JADE.

Continua...

Você não sabe nada sobre mim e está me julgando só porque todos os jogadores estão pegando geral. Não sou um canalha, apenas uma pessoa comum que deseja viver em harmonia com minha namorada.

 Solto uma gargalhada sem humor, como se estivesse me divertindo, e ele se irrita. 

 — Não há nenhum segredo, muito menos mensagens subliminares, sua teórica da conspiração.

— Está me chamando de louca? — Minha voz sai mais alta do que eu pretendia, uma chama de indignação acendendo em mim.

Ele apenas balança a cabeça, num gesto seco e desdenhoso, e se vira, saindo do banheiro. A frustração me consome enquanto enfio a mão na privada para pegar meu telefone.

— Que nojo! — grito de ódio. — Vou me vingar dele, ah, se vou! — murmuro para mim mesma. Ao sair, o vento gelado me envolve, fazendo meu corpo estremecer. O estádio está em silêncio; o único som é um alarme distante que ecoa no meu ouvido. Olho ao redor e não vejo uma alma viva; estou sozinha no escuro. O portão lateral está fechado e o outro está há mais de dez minutos. Meu coração acelera ao conferir o relógio: quase meia-noite.

Lembro-me das palavras de Victoria: a linha do metrô pararia para obras às 11:30.

— Como vou voltar para casa? — A pergunta ecoa em minha mente enquanto um carro esportivo vermelho surge à vista. Paraliso, o coração batendo alucinado; minhas pernas tremem como vara verde.

A porta se abre, revelando Zach, com uma expressão que mistura dor e irritação.

— Você tem carteira de motorista?

— Para que você quer saber? — empino o nariz, tentando manter a postura.

— Tem ou não? — ele insiste.

— Claro que tenho!

— Entra e dirige.

— Eu lá tenho cara de motorista particular?

— Estou morrendo de dor! Só por isso você tem a chance de sair desse lugar em segurança.

Penso bem e percebo que não posso dispensar essa oportunidade.

— Vai pra lá — digo, entrando na porta do motorista. Ele passa para o banco do carona. Um grunhido de dor escapa dos lábios dele, enquanto se acomoda. Eu quase pergunto se ele quer ir para o hospital, mas me lembro do meu filhinho morrendo naquela privada e me recomponho.

— Coloque o cinto — Diz autoritário, estreitando os olhos para ele, mas acabo obedecendo.

Viro a chave da Ferrari SF 90 e o motor ronca, me fazendo tremer. Ele percebe e eu vejo um sorriso de canto. Assim que piso no acelerador, a Ferrari dispara vai de zero a cento e vinte em poucos segundos.

— Você vai nos matar! Estamos em uma Ferrari! — ele grita, segurando-se firmemente no painel.

— Está bom, eu nunca dirigi um carro tão potente — resmunguei, meu coração ainda acelerado pela adrenalina.

— Estaciona — ordena ele com firmeza. Obedeço sem pensar duas vezes. — Tira esse sapato e a meia também.

— Ficou louco, seu descarado?

— Vai te dar mais firmeza!

Trinco os dentes de raiva enquanto me abaixo para tirar o sapato. Ele se vira para me dar privacidade enquanto retiro a meia.

— Pronto! — anuncio.

Ele dá um sorrisinho com um ar satisfeito.

— Pisa de leve e com constância para não dar solavancos. Isso! Muito bem… não tirei o pé do freio!

— Eu só ia me ajeitar… Nossa, nunca dirigi um carro tão macio! Para onde vamos?

— Para minha casa — ele responde casualmente.

— Eu não vou para sua casa!

— É muito mais fácil você conseguir pegar um táxi lá do que aqui.

Fico em silêncio; ele tem razão. Estou sem celular e ficar no estádio é correr todos os tipos de perigos, não é opção.

De repente, o telefone dele toca. Ele retira vagarosamente do bolso e atende:

— Oi, Thomas… Coletiva… Amanhã… Por que eu? Melhor jogador em campo hoje? Sério? Quem avaliou? Pelo meu esforço? Ele é super crítico e bem conceituado… Nossa, obrigada! Ganhei a noite… Não, vou estar lá às 9, né? Certo… No centro de convenções do Hotel Palace prince… anotei! Obrigado!

Ele desliga e uma ideia maliciosa surge na minha mente: amanhã vou me vingar dele!

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