CAPÍTULO 18#

Eu sabia que estava prestes a fazer algo que poderia me destruir. As palavras que eu estava ensaiando queimavam na garganta como ácido, mas eu precisava dizê-las. Anastásia estava cavando fundo. Ela queria saber quem eu realmente era. E se ela descobrisse, seria devastador para nós dois. Isso tinha que acabar, de uma vez por todas.

Bati na porta do apartamento dela, cada batida carregando o peso da minha decisão. Quando ela abriu, lá estava aquele maldito sorriso. Aquele sorriso que me desarmava, que me fazia esquecer quem eu era, quem eu precisava ser. Merde.

— Émile... Entra! — A voz dela era calorosa, acolhedora. — Preparei a mesa pra gente.

Porra, isso seria mais difícil do que eu imaginava.

Ela se aproximou, me envolvendo nos braços e me beijando, mas eu estava frio, distante. Eu a afastei gentilmente, e ela percebeu.

— Algum problema? — perguntou, a voz carregada de dúvida, os olhos buscando algo nos meus.

Eu me afastei ainda mais, caminhando até o centro da sala, tentando encontrar as palavras certas. Ou talvez as erradas. As que a fariam me odiar para sempre.

— Ça ne marchera pas, Anastasia (Isso não vai funcionar, Anastásia).

Minha voz soou mais dura do que eu pretendia, mas era isso. Eu precisava cortar fundo.

Ela parou, surpresa. O sorriso que iluminava seu rosto começou a desaparecer lentamente.

— Como assim? — Ela deu um passo à frente, a voz vacilando.

Eu respirei fundo, como se precisasse reunir forças para dizer o que vinha a seguir.

— Acho melhor a gente se afastar. — Virei para encará-la, o rosto dela agora uma mistura de confusão e dor. — Eu te avisei desde o começo: eu odeio essa merda de sentimentalismos, de relacionamentos.

Ela abriu a boca para falar, mas eu continuei antes que ela pudesse interromper.

— Antes que as coisas fiquem mais sérias entre a gente, é melhor cada um seguir o seu caminho.

O silêncio que se seguiu foi insuportável. Eu vi os olhos dela se estreitarem, como se ela estivesse tentando processar o que eu tinha acabado de dizer. Então, ela sorriu. Não um sorriso feliz, mas algo amargo, incrédulo.

— Você é um babaca, Émile. — A voz dela tremia, mas havia uma força por trás disso. — Então, as coisas que você me disse… eram todas mentiras? Você disse que tudo tinha mudado. Eu fui só uma diversão pra você?

Engoli em seco. Cada palavra dela era como um golpe, mas eu precisava ser firme.

— Exactement( Exatamente ). — A palavra saiu quase num rosnado. Eu a vi vacilar, o impacto das minhas palavras evidente no brilho das lágrimas que começaram a surgir nos olhos dela.

Virei-me antes que ela pudesse responder, antes que eu mesmo desmoronasse.

— Adeus, Anastásia.

Saí dali sem olhar para trás, meu peito apertado, como se eu tivesse deixado uma parte de mim naquele apartamento. Subi na minha Kawasaki e acelerei pelas ruas de Marselha, indo direto para a mansão da minha mãe. Eu não podia ficar perto dela. Se eu a visse novamente, não resistiria.

Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto quando a porta se fechou atrás de Émile. Aquele cretino. Ele me deixou devastada, as palavras dele ainda ecoando na minha mente, cada uma cortando como uma lâmina afiada.

Eu estava em choque, o peito apertado, como se ele tivesse arrancado meu coração e deixado ali, jogado no chão. Nunca me senti tão mal, tão... vazia.

Queria gritar, socar algo, mas não consegui me mexer por longos minutos. Só o som do meu próprio coração quebrado preenchia o silêncio do apartamento.

Finalmente, peguei o celular com mãos trêmulas e liguei para Claire.

— Claire... você está em casa?

A voz dela soou preocupada do outro lado.

— Estou, sim. O que aconteceu?

— Eu... preciso ir até aí. — Minha voz falhou, mas eu não podia desmoronar ainda.

Peguei as chaves do meu Aston e dirigi até a casa dela, as ruas passando como borrões. Eu precisava desabafar. Precisava colocar para fora essa dor que me consumia.

Quando cheguei, Claire abriu a porta antes que eu pudesse bater. Ao ver meu estado, ela me puxou para um abraço sem dizer nada. E foi ali, nos braços dela, que eu finalmente deixei as lágrimas caírem, soluçando como uma criança.

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Comments

Vanda Farias de Oliveira

Vanda Farias de Oliveira

é complicado para os dois lados tanto pra ela uma juíza e por cima ainda fugiu da máfia e ele um mafioso que pode ser pego por ela e arriscado a ser preso

2025-01-30

15

Maria Das Dores

Maria Das Dores

não tenho n palavras já tô viciada na história amo Emillie e Anastacia juntos Vcs vão vencer esses obstáculos,vai demorar mas esse ex noivo vindo pra perturbar , Emillie indo embora quanto tempo vai ficar longe

2025-02-15

1

Isabel Esteves Lima

Isabel Esteves Lima

Os dois não deviam ter se envolvido, Émile quando descobriu que ela é juíza devia ter se afastado. Agora que estava ficando sério ela caiu fora.

2025-02-06

0

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Atualizado até capítulo 71

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