O escritório estava tomado pela fumaça do cigarro, cada tragada tentando mascarar o caos que fervilhava dentro de mim. Era inútil. Minha cabeça girava, pulsava, consumida pelo desejo insano de tê-la de volta. Anastásia. Só o nome já era suficiente para que meu peito apertasse, como se o ar fosse insuficiente.
Hugo entrou hesitante, carregando uma pasta nas mãos. Ele sabia que o ambiente estava carregado, sabia que eu não estava no meu estado habitual, mas ousou entrar mesmo assim.
— O carregamento russo teve um problema no porto, Castelli.
Levantei os olhos lentamente, meus dedos batendo contra a mesa, um movimento quase imperceptível, mas cheio de tensão.
— Que tipo de problema? — Minha voz saiu baixa, controlada, mas qualquer um que me conhecesse sabia que era o prelúdio de uma tempestade.
— O supervisor aumentou o preço. Quer dobrar a “taxa de silêncio”. Parece que alguém andou espalhando informações sobre a carga.
Fiquei em silêncio por um momento, os olhos fixos em Hugo. Então, lentamente, me inclinei para frente.
— E você achou que seria uma boa ideia trazer esse problema para mim, em vez de resolvê-lo?
Hugo começou a gaguejar, as palavras escapando desajeitadamente.
— Eu... eu pensei que seria melhor o senhor estar ciente antes de...
Minha mão encontrou o copo de cristal ao meu lado, e antes que ele pudesse terminar, lancei-o contra a parede. O som do vidro estilhaçando ecoou pela sala, e Hugo deu um passo para trás, a pasta quase caindo de suas mãos.
— Tu ne penses pas, Hugo (Você não pensa, Hugo)! — Me levantei, minha voz subindo como um trovão. — Eu te pago para agir, não para trazer lixo até a minha mesa!
Ele tentou se explicar, mas eu estava além do ponto de ouvir. Cruzei a sala em passos largos, agarrando-o pela camisa e o empurrando contra a parede.
— Se não resolver essa merda até amanhã, eu pessoalmente vou jogar você no maldito porto! Está me entendendo?
— Oui Monsieur(Sim, senhor)! Eu vou resolver, eu prometo!
Soltei-o com um empurrão e me virei, acendendo outro cigarro com mãos tremendo de raiva. Hugo saiu às pressas, quase tropeçando nos próprios pés.
A fumaça preenchia meus pulmões, mas não aliviava o inferno que era estar sem ela. Eu precisava dela. Sentir o cheiro dela, a textura da pele dela, ouvir sua voz. Era insano. Mas Anastásia era como uma droga, e eu estava em abstinência.
Minutos depois
O celular vibrou na mesa, interrompendo meus pensamentos. Peguei-o sem olhar o número e atendi com um resmungo.
— Elle est partie. Elle est avec un homme. Voulez-vous qu’on les suive (Ela saiu. Está com um homem. Quer que os sigamos)?
Meu corpo inteiro travou.
— Quel homme (Que homem)?
— Loiro, bem vestido. Terno azul.
Pierre. Aquele maldito promotorzinho.
— Suivre. Je veux savoir où ils vont (Sigam. Quero saber para onde estão indo).
Desliguei o telefone, jogando-o de volta à mesa. Meu coração estava disparado, um misto de raiva e ciúme me consumindo como um incêndio incontrolável.
Ela estava tentando me provocar. Eu sabia disso. Estava com raiva, magoada, mas sair com outro homem? Com Pierre? Isso era uma facada no meu peito.
Peguei as chaves do carro e saí do escritório, o som do motor da Lamborghini ecoando como uma extensão da tempestade dentro de mim.
...----------------...
O telefone vibrou novamente enquanto eu dirigia sem rumo. Uma mensagem:
“Le Mirabelle. Eles estão jantando aqui.”
Le Mirabelle. Claro. Um restaurante sofisticado, perfeito para exibir conquistas. A ideia de Pierre tocando nela, olhando para ela como se tivesse o direito, quase me fez perder o controle do carro.
Estacionei em frente ao restaurante, ignorando o valet que correu até mim. Entrei sem olhar para os lados, meus olhos buscando apenas uma coisa: ela.
E então a vi.
Anastásia estava sentada em uma mesa perto da janela, rindo de algo que aquele filho da puta disse. Mas eu sabia que aquele sorriso não era real. Era forçado. Uma máscara que ela usava para tentar esconder o quanto estava destruída.
Mas isso não diminuiu a dor. Não aliviou o ciúme. Ele estava tocando a mão dela, e ela deixou.
Meus passos ecoaram pelo salão enquanto eu me aproximava, ignorando os olhares curiosos.
— Bon appétit(Bom apetite). — Minha voz cortou o ar como uma lâmina.
Pierre levantou os olhos devagar, tentando entender a cena. Anastásia congelou, o sorriso ensaiado sumindo do rosto, substituído por um choque momentâneo. Mas logo veio aquele olhar desafiador, o mesmo que eu conhecia tão bem.
Ela tentou controlar a respiração antes de falar:
— Émile, o que diabos você está fazendo aqui?
Dei um passo à frente, ignorando completamente Pierre. Meu olhar estava cravado nela, e eu sabia que ela sentia o peso da minha presença.
— Vim buscar você, chérie. — Minha voz era baixa, perigosa, cada palavra carregada de algo que fazia o ar ao nosso redor vibrar.
Pierre olhou confuso, franzindo o cenho.
— Ça se passe ici (O que está acontecendo aqui)? — Ele finalmente conseguiu dizer, olhando de mim para ela.
Anastásia ergueu a mão, como se pudesse controlar a situação.
— Pierre, eu volto já. — Ela se levantou, tentando manter a pose.
Sorri de canto, aquele sorriso que ela odiava. Ela pensava que ia voltar para a mesa. Ingênua.
Ela me puxou para um corredor estreito nos fundos do restaurante, longe dos olhares curiosos, a raiva brilhando nos olhos. Assim que parou, girou para me encarar, apontando o dedo no meu peito.
— Que cena patética foi essa, Émile? Você perdeu a cabeça? Por que está aqui?
— Pathétique(Patética)? — Inclinei a cabeça, o sorriso ainda nos lábios. — Eu diria necessária.
Ela bufou, tentando manter o controle.
— Vai embora. Agora.
Dei um passo em sua direção, e ela recuou instintivamente. Mais um passo, e ela bateu de costas contra a parede. Um sussurro de alarme escapou de seus lábios quando me inclinei sobre ela, bloqueando sua fuga com meu corpo.
— Je ne vais nulle part sans toi (Não vou a lugar nenhum sem você).
Minha voz saiu baixa, rouca, mas carregada de uma determinação que a fez engolir em seco.
— Eu não vou com você, Émile. — Ela disse, o olhar duro, mas sua voz tremeu levemente. — Eu tenho um jantar. E eu vou jantar... com Pierre.
Aquele nome. Só ouvir aquele maldito nome foi o suficiente para me fazer cerrar os punhos ao lado do corpo.
— Você acha que isso vai me parar? — Minha mão encontrou sua cintura, apertando com firmeza, minha respiração quente contra seu rosto. — Diga mais uma vez. Diga que vai voltar para aquela mesa e jantar com ele.
Ela tentou desviar o olhar, mas segurei seu queixo com dois dedos, forçando-a a me encarar.
— Por que você está aqui, hein? — Ela sussurrou, as palavras carregadas de mágoa e raiva. — Você me deixou arrasada. Me disse todas aquelas coisas, me jogou para longe. E agora está incomodado porque eu estou jantando com outro homem? Você quis assim. Você me machucou. Agora aguente.
— Aguentar? — Minha risada foi seca, sem humor. — Você acha que eu posso simplesmente vê-la com outro e não fazer nada?
— Você não tem direitos sobre mim, Émile! — Ela cuspiu as palavras, a voz mais alta do que pretendia. — Você quis assim, lembra? Eu não significo nada para você, assim como você não significa nada para mim.
Minha outra mão encontrou a parede ao lado de sua cabeça, prendendo-a completamente.
— Não teste minha paciência, ma belle. — Minha voz era um rosnado, meu rosto tão próximo do dela que eu podia sentir o calor de sua pele.
Ela respirava rápido agora, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e algo mais. Algo que ela estava tentando negar, mas eu via claramente.
— Você não tem o direito de fazer isso. — Sua voz estava mais baixa agora, quase um sussurro.
— Eu faço o que quiser quando se trata de você. — Inclinei-me ainda mais, minhas palavras praticamente tocando seus lábios.
Ela tentou se afastar, mas não havia para onde ir. Quando tentou se esquivar por baixo do meu braço, minha mão encontrou seu braço, puxando-a de volta para mim com força.
— Me solta, Émile.
— Você não vai voltar para aquela mesa. — Minhas palavras eram definitivas, um aviso de que não havia discussão possível.
Ela tentou se soltar, mas eu já a puxava em direção à porta dos fundos.
— Émile, não me obrigue a gritar. Eu posso mandar prendê-lo.
Parei, girando para encará-la. Meu sorriso era letal, um aviso.
— Então você vai ter que fazer isso, chérie. Porque não vou deixar você jantar com ele.
Antes que ela pudesse reagir, curvei-me, jogando-a sobre meu ombro.
— Você está louco! Me coloca no chão! — Ela murmurou, batendo nos meus ombros com os punhos.
— Fique quieta. Você está me testando hoje.
Ela não gritou. Sabia que chamar atenção só pioraria as coisas. Saímos pelos fundos, onde meu carro já estava esperando.
Joguei-a no banco do passageiro, fechando a porta antes que ela pudesse sair. Dei a volta e entrei no carro, ligando o motor.
— Você é um maldito lunático, Émile! Não pode simplesmente me sequestrar do meu jantar!
Inclinei-me na direção dela, meu rosto a poucos centímetros do dela.
— Se você acha que isso foi um sequestro, espere até ver o que vou fazer com qualquer outro homem que ousar sentar à sua mesa.
Ela bufou, cruzando os braços e virando o rosto.
— Que tipo de pessoa é você? — Ela perguntou.
— Le genre qui n'accepte pas de partager ce qui m'appartient(O tipo que não aceita dividir o que é meu). Agora cale a boca e coloque o cinto.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Maria Gomes
gente esse é um probleminha da família Castelli ser possessivo e não assumir os sentimentos, mas quando correm o risco de perder, ficam malucos e fazem o precisar, desde carregar nos ombros e outras cositas mais /Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm//Facepalm/
2025-02-07
15
Carleuza Almeida
Ué vc chuta, deixa ela arrasada e agora vem querendo ter direito e como se não tivesse acontecido nada seu babaca 🤔🤔
2025-01-20
1
Maria Ines Santos Ferreira
essas partes eu nunca gosto ai é minha dona ai vai ter que sair comigo aí a mulher amolece vai sabe tem uns pedaço que eu não gosto
2025-01-11
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