ZACH.

— Vem comigo, vou te tirar daqui! — digo sedutoramente, segurando a mão dela, que faz uma expressão de descontentamento.

Enquanto caminhávamos para fora do hotel, um pensamento estranho passou pela minha cabeça: se eu quisesse conquistar a Jade, eu conseguiria? 

Na verdade, nunca precisei seduzir ninguém. A mulherada sempre se jogou aos meus pés. E nos últimos cinco anos, namorei exclusivamente a Lucy.

Nunca tive interesse em conquistar ninguém. Minha família indicava que queria que eu e Lucy ficássemos juntos, e como não gosto de mudanças, achei que seria ótimo ter minha melhor amiga como namorada.

Estudei administração na Universidade da Pensilvânia e passei todos os feriados com meus pais, devido à minha mãe, enquanto Lucy fazia o mesmo com os dela. Por serem amigos e sócios, estávamos sempre juntos, e durante a faculdade, nos encontrávamos com frequência e sempre acabávamos ficando, mas nada sério. Depois, voltei para casa e pedi-a em namoro. Me acomodei com a mulher que me conhecia e aceitava como eu era, sem reclamar. Será que sei conquistar uma mulher? Essa pergunta estava me incomodando mais do que eu queria confessar.

— Arrogante — diz Jade, olhando para mim com seus lindos olhos verdes.

— Reclamona, parece uma garotinha no jardim de infância — respondo, e ela arregala os olhos.

— Você é realmente um babaca prepotente — ela retruca, sem desviar o olhar, e sinto uma vontade intensa de beijá-la de novo, só para silenciá-la.

— Vou te levar para casa, chatinha. — Ela para. Sinto que estou perdendo essa disputa, pois não consigo vencê-la nas palavras. Por isso, a vontade de beijá-la cresce, desejando que ela se comporte como as outras mulheres, que sorriem e suspiram ao me ver.

— Por que você está chateada?

— Não sabe? — Ela cruza os braços; seu rosto contorcido mostra quanto ela está aborrecida comigo.

— Por que estraguei seu trabalho ontem? — digo, sarcástico.

— Você me deixou em uma situação ridícula na frente do Robert.

— Ele terminou com você, lembra? — Não gostei dela se importar com o tal Robert; me mexi no banco e disfarcei.

— Vamos ficar noivos! Na verdade, íamos antes dele te ver me beijando.

— Foi você quem me beijou, não eu — lembro.

— Isso é só um detalhe sem importância — diz, tentando acreditar na própria mentira.

— Por que você está correndo atrás de uma reportagem?

— Porque senão perderia o emprego e teria que voltar para a casa dos meus tios — ela confessa em uma fração de vulnerabilidade.

— Se seu namorado tem um bom emprego e mora em um apartamento bem legal!

— Como você sabe disso? — levanto o celular. Assim que o cara se aproximou dela na coletiva, quis saber quem era ele.

— Porque não quero depender de homem algum e também… 

— Também? — Com certeza o assunto é delicado, então não vou facilitar para ela.

Ela limpou a garganta. 

— Nosso relacionamento não chegou a esse nível.

— Você é de outro planeta ou o quê? — brinco. O rosto dela fica tão vermelho que temo que ela exploda.

— Quero me casar virgem, dá licença?

Não consigo conter o riso, e ela me dá um soco no braço. Meu coração dispara e me sinto estranhamente vivo.

Vou diminuindo a velocidade até parar em frente à casa dela. Fico parado olhando para ela. Não sei o que me levou a isso. Ela levanta uma sobrancelha; seu aborrecimento é evidente. Por que ainda a encaro? Limpo a garganta. 

— Está entregue, destravou a porta. Tenho que te buscar à noite para assinarmos o contrato. 

Jade, sem dizer uma palavra, pega sua bolsa e sai, sem um “está bem” ou “obrigado”. Ela se vira e sobe as escadas. Espero que ela entre antes de ligar o carro e ir embora. De repente, estou muito irritado para ir para casa e ficar sozinho. Decidi passar na casa do Thomas. Ele me mandou mensagem convidando para assistirmos a um jogo de basquete com Matt e Kevin. Na hora, disse que não estava afim, só queria que aquela entrevista acabasse, e a Jade facilitou as coisas. Olho para o celular e vejo várias ligações e chamadas de meu pai, torno a colocar no bolso antes de tocar a campainha. Nem trinta segundos se passam e Thomas aparece com um moletom e a camisa do time de basquete favorito.

— O que está acontecendo com você e a jornalista? — Meu amigo pergunta, bloqueando a passagem na porta.

— Por que você acha que tem algo entre nós?

— Tá brincando, né? Vocês protagonizaram uma cena digna de cinema.

— Tem algo normal na minha vida? Lucy me deixou, meu joelho está uma droga, meu pai acha que sou um frouxo por não suportar uma dorzinha, e a Jade, que aparece do nada em lugares inesperados.

— E só dá a entrevista para ela e ela te esquece. Disse isso desde o começo.

— Que gênio! — bato levemente na nuca dele, e ele revida com um soco no meu ombro, mas depois passa o braço pelo meu pescoço.

Seguimos para a sala de cinema, tentando parecer descontraídos: Thomas, Matt, Kevin e eu. Somos amigos desde o primeiro dia da faculdade, jogamos juntos por lá e depois nos Eagles.

— E aí, cara! — cumprimento ambos com um aperto de mão barulhento e me jogo em uma poltrona confortável.

— Pensávamos que você não viria — um olha para o outro, como se eu e a jornalista fôssemos o assunto do momento.

— Por que não viria? — pergunta curioso.

— Não sei, aquela garota te deixou diferente… — Matt dá de ombros, como se isso explicasse tudo.

— Ela até te beijou — Kevin completou — E que beijo.

— Nada a ver, foi só um beijinho. 

— Um beijinho? Cara, aquilo foi um beijão! Nunca te vi abraçar uma garota assim! — Kevin está empolgado, na verdade, os três estão empolgados. Será que meu relacionamento com Lucy estava tão sem graça assim?

— Acho melhor vermos o jogo ou vamos ficar perdidos — desconverso, tirando o foco de mim.

Por mais que eu tente, não consigo me concentrar no jogo. A cada movimento, sinto o perfume dela que ficou nos meus braços. Fecho os olhos, suspirando. Talvez Thomas tenha razão. Se eu der uma entrevista para a encrenqueira, ela pode me deixar em paz, e isso seria maravilhoso, não é?

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