o reflexo do controle.

Capítulo 19 – O Reflexo do Controle

Era mais uma manhã na escola, mas o ambiente, para Dante, estava completamente fora de lugar. Seus colegas de classe, que sempre o viam como um ícone de beleza e popularidade, agora o encaravam com olhares desconfortáveis. As marcas em seu rosto e nos braços, deixadas pela punição do dia anterior, eram visíveis, e ele sentia os olhares penetrantes enquanto passava pelos corredores.

"O que aconteceu com você?" alguém perguntou, com um tom preocupado.

"Tá tudo bem?" outra voz surgiu, mais cautelosa.

Mas Dante, com a expressão impassível, não respondeu. Ele sabia que o que quer que dissesse, não mudaria o que todos estavam vendo. As marcas não eram apenas externas, elas estavam em sua alma agora, e ele não conseguia mais esconder isso.

Ele usava sua habilidade em manipular a situação. Encarou o grupo de amigos que o rodeava, forçando um sorriso frio.

"É só um acidente, nada demais," disse com um tom monótono, fazendo um gesto como se as perguntas não tivessem importância. "Esqueçam isso."

Ele manipulava, mas no fundo, cada palavra fazia com que ele se sentisse mais distante de tudo ao seu redor.

Mas o que realmente pesava em seu peito não era o olhar de compaixão dos outros, nem os sussurros pelas costas. Era a falta de controle. Ele, que sempre soubera como se impor sobre todos, agora sentia como se estivesse sendo arrastado por forças além do seu domínio. Não era mais ele quem estava no comando. As peças não estavam mais em suas mãos.

Por mais que tentasse ignorar, a verdade começava a se desenhar em sua mente, dolorosa e implacável: era Ethan quem lhe dava controle. Ethan, que sempre foi seu escudo e sua força, era a âncora que o mantinha em pé, mesmo quando ele se perdia. Mas, agora, Ethan estava distante, estava em sua própria vida, com a esposa, a filha, e uma realidade que não tinha mais espaço para Dante. Isso o consumia de dentro para fora.

Ele olhou para os outros alunos ao seu redor, seus amigos, e por mais que tentasse mostrar segurança, algo dentro dele quebrava. Quem ele era agora? O que ele estava fazendo com tudo que ele tinha sido até então?

O que mais doía, mais do que os hematomas e a dor física, era saber que Ethan não estava ali para protegê-lo. O irmão, que sempre foi sua rocha, agora não se importava mais.

No fundo, Dante queria voltar ao passado, quando ainda podia contar com Ethan, quando ainda havia aquele vínculo entre eles, aquele sentimento de que ele nunca estaria realmente sozinho. Mas agora, essa certeza estava se dissipando.

Era estranho. Por que aquela casa parecia estar fora de controle agora? Ele se questionava enquanto andava pelos corredores da escola, sua mente turvada pelas lembranças, pela frustração. Tudo sempre deveria ser assim… a família dele deveria estar assim… em suas mãos. Ele sempre soubera como controlar tudo, como impor sua vontade, mas agora… não havia mais poder. Nem sobre a família, nem sobre Ethan. Era como se ele estivesse se afogando.

Ele olhou para o horizonte da escola, para as árvores que balançavam suavemente com o vento, e por um momento se sentiu vazio, completamente deslocado. Dante não sabia mais quem ele era. Ele queria gritar, queria quebrar tudo, mas não tinha mais forças.