Diana Malor- Entusiasmo para o novo

Diana Malor

A energia da cidade vibrava ao nosso redor. As luzes azuis refletiam nas ruas de pedra, criando um brilho etéreo que realçava a aura mágica do lugar.

Era como se a própria noite respirasse encantamento, envolvendo cada beco e cada arco de pedra em um véu de mistério e possibilidades.

Seres de todos os cantos caminhavam por ali—elfos de pele cintilante que pareciam absorver a luz ao redor, humanos em vestes exóticas com bordados dourados que reluziam sob a iluminação azulada, magos encapuzados cujas sombras dançavam de maneira estranha a cada passo.

Algumas criaturas eram completamente desconhecidas para mim: seres esguios de olhos luminescentes, outros com asas finas e translúcidas que tremulavam levemente ao sabor do vento.

Havia uma cadência harmoniosa na movimentação da multidão, um ritmo quase hipnótico que fazia tudo parecer parte de um espetáculo coreografado pelo próprio universo.

Ao meu lado, Malu apertava minha mão com força, assim que descemos da carruagem.

Seu entusiasmo era nítido, seus olhos brilhavam com a luz refletida das ruas, e um sorriso empolgado curvava seus lábios.

Seu corpo vibrava com a excitação da descoberta, e mesmo sem dizer uma palavra, sua alegria era contagiante.

Mas eu não conseguia relaxar.

Os olhares vigilantes de Ziam e Anton seguiam cada um dos nossos passos.

Os guardas postados em esquinas e portas de estabelecimentos pareciam notar nossa presença mais do que eu gostaria.

Havia algo na maneira como observavam—não apenas curiosidade, mas uma análise cuidadosa, como predadores estudando uma presa em potencial.

A pousada à nossa frente parecia um refúgio promissor, com uma entrada de madeira entalhada e lanternas flutuantes iluminando a fachada com uma luz dourada e acolhedora. Mas, ao atravessar a porta, um arrepio percorreu minha espinha.

O perigo ainda estava à espreita. Eu podia sentir.

— Vamos nos arrumar e então vamos lá. Estou ansiosa para conhecer o lugar!

Malu exclamou, e parou olhando todos aqueles guardas, eram mais do que havíamos combinado.

Os lustres de cristal balançavam levemente com a corrente de ar, lançando reflexos cintilantes pelas paredes entalhadas que pareciam feitas de diamante.

Era um local luxuoso, digno da realeza que éramos. Mas, ao contrário de Malu, eu ainda não tinha certeza se queria essa aventura.

— Vocês vão se misturar. Não quero que venham vestidos assim. Quero uma noite normal.

Malu decretou, cruzando os braços.

Os guardas trocaram olhares antes de voltarem sua atenção para Ziam.

— Você não é uma garota normal, e eles estão aqui para garantir sua segurança.

A voz de Ziam era firme, carregada de autoridade.

Malu ergueu o queixo, os olhos azuis brilhando em desafio.

— Eu sou normal, ou você já se esqueceu?

Um silêncio tenso se instalou. Eu apenas observei, sem entender completamente as intenções dela. Havia algo na forma como ela pronunciou aquelas palavras, algo que carregava um peso que eu não conseguia decifrar.

Ziam suspirou e passou a mão pelo rosto, relutante.

— Vamos fazer assim: dois deles usarão seus uniformes de guarda real, e os outros se disfarçarão. Anton e eu também estaremos lá com vocês.

Malu revirou os olhos, claramente contrariada.

— Vocês vão ficar nos monitorando?

— Só garantindo que nada aconteça.

Ziam sorriu de canto, provocando-a.

— Vou adorar essa noite.

Anton disse, pegando a chave do seu quarto antes de desaparecer escada acima.

Malu soltou um resmungo e me puxou novamente.

— Vamos, não acredito que eles vão arruinar meu final de semana!

Ela me arrastou pelo corredor, os cabelos ruivos esvoaçando atrás dela. Eu ri, divertida com seu drama, mas algo dentro de mim ainda estava inquieto.

Assim que entramos no quarto, ela foi direto para a arara de vestidos que havíamos trazido.

— Você já escolheu o que vai usar?

perguntou, enquanto passava os dedos pelos tecidos delicados.

— Ainda não…

Respondi, observando meu reflexo no espelho. Meus cabelos prateados brilhavam sob a luz quente dos candelabros, e meus olhos azuis estavam mais intensos do que o normal. Eu era um destaque onde quer que fosse, e, no fundo, isso me incomodava.

Malu tirou um vestido esmeralda e o jogou sobre a cama.

— Esse vai realçar seus olhos. Você vai ficar irresistível.

Ergui uma sobrancelha.

— Irresistível para quem?

— Para você mesma, oras!

Ela riu, puxando um vestido vinho para si.

— Vamos aproveitar a noite, esquecer que aqueles dois idiotas estão por perto e nos divertir.

Ela parecia tão determinada que não tive coragem de contrariá-la. Seria uma tarefa difícil, esquecer a presença de Ziam.

— Certo. Mas só uma dança.

— Duas.

— Uma.

— E uma bebida.

Suspirei, derrotada.

— Você não desiste nunca, não é?

Ela piscou, travessa.

— Nunca. E é meu aniversário, você é minha melhor amiga, e vai se divertir comigo.

Quando finalmente saímos do quarto, já vestidas e prontas, encontramos Ziam e Anton nos esperando no térreo. Os olhos de Ziam passaram por mim de cima a baixo, e um calor inesperado subiu pelo meu corpo.

Ele não disse nada, mas seu olhar dizia tudo.

Anton, por outro lado, sorriu de lado.

— Agora sim, estamos prontos para uma noite memorável.

Malu agarrou meu braço e sussurrou:

— Que os magos da lua nos surpreendam.

E, com isso, saímos da pousada, prontos para entrar em um mundo completamente novo.

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