A tarde estava no auge, e o Mirage Noir fervia como um vulcão prestes a entrar em erupção. Eu observava do andar de cima, o copo de whisky pendendo na minha mão enquanto analisava cada movimento lá embaixo. Jules estava ao meu lado, descrevendo os lucros da semana, mas minha atenção estava em outra coisa.
— O que diabos o Renard ainda tá fazendo aqui? — perguntei, interrompendo-o.
Jules olhou na direção do salão principal, onde Renard, um filho da puta que devia mais do que podia pagar, estava sentado em uma das mesas.
— Ele tá tentando recuperar o que perdeu.
Soltei uma risada fria.
— Esse imbecil acha que pode brincar comigo. Montrons-lui comment les choses fonctionnent (vamos mostrar pra ele como as coisas funcionam).
Desci as escadas com passos firmes, Hugo e Jules me seguindo como sombras. O salão ficou em silêncio assim que entrei. Era sempre assim. Meu nome tinha peso, e quem estava ali sabia que não se metia com Émile Castelli e saía impune.
— Renard. — Minha voz cortou o ar como uma lâmina.
O desgraçado olhou para mim, pálido como um cadáver. Levantei o copo, fingindo um brinde.
— Espero que tenha trazido o que me deve.
Ele começou a balbuciar.
— Émile, eu só preciso de mais alguns dias...
Antes que ele terminasse, joguei o copo vazio na mesa, o som do vidro quebrando ecoando pelo cassino. Peguei o colarinho dele e puxei-o para perto, a raiva queimando em cada palavra que saía da minha boca.
— Você acha que eu sou o quê? Um banco? Amanhã. Meia-noite. E, se não tiver o meu dinheiro, Renard, eu vou destruir tudo o que você tem. Tous( Tudo ).
Soltei o desgraçado com força, deixando-o cair na cadeira como um saco de lixo. Minha reputação era construída assim: sem misericórdia, sem segundas chances.
...----------------...
Depois de um dia como aquele, tudo que eu queria era o conforto do meu apartamento e uma boa dose de silêncio. Mas o destino parecia ter outros planos.
Estacionei minha Lamborghini Urus na garagem do prédio e, ao sair do carro, notei que ela estava ali. A tal vizinha.
Ela encostava-se em um Aston Martin, os braços cruzados, uma expressão indecifrável no rosto. Seu olhar encontrou o meu, e houve um instante de tensão palpável no ar. Porra, aquela mulher... ela exalava poder, e isso me irritava e intrigava na mesma medida.
Caminhei até o elevador, sem desviar o olhar. Quando passei por ela, não resisti à provocação.
— Princesse(princesa), espero que tenha dormido bem depois do meu recital de ontem à noite.
Ela arqueou uma sobrancelha, os lábios curvando-se em um sorriso quase imperceptível.
— Recital? Isso explica o motivo de parecer um amador.
Porra, que ousada. Parei, virando-me ligeiramente para encará-la.
— Você não faz ideia de com quem está lidando...
Ela deu um passo à frente, ficando perto o suficiente para eu sentir o perfume dela, algo elegante, mas com um toque sedutor.
— E você também não.
Ela entrou no elevador antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, deixando-me ali, sozinho, com um sorriso nos lábios.
— Porra, quem é essa mulher? — murmurei, enquanto a porta se fechava.
Eu precisava descobrir. E quanto mais cedo, melhor.
...----------------...
Minutos depois
O apartamento estava mergulhado em um silêncio reconfortante, quebrado apenas pelo som do gelo batendo no copo enquanto servia mais uma dose de whisky.
Soltei um suspiro, afundando no sofá enquanto tentava processar o dia. Renard e os cassinos eram o menor dos meus problemas.
Meu celular vibrou sobre a mesa, e o nome de Geneviéve apareceu na tela. Minha mãe.
— Allô, maman. — Atendi, recostando-me no sofá.
— Émile, meu querido. Como você está? — A voz dela era suave, mas carregava aquele tom que sempre indicava que ela queria algo.
— Ocupado, como sempre. Por que a pergunta?
— Ah, eu me preocupo com você, mon fils.
Revirei os olhos, embora um pequeno sorriso escapasse. Geneviéve sempre soube como mexer comigo.
— Estou bem, mãe. Não precisa se preocupar.
— Claro que preciso. Você é o meu caçula. — Ela fez uma pausa. — E então? Alguma mulher na sua vida?
Soltei uma risada baixa.
— Maman, você sabe que eu não tenho tempo pra isso. Mulheres só servem pra diversão, não pra complicar a minha vida.
— Você fala como seu pai. E olha onde isso o levou. — O tom dela ficou levemente cortante.
— Não vamos começar com isso agora, certo? Estou bem do jeito que estou.
— Très bien, cher(está bem, querido).
— Au revoir, maman(Até logo, mãe). — Encerrei a ligação antes que ela pudesse prolongar o assunto.
A luz dourada do pôr do sol inundava meu apartamento, refletindo-se nos móveis de madeira escura e nos detalhes em dourado que eu havia escolhido a dedo. Sentada no sofá com uma taça de vinho, sentia-me finalmente relaxada depois do dia exaustivo.
Minha amiga Claire estava ao meu lado, rindo de algo que eu acabara de contar. Advogada brilhante, ela era uma das poucas pessoas em quem confiava plenamente.
— Então você foi até a porta dele? — Claire perguntou, ainda segurando o riso. — E ele abriu quase nu?
— Sim. — Revirei os olhos, tomando um gole do vinho. — E foi a visão mais irritante que já tive. Ele tem essa... essa arrogância insuportável.
— E você, claro, não conseguiu deixar de enfrentá-lo. — Claire arqueou uma sobrancelha, divertida. — Esse seu lado teimosa vai te meter em confusão um dia.
— Talvez. — Dei de ombros, embora um sorriso involuntário tenha escapado. — Mas ele mereceu.
— Bom, Anastásia, talvez ele só esteja testando os limites. — Claire inclinou-se para me observar com mais atenção. — E, pelo que vejo, você gosta do desafio.
— Eu gosto de silêncio, Claire. Não de vizinhos barulhentos e insolentes.
Ela riu, mas logo mudou o tom.
— E o Pierre? Alguma novidade?
Senti meu rosto aquecer levemente. Claire sabia exatamente onde cutucar.
— Nada. Ele continua o mesmo. Educado, atencioso... e completamente alheio.
— Talvez porque você é tão boa em esconder o que sente.
— Não é esconder. — Cruzei os braços. — É ser profissional. Trabalhamos juntos, Claire. E além disso...
— Além disso, você acha que ele nunca olharia pra você do jeito que você quer. — Ela terminou por mim, com um tom de quem já conhecia essa conversa.
Suspirei, frustrada.
— Não importa. Não gosto de alimentar expectativas.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Elizabeth Da conceição
Essa mulher não brinca não.
Ela não leva desaforo para casa😅
É o homem da sua vida, só não sabia ainda.🤣🤣🤣🤣
2025-03-07
0
Cintia Maria Lemos Tavares
Vamos contar às meninas kkkk que ele se lascou e vai ser mais possessivo que Lui para os íntimos
2025-01-18
0
Gislaine Duarte
a mulher da sua vida só vc não sabe ainda 🤣🤣🤣🤣
2024-12-22
28