— Não deveríamos estar aqui. O que Anton está fazendo?
Carmelita falou nervosamente, andando de um lado para o outro. Sua ansiedade era palpável, e suas ações me deixaram igualmente. O que diabos estava acontecendo? Meus pensamentos estavam um turbilhão, e o medo pairava sobre nós.
— Anton quer ser o rei, Ziam está muito longe daqui. Como posso avisá-lo? Como digo a meu pai o que ele está fazendo?
Carmelita se dirigiu até a sacada e eu a segui, observando o horizonte enquanto o sol começava a se pôr. Minhas lágrimas escorreram quando fechei os olhos, sentindo o peso da situação.
— Vou sair quando anoitecer. Deve haver um jeito de escapar do castelo, Anton é astuto, mas algo ele deve ter deixado passar
Carmelita disse, me abraçando em um gesto reconfortante.
— Tenha cuidado. A viagem de Ziam, a morte do rei, a coroação... Tudo isso me parece muito planejado
comentei, concordando com suas suspeitas. Carmelita nunca gostou de Anton, sempre sentiu sua prepotência e forma injusta de tratar os outros, exceto quando servia a seus interesses. Nada disso parecia mera coincidência.
Carmelita esperou até que a noite caísse, olhando furtivamente para o corredor através de uma fresta na porta.
Ela viu os soldados da guarda pessoal de Anton e rapidamente fechou a porta. Poucos segundos depois, alguém bateu na porta e ela abriu com cautela.
— O rei deseja vê-la. Ele espera pela princesa. Suas bagagens estão sendo trazidas para que possa se preparar para o jantar
o servo anunciou. Uma mistura de raiva e ficou tom conta de mim.
— Ele não é o rei. Ziam é o rei legítimo. O que estão fazendo é traição. Espero que paguem por isso nas chamas de Órion
desabafei, encarando o servo com uma fúria que eu mesma não sabia que tinha.
O servo arregalou os olhos e se curvou, saindo rapidamente dos aposentos. Minha mente estava num turbilhão, cheia de planos e dúvidas, mas pelo menos Carmelita estava do meu lado.
— Se acalme. Vou arrumar um jeito de sair daqui e buscar ajuda. Você não vai se casar com ele
Carmelita assegurou, tentando me acalmar. Eu assenti, agradecida por tê-la ao meu lado nesse momento.
Logo, servos entraram com meu baú, trazendo meus pertences. Um deles era uma jovem, aparentemente um pouco assustada. A mandei ficar enquanto os outros saíram. Ela se curvou diante de mim, com os olhos fixos no chão.
— No que posso ajudar, majestade?
ela perguntou timidamente.
Me sentei na cama e indiquei para que ela se sentasse ao meu lado. A garota estava visivelmente nervosa
— Qual seu nome?
— Maríli, alteza!
— Maríli, preciso fugir, ou pelo menos tirar minha ama daqui. Não posso me casar com Anton
expliquei, olhando nos olhos dela.
Ela assentiu levemente, olhando para Carmelita como se buscasse aprovação. Minha ama aceitou, encorajando-a.
— É possível tirar minha ama daqui? Ela é uma mulher mais velha e não vai levantar suspeitas. Quanto a mim... os guardas sabem quem eu sou. Nunca me permitiriam sair do castelo
expliquei, sentindo um nó de tristeza em minha garganta. Ela pensou por um momento, e então acho que um plano começou a se formar em sua mente.
— Durante o jantar, posso levar uma troca de roupa para você, que se vestirá como uma de nós, e poderá sair conosco. Costumamos sair à noite do castelo, quando o Elfo retira temporariamente, as proteções mágicas de uma das saídas para que possamos voltar às nossas casas na cidade
sugeriu, olhando entre mim e Carmelita.
A encarei surpresa com a audácia do plano. No entanto, as circunstâncias exigiam medidas extremas. Eu não podia acreditar que ela estava prestes a embarcar nessa fuga arriscada, mas eu sabia que não tinha escolha.
Após me preparar para o jantar, desci acompanhada por Carmelita, que já havia combinado os detalhes de sua fuga com Maríli. Anton estava à espera, e sua expressão surpresa quando seus olhos pousaram em mim.
— Desculpe pelo atraso e pelas minhas vestes. Trouxe roupas para sair e tentar distrair Malu, não para um jantar com o futuro Rei
declarei, sentindo o peso da situação sobre mim.
Anton parecia momentaneamente sem palavras, sua fala se embaraçando diante da minha inesperada ocorrência.
— Eu, eu... Eu esperaria por você uma eternidade. E não se preocupe, você está perfeita
ele finalmente conseguiu responder, estendendo a mão para mim. Entreguei-lhe minha mão e ele a beijou com um gesto demorado, que me embrulhou o estômago.
O jantar transcorreu com Anton mantendo os olhos fixos em mim, observando cada um dos meus movimentos delicados.
Ele mal notou quando Carmelita discretamente se retirou e seguiu para a cozinha, onde se encontrou com Maríli.
Uma delas ocupou o lugar de Carmelita, visto que o número de empregados era contado.
Maríli explicou o plano, ela e outra serva trocaram suas roupas.
Eu observei discretamente quando uma mulher entrou no recinto com as roupas de Carmelita.
Após o término do jantar, Anton me convidou para um passeio pelos jardins, e eu sorri, concordando para ganhar mais tempo.
Ele estendeu a mão, e eu pousei a minha sobre a sua. Começamos a caminhar em direção ao Jardim de Fogo, um lugar que eu já havia visitado com Malu.
— Por que Malu nunca conseguiu se ligar a um dragão? Ela nunca me contou o motivo, se é que existe um
indaguei, tentando distraí-lo e prolongar uma conversa.
— Na verdade, ninguém sabe. Ela é um pouco mimada. Talvez nenhum dragão tenha conseguido lidar com todo o drama dela
Anton respondeu, parecendo irritado. No entanto, seu olhar em seguida ficou suave quando se dirigiu a mim, o que me perturbou.
— Vamos falar de algo mais agradável. Amanhã, serei o rei, e você será minha rainha.
comentou, continuei forçando um sorriso enquanto tentava desviar a atenção dele.
No entanto, fui interrompida pelo som das batidas de asas, e Torve se aproximou.
Anton sugeriu que eu o conhecesse melhor, e ele me conduziu ao majestoso dragão negro.
Torve me cheirou, o que inicialmente me deixou nervosa, mas Anton tranquilizou-me, explicando que Torve gostou do meu cheiro.
— Como você sabe disso?
questionei, olhando para Anton enquanto eu estendia a mão e tocava em Torve, que continuava a farejar ao meu redor.
— Ele e eu somos um. Tudo o que ele sabe e sente, eu também sei e sinto. É a nossa ligação
explicou Anton. Senti um desconforto crescente diante da proximidade dele.Re tirei minha mão, nervosa.
Ele se aproximou ainda mais, me pegou pela cintura e seus olhos se fixaram nos meus. Minhas tentativas de me afastar foram em vão, e ele continuou a me encarar intensamente.
— Eu quero sentir seus lábios. Não sei como o idiota do meu irmão nunca ousou te beijar
ele murmurou antes de fechar os lábios e tentar investir sobre os meus. Virei rapidamente o rosto, evitando que seus lábios tocassem os meus.
— Só posso beijar meu esposo depois da cerimônia de casamento. É assim que as coisas são
declarei, tirando suas mãos da minha cintura. Anton não parecia abalado por minha rejeição; pelo contrário, ele sorriu de forma convencida.
— Amanhã. Amanhã, você será completamente minha
ele afirmou, provocando um arrepio desconfortável em minha espinha.
Virei as costas e me dirigi de volta ao castelo, a tensão ainda vibrando no ar. Com Anton tão perto de seu objetivo, a noite seria longa.
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Atualizado até capítulo 30
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