Eu estava de saída para o cassino, a noite prometia ser longa. Whisky, negócios, e talvez um pouco de diversão, mas, assim que entrei no estacionamento, meu faro me disse: merda tá acontecendo aqui. Dois caras, parados perto de um carro preto, olharam pra mim como se fossem invisíveis. Um desgraçado desviou o olhar rápido demais. É sempre assim, quando tem coisa errada, o ar muda, fica pesado.
Ignorei, por um momento. Foda-se, pensei. Não era problema meu. Mas algo me incomodou. Aqueles filhos da puta estavam ali por algum motivo, e isso cutucava minha cabeça como uma faca enferrujada. Respirei fundo e segui até o carro. Liguei o motor, mas antes de sair, o pensamento me atingiu como um soco. E se forem pro meu apartamento?
Desliguei o carro. Acelerei de volta pro prédio. Revirei cada canto, cada corredor. Nada. Não havia nada. "Paranoia do caralho", pensei.
Mas então ouvi. O som. Um movimento abafado no andar de baixo.
Minha respiração ficou pesada. Peguei as duas pistolas que carregava, uma em cada mão. O metal frio contra a palma era quase... tranquilizador. Desci em silêncio, como um predador.
E lá estavam eles. Os desgraçados mascarados, armados até os dentes. Eu sabia quem eles queriam. Sabia o que iam fazer.
Por um momento, pensei em recuar. Em deixar Anastásia lidar com as consequências de sua própria vida fodida. Mas alguma coisa me travou. Algo que me irritou até os ossos.
— Allez, enculés(vamos lá, filhos da puta). — Eu sussurrei antes de puxar o gatilho.
A bala atravessou o crânio do primeiro antes que ele pudesse reagir. O segundo girou pra me encarar, mas eu já tinha um sorriso no rosto quando disparei no meio do peito. O terceiro tentou correr. Péssima ideia. Um já estava morto quando eu cheguei, aparentemente ela não era tão indefesa quanto eu pensei.
Quatro corpos. Quatro problemas resolvidos.
O apartamento dela ficou em silêncio. Não era como se eu precisasse de agradecimentos. Só queria acabar com essa merda e sair dali. Mas algo dentro de mim ainda estava inquieto.
Antes de desaparecer, fiz o que precisava ser feito. Dei uma passada no CFTV. Subornos e ameaças. Minutos depois, eu já tinha apagado todos os registros da noite. Meu rosto não estaria em lugar nenhum.
Quando voltei ao prédio, vi o circo armado. Viaturas, luzes piscando, policiais como baratas tontas. Passei como uma sombra, discreto, direto. Mas meus olhos, porra, meus olhos foram direto pra ela.
Anastásia estava cercada por policiais. E ele. Um cara alto, cheio de pose, a segurando como se fosse algum tipo de salvador. Deve ser um namorado de merda. Ele a abraçou, e eu senti algo... errado.
Raiva. Pura e simples. Mas de quem? Dele? Dela? De mim mesmo?
— Merde. — Murmurei, enfiando as mãos nos bolsos.
Não era da minha conta. Ignorei a sensação incômoda no peito e fui embora. Desci até o estacionamento, montei na minha Kawasaki e liguei o motor.
O rugido da máquina me trouxe de volta ao foco. Era hora de resolver um problema que realmente importava.
— Renard, seu filho da puta, eu te avisei.
Acelerei pela cidade. Minha mente ainda estava uma bagunça. Imagens daquele cara, daquela porra de abraço... Que merda era essa? Não importava. Eu tinha raiva acumulada, e Renard seria o alvo perfeito.
Ele me devia dinheiro. Me prometeu pagar. Não pagou. A dívida não era só financeira. Era uma questão de respeito, porra. E hoje eu ia ensinar pra ele o que acontece quando alguém pisa fora da linha comigo.
Acelerei ainda mais. O vento cortava meu rosto, e a raiva queimava como um incêndio descontrolado.
— Hoje alguém vai sangrar.
Dias depois
Depois daquela noite infernal, tive que sair do meu apartamento. O estrago foi grande demais para simplesmente ignorar. Passei alguns dias na casa da Claire, minha melhor amiga. O lugar era acolhedor, e ela sabia como me distrair, mas a verdade é que eu só queria minha rotina de volta.
O atentado, sem dúvida, estava ligado ao caso que eu e Pierre estávamos investigando. Eles queriam me calar. Só que não era novidade. Eu tinha certeza, a mesma certeza que eu precisava ter antes de cada julgamento, de que minha lista de inimigos era vasta. Ser juíza nunca foi fácil, e eu sabia disso desde o início.
Foi por isso que escolhi aquele apartamento. Era discreto, afastado, com segurança reforçada. Mas naquela noite, de alguma forma, eles conseguiram entrar. Como sombras, como fantasmas.
Agora, sentada em um café no centro de Marselha, tentava manter minha cabeça no lugar. Pierre estava à minha frente, mas sua preocupação era palpável. Ele tamborilava os dedos na mesa enquanto eu mexia no café com descaso.
— Já organizei pra dois agentes ficarem de olho no seu apartamento quando você voltar. Só por precaução. — A voz dele era firme, mas havia um tom de súplica.
Levantei os olhos para ele, franzindo a testa.
— Pierre, se eu quisesse seguranças, já teria providenciado.
— Anastásia, você quase morreu. Quer que isso aconteça de novo?
— Não vai acontecer. — Dei um gole no café, mantendo meu tom calmo. — Vou tomar mais cuidado. Mas não vou andar com babás.
Ele suspirou, passando a mão pelo rosto, claramente frustrado.
— Você é impossível.
— Não, eu sou teimosa. E teimosia é uma das razões pelas quais ainda estou viva.
O silêncio se instalou entre nós por alguns segundos, mas eu sabia que ele não insistiria. Pierre entendia que, no fundo, eu não aceitava ordens.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Claudia
Humm será que Pierre está por detrás do seu atentado?? no seu mundo todos são suspeitos 🤔🤔🧿♾
2024-12-30
41
Elizabeth Da conceição
Esse Pierre é bonzinho de mais para o meu gosto.
Aí tem gato no saco...
Estou desconfiado dele.
Aí tem coisa.
2025-03-07
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Quase cinquentona🥴🥺😔😩
Engraçado os bandidos terem ido atrás somente dela, né mesmo!? 🥴
Tô achando que esse Pierre é corrupto.🤔🥴
2025-03-05
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