CAPÍTULO 11#

Naquela noite

O gelo no copo rachou com um estalo seco enquanto eu girava o whisky na mão. A sala estava em silêncio, exceto pelo som da bebida batendo contra o vidro. Minhas mãos estavam firmes, mas minha mente era um turbilhão. "Por que diabos ela foi embora assim?" O cheiro dela ainda estava nos lençóis. Era como uma tortura.

Passei a mão pelos cabelos, tentando me concentrar em qualquer coisa que não fosse Anastásia. Mas quando abri o laptop, acabei me sabotando. Procurei o nome dela. Fotos, notícias, qualquer merda que me dissesse onde ela estava ou o que estava fazendo.

Foi quando eu vi.

Aquele cara. Lá estava ele, abraçado a ela numa foto. O mesmo cara que eu tinha visto antes, aquele com o sorriso irritantemente confiante. Um promotor de justiça, Pierre, segundo as redes sociais. "Um santinho, não é? Aposto que você acha que é digno dela."

E então, outra foto: Anastásia e ele em um restaurante. Eu sabia que algo estava fora do lugar, mas foi a notícia que apareceu em seguida que fez meu sangue gelar.

"Atentado no La Belle Époque: Juíza Anastásia Abramovich é baleada em ataque que deixou cinco feridos."

Meu copo de whisky voou contra a parede, estilhaçando em mil pedaços. O líquido escorreu como sangue pelo papel de parede caro, mas eu não dei a mínima.

"Fils de pute (Filho da puta)... alguém a feriu."

Minha respiração ficou pesada. Raiva. Pura e fervente raiva. Eu odiava me sentir assim, odiava o fato de que o pensamento de Anastásia ferida fazia meu peito apertar de um jeito que não fazia sentido. Sentimentos eram fraqueza. Mas ali estava eu, me afogando neles.

Eu precisava saber onde ela estava. Agora.

Abri o laptop novamente e me joguei no trabalho. Rastrear informações era um talento que eu refinava há anos. Redes sociais, fofocas, relatórios médicos vazados, nada estava fora do meu alcance. Não levou mais que alguns minutos para descobrir: Hospital Saint James, ala de cirurgia.

Fechei o computador com um estrondo, peguei as chaves da Lamborghini e a Glock. Encaixei a arma no compartimento ao lado do banco. Não era idiota a ponto de entrar armado em um hospital. Mas a ideia de não estar preparado me deixava inquieto.

O motor rugiu quando eu acelerei pelas ruas de Marselha, a velocidade refletindo a tempestade dentro de mim. Cada segundo que passava sem respostas fazia minha paciência diminuir ainda mais. "Por que isso importa tanto? Ela é só uma mulher. A droga de uma mulher." Mas a mentira soava patética até pra mim.

Quando cheguei ao hospital, o ar frio da noite bateu no meu rosto. Respirei fundo, ajustando minha expressão antes de entrar. Precisava parecer controlado, mas o nó no meu estômago dizia outra coisa.

— Anastásia Abramovich. Quero saber como ela está.

A recepcionista, uma mulher de meia-idade, ergueu os olhos para mim, avaliando cada detalhe.

— Êtes-vous apparenté à elle (O senhor é parente dela)?

Forcei um sorriso, um que eu sabia que era mais intimidador do que amigável.

— Je suis son petit ami (Sou o namorado dela).

Ela hesitou, mas a convicção na minha voz a fez ceder.

— Ela está na sala de cirurgia. Foi baleada no ombro, mas está estável.

Saí do hospital com passos firmes, mas o nó no meu estômago ainda estava lá. "Ela está estável. Só isso importa." A noite estava fria, o ar gelado cortando meu rosto enquanto eu me dirigia à Lamborghini. Abri a porta e me sentei ao volante, mas não liguei o carro de imediato. Em vez disso, deixei minha cabeça cair contra o encosto, respirando fundo.

"Putain… Cette femme me baise la tête (Porra... Essa mulher está fodendo minha cabeça)."

O alívio por saber que Anastásia estava fora de perigo foi substituído rapidamente por algo mais quente, mais perigoso. Raiva. Não, ódio. Um ódio tão intenso que fazia minhas mãos formigarem, como se pedissem para apertar um gatilho.

Peguei o celular no bolso e disquei para Hugo. Ele atendeu no terceiro toque.

— Castelli?

— Hugo, escuta bem. — Minha voz era baixa, firme. Não precisava gritar para deixar claro o quão sério eu estava. — Rassemblez les hommes (Reúna os homens). Quero todo mundo no armazém. Mando as coordenadas.

— Des problèmes (Algum problema)?

— Problème, non. Mission (Problema, não. Missão). Quero respostas, e quero rápido. — Finalizei, desligando antes que ele pudesse perguntar mais alguma coisa.

Com o motor rugindo, saí do estacionamento em alta velocidade, o coração batendo no ritmo das rodas rasgando o asfalto. Anastásia estava viva, mas isso não era o suficiente. Não até eu descobrir quem foi o desgraçado que achou que podia atacá-la.

Assim que cheguei ao armazém, os homens já estavam esperando. Hugo estava encostado em uma das vans pretas, com um cigarro pendurado no canto da boca.

— Boa noite, Émile. — Ele disse com um meio sorriso, apagando o cigarro com o sapato. — Parece que temos trabalho, não é?

— Não estou com paciência pra merda de sarcasmo hoje, Hugo. — Atirei as chaves do carro para ele. — Quero nomes. Quem fez o atentado no La Belle Époque. Quero cada maldito envolvido, desde o gatilho até o mandante. Je le veux vite(E quero rápido).

Ele ficou sério na hora, assentindo.

— Entendido. Por onde começamos?

— Os rumores. Sempre começam nos lugares errados, mas nos levam aos certos. Cafés, clubes, gangues de bairro. — Olhei para Jules, que estava de braços cruzados ao lado de Hugo. — Jules, você cuida dos contatos no norte da cidade. Hugo, o sul é seu. Quero respostas em 24 horas, nem um minuto a mais.

— E se encontrarmos alguém que saiba algo? — Jules perguntou, a voz carregada de malícia.

— Tragam pra mim. Se não puderem, façam ele cantar e mandem o cadáver pra quem ele trabalhava.

Hugo abriu um sorriso.

— Direto ao ponto, como sempre.

— Não é um jogo, Hugo. — Falei com frieza. — Esses filhos da puta acharam que podiam ferir alguém em território que deveria ser intocável. E alguém que... — Parei, cerrando os dentes. Não ia terminar a frase. Não podia. — Não importa. Quero eles sangrando. Todos. Je veux que le cerveau soit vivant. compris (E quero o mandante vivo. Entendido)?

Eles assentiram.

— Commençons, Castelli (Vamos começar, Castelli).

Fiquei parado por um momento, observando enquanto eles saíam. A noite estava escura, e o armazém parecia mais frio do que o normal. Mas nada disso importava. Eu só conseguia pensar em uma coisa: alguém ia pagar por machucar Anastásia.

...****************...

Querido Leitor,

Não esqueça de curtir, comentar e me seguir. Dessa forma me sinto mais motivada a publicar novos capítulos. 💞

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Comments

GAMER W (TITANS BR)

GAMER W (TITANS BR)

Emile nunca diga dessa água não beberei pois vai acontecer o contrário e já começou você já está de 4 por ela é mais um soldado abatido como seu primo e seu irmão.

2024-12-26

39

Gedna Feitosa Gedna

Gedna Feitosa Gedna

Mais um Soldado abatido. Só uma coisa Émile, nunca diga dessa água não beberei, pois irás beber igual a camelo indo uma viagem pelo deserto 🏜. kkk(kkkkkkkkkkkkkkk.

2025-03-03

0

Valcinete Barbosa

Valcinete Barbosa

mais um Castelli abatido kkkkk, pois é nunca de isso dessa água não beberei /Joyful//Joyful//Joyful//Joyful//Joyful/

2025-02-18

0

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