Émile Castelli
Trilogia Castelli
Livro 1 - Legado de Uma Noite
Livro 2 - Castelli
Livro 3 - Émile Castelli
Livro 4 - Castelli: O Último Jogo
Alguns fantasmas nunca desaparecem. Eles apenas se escondem nos cantos sombrios da mente, prontos para aparecer quando você menos espera. Eu estava em São Petersburgo, cuidando de negócios, quando um desses fantasmas ressurgiu.
A neve caía pesada, cobrindo a cidade com um manto branco enquanto eu caminhava pela Nevsky Prospekt. O vento gelado mordia minha pele, mas minha atenção estava em outra coisa.
Eu a vi.
De relance, pensei que era um delírio. Talvez o frio estivesse me pregando peças. Mas não. Lá estava ela, de pé perto de uma vitrine, enrolada em um casaco de lã escuro. Anastásia.
Quatro anos.
Quatro anos desde que ela me deixou sem uma explicação. Quatro anos desde que virou minhas costas e casou-se com outro homem. E agora, ela estava ali, a poucos metros de mim, como se nada tivesse mudado.
Não consegui me controlar. Caminhei até ela, cada passo pesado com a raiva e o desejo reprimidos. Quando finalmente me aproximei, ela me notou. Seus olhos se arregalaram, e um leve tremor percorreu suas mãos.
— Anastásia.
Ela hesitou antes de responder, sua voz mais baixa do que eu lembrava.
— Émile... o que você está fazendo aqui?
— Cuidando dos meus negócios. — Minha resposta foi rápida, fria. — A pergunta é: tu fais ici ( o que você está fazendo aqui )?
Ela desviou o olhar, mordendo o lábio como fazia quando estava nervosa.
— Eu... moro aqui agora.
Eu ri, um som curto e sem humor.
— Claro que mora. E seu marido? Está por perto?
Ela ficou ainda mais tensa, o rosto corando levemente.
— Não é o que você pensa.
— Non je ne regrette rien (Não é o que eu penso)? — Eu me inclinei, minha voz ficando mais baixa, quase um sussurro. — Você me deixou, casou-se com outro homem, desapareceu como se eu não fosse nada. Então, o que exatamente deveria pensar, Anastásia?
Ela abriu a boca para responder, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma voz suave a interrompeu.
— Mamãe?
Virei-me para encontrar uma jovem segurando uma menininha. A garota tinha cabelos ruivos brilhantes que caíam em cachos sobre seus ombros, os olhos grandes e curiosos fixos em mim. Algo nela... algo naquele olhar fez meu estômago revirar.
Anastásia deu um passo à frente, como se quisesse protegê-la de mim.
— Quem é essa criança? — minha voz saiu baixa, quase um rosnado, enquanto eu a encarava.
Ela hesitou novamente, e foi nesse momento que eu soube. Ela estava escondendo algo. Algo grande. Algo que, de repente, eu estava disposto a descobrir, não importava o custo.
— Qui est-elle, Anastásia (Quem é ela, Anastásia)? — repeti, a tensão crescendo a cada segundo.
Antes que ela pudesse responder, o mundo pareceu congelar ao nosso redor.
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Quatro anos antes...
Eu sou Émile Castelli.
O segundo Castelli no comando dos negócios da família. Minha prioridade? Negócios e prazeres momentâneos. Sentimentalismo é uma merda, uma fraqueza que eu não admito. Parece maldição, na verdade. Primeiro, meu primo Damián sucumbiu à porcaria do amor, depois meu irmão Louis. Eu? Sou diferente. Mulheres são para ser apreciadas, degustadas... mas apego? Nem fodendo.
Enquanto Louis comanda os negócios em Nova York, eu mantenho o controle aqui em Marselha, na porra do coração do Mediterrâneo. Marselha é uma cidade pulsante, caótica, cheia de contradições, exatamente como eu gosto. Os portos são o paraíso do contrabando, a rede perfeita para o tráfico de armas. Sou o rei dessa merda, e ninguém encosta nos meus negócios.
Minha mãe, Geneviève, sempre foi uma mulher... aventureira. Louis, Charlotte e eu somos o resultado disso. Cada um com um pai diferente, mas todos com o mesmo sangue frio correndo nas veias. Meu pai, Clément Dummont, é um homem de negócios respeitável, pelo menos à luz do dia. À noite, ele controla os cassinos da região, e há pouco tempo me passou o comando. Ele não confia no outro filho, Enzo. Nem eu. Então, agora, além de comandar o tráfico, tenho os cassinos como uma fachada conveniente para lavar dinheiro e expandir minha influência.
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A noite estava apenas começando no Mirage Noir, meu principal cassino. A fachada reluzia com luzes douradas e neon vermelho, atraindo idiotas que achavam que podiam vencer o sistema. Lá dentro, tudo era luxo: mármore negro, lustres de cristal, e o tilintar constante das máquinas de caça-níqueis.
Estava sentado em uma sala privada no andar superior, com uma vista privilegiada do salão principal. Jules e Hugo, meus homens de confiança, estavam comigo. Jules, com seu cabelo loiro sempre bem penteado e olhar calculista, era meu estrategista. Hugo, por outro lado, era pura força bruta, um homem que preferia resolver problemas com os punhos antes de pensar.
— A remessa do Líbano chega amanhã — Jules informou, enquanto deslizava uma pasta cheia de documentos pela mesa. — Os portos estão sob controle, mas precisamos lidar com o policial novo que anda fazendo perguntas demais.
— Encontre algo que o enterre, et rapide (e rápido) — respondi, enquanto acendia um cigarro.
Hugo interveio:
— Je m'en occupe (eu cuido disso).
Negócios resolvidos, desci até o salão principal para inspecionar o movimento. No caminho, cumprimentei alguns rostos conhecidos, distribuí sorrisos falsos e instruções rápidas. No meu mundo, cada palavra era uma jogada.
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De volta ao meu apartamento, subi na minha Kawasaki. A moto cortava as ruas de Marselha como uma lâmina. A adrenalina queimava em minhas veias, me lembrando de que eu estava vivo.
Quando cheguei, as luzes da cidade refletiam nas janelas do meu apartamento no último andar, um santuário de vidro e aço.
O lugar era enorme, com pé direito alto e uma vista de tirar o fôlego do porto. O chão era de madeira escura, os móveis modernos, e tudo exalava poder e riqueza. Tirei o casaco de couro, jogando-o no sofá, e me servi de um whisky duplo antes de me jogar em uma das poltronas de couro.
Decidi que precisava de uma distração. Peguei o telefone e liguei para uma das garotas que sempre estavam disponíveis. Uma delas respondeu rápido, dizendo que estaria lá em meia hora.
Quando ela chegou, o tempo parecia congelar. Tudo era simples: corpos, prazer, nenhum tipo de conexão. Só mais uma noite.
Até que alguém bateu na porta.
Levantei irritado, vestindo apenas uma calça de moletom. Com o whisky ainda na mão, abri a porta.
Do outro lado estava uma mulher que eu nunca tinha visto antes. Loira, com olhos tão marcantes que quase doíam. Vestia algo simples, mas carregava uma presença que me fez parar.
— O senhor poderia, por favor, fazer menos barulho? — A voz dela era firme, mas tinha um leve sotaque que entregava que ela não era daqui, Russa, talvez.
Eu ri, sem acreditar no que ouvia.
— Você tá brincando, droite(certo)?
Ela cruzou os braços, o que só serviu para destacar ainda mais suas curvas.
— Não estou. Tem gente que tenta dormir por aqui, sabia?
Dei um passo à frente, inclinando-me para encará-la melhor.
— Você é nova aqui, não é?
— Cheguei ontem. — Ela respondeu, sem recuar.
Porra, quem era essa mulher? Tinha coragem, isso eu dava a ela.
— Regarde, princesse (Olha, princesa), se quer silêncio, talvez tenha escolhido o prédio errado. — Meu tom era provocativo, quase desdenhoso.
Ela apenas arqueou uma sobrancelha.
— E talvez você devesse aprender um pouco de educação. Idiota.
Antes que eu pudesse responder, ela se virou e começou a andar pelo corredor.
Fiquei parado, observando-a sumir pela porta do apartamento ao lado. Dei um gole no whisky e murmurei para mim mesmo:
— Putain, quelle folle (caramba, que mulher louca).
Fechei a porta, mas minha cabeça ainda estava nela. A noite tinha acabado de ganhar um sabor inesperado.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
claudete de lourdes erthal
mais um casteli abatido 😂😂😂
2024-12-21
50
Bel
Kkkkkkkk,eu conto ou vcs contam meninas. kkkkk
O ótimo e irmão tbm disseram isso.
2025-01-24
1
Arlete Fernandes
Comecei agora e já estou amando! Arri égua que mais um ficou de pneus arriado e o soldado abatido com sucesso kkkkk é mais rápido que o irmão e o primo kkkkk
2025-01-12
0