatura média, precisava olhar para cima enquanto falava comigo, descrevendo o anel como uma peça única, com um design floral delicado em ouro branco. No centro, uma esmeralda verde brilhava, cercada por diamantes dispostos em forma de flor de oito pétalas, cada pétala sendo um diamante em formato de marquise. A esmeralda se destacava com seu brilho intenso. A banda do anel era lisa e polida, conferindo elegância à peça.

— Vou deixá-los à vontade por alguns instantes.

Quando ficamos sozinhos, ela perguntou:  

— Quantos quilos tem essa pedra?

— Sou um astro do futebol americano e ninguém vai acreditar que estamos noivos se for uma pedra mixuruca.

— Eu ainda tenho escolha? 

O olhar dela fixou-se no anel com um misto de ansiedade e encantamento.  

— Acho que não! — respondi, sentindo a tensão no ar. Seus olhos eram um mistério profundo que eu ainda não conseguia decifrar.

— Deixa eu colocar.

— Não precisa! — Ela tentou retirar a mão, mas agiu rápido. Com um gesto decidido, peguei o anel e deslizei-o em seu dedo.

Meu coração disparou como se estivesse a trinta jardas para vencer um campeonato. A falta de ar me envolveu; minhas mãos suaram e a puxei para perto, enquanto seus olhos pareciam me hipnotizar. Com um sorriso, inclinei meu rosto em sua direção, quase tocando seu rosto.

Ela piscou e nossos olhares se cruzaram.  

— Você se arrumou tão linda assim para seu noivo? — Minha voz saiu rouca, intensa.

Ela abriu a boca, mas nenhum som escapou.

— Não consigo parar de pensar no tipo de acidente que você teve que resolver para me deixar esperando. Confesso que a frustração que sentia pela sua demora desapareceu assim que te vi! Minha mente se encheu de imagens: roupas espalhadas pela cama, várias tentativas até chegar à escolha final.

Um fio de cabelo escapuliu do coque dela e dançou sobre meu rosto. O aroma dela, uma mistura delicada de lavanda e baunilha, me embriagou. Ela abriu a boca para falar, mas antes que as palavras pudessem sair, eu a beijei.

Minhas mãos deslizaram suavemente pelo tecido que cobria sua cintura.

Ela levantou as mãos e agarrou meus ombros, puxando-me para mais perto, enquanto nosso beijo se tornava cada vez mais apaixonado.

Os passos pesados do joalheiro interromperam nosso momento, trazendo-nos de volta à realidade. Ela me beliscou o braço. Esfreguei o local, fazendo beicinho.

— Você me beijou? — protestou em um sussurro confuso.

— Você estava gostando — respondi com um sorriso satisfeito.

— Não estava — mentiu descaradamente.

— Você deveria ter me parado — murmurei.

O rosto dela ficou vermelho e ela trincou os dentes, virando-se para o proprietário da loja, que agora nos observava com interesse.

— Está um pouco largo — disse ele, examinando a mão dela com atenção. Ela sorriu encantadoramente.

— Não se preocupe. Vamos ajustar isso para sábado. É um dia especial, não é? — A voz aveludada do homem fez meu estômago estremecer; enfiei as mãos no bolso para conter a vontade de tirar as dele da dela.

O sorriso dele era exagerado, quase forçado. Não conseguia decidir se ele estava genuinamente interessado em Jade ou somente tentando me provocar. Uma onda de preocupação tomou conta de mim ao perceber os sentimentos contraditórios que ela despertava em mim.

Depois das fotos, agradecemos e eu segurei sua mão enquanto a conduzia para fora da loja.

— O que tem sábado? — perguntou num sussurro curioso.

— Nossa festa de noivado.

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