Doce Martíni
✍🏾🦊Esta história pode conter erros ortográficos e gramaticais. Além disso, quaisquer semelhanças com pessoas, eventos ou locais reais são meras coincidências.✍🏾🦊
18h45, dia 18 de outubro de 2019, Estados Unidos, Texas City.
Seguindo para o ponto de encontro, a espiã girou o volante bruscamente enquanto discutia com o diretor da agência, seu irmão. Clara estava dez minutos adiantada e dirigia lentamente para o local, um bar bem movimentado na cidade de Crystal City, no Texas.
“Clara, essa é uma missão bem simples, mas isso não quer dizer que você possa banalizá-la!”, falou Edward do outro lado da linha.
— Caramba, seu velho, é sempre a mesma coisa. Eu já estou a caminho do ponto de encontro, é só colocar o estuprador para dormir. Você sabe que eu odeio esse tipo de missão. Eu não suporto esse tipo de criminoso — Clara choramingou ao telefone.
“Eu sei, só não mate o cara. Apenas o coloque para dormir e avise pelo comunicador que a polícia já estará a caminho logo após você...”, ele advertiu.
— Ei! Não me ensine o meu trabalho. Velho irmão, você é tão mau com a sua irmãzinha!
“Ok, desligando”, disse Edward, finalizando a ligação.
“Esse idiota, as minhas férias estão bem próximas. Caribe, biquíni, bronze e vodca… eu vou ser tão feliz longe de você e do trabalho”, pensou Clara.
“Faltam quinze minutos para o encontro”, gritou Nóz no comunicador.
— Merda! Quase me deixa surda, — ela sussurrou, tocando no comunicador.
Ela nunca falhou em nenhuma missão e prometeu ao pai que nunca falharia. Vinda de uma família de espiões, seria uma vergonha falhar, especialmente considerando que seus pais morreram em uma missão, o que foi muito triste. No entanto, eles morreram tentando ajudar o país e como heróis. Quem poderia prever que as Torres Gêmeas cairiam naquele dia? Sempre que tinha uma nova missão, as lembranças vinham à sua mente. Seria medo de morrer ou de falhar? Querendo ou não, “quem tem cu tem medo”.
Bebeu um gole de vodca, Tito’s Handmade, sua preferida, que sempre lhe dava sorte nas missões. Era o que ela acreditava: cada um tem suas próprias superstições.
A missão já estava acontecendo há 3 meses, a mesma adrenalina de sempre, observar e ser vigilante a cada passo do suspeito em questão, a deixava muito excitada. Clara amava as armas, algemas e chamar o suspeito de “idiota” quando era pego. A face de horror por saber que seu disfarce fora descoberto.
O homem era um indivíduo de cerca de 50 anos e estatura mediana. Ele tinha uma predileção por meninas menores de idade, e o crime que havia cometido era repulsivo. Sendo um fugitivo no Texas, estava disfarçado, com seus cabelos loiros tingidos de preto, em busca de suas próximas vítimas. Ele estava sendo seguido e monitorado. Frequentava um bar ou uma casa noturna próxima à pousada onde alugara um chalé. Às sextas-feiras, ele sempre saía acompanhado do bar. Há menos de um mês, mudou-se da capital para o interior do Texas. Hoje seria seu último dia de liberdade, já que não prosseguia-se vigilante.
“Pronto, agora eu estou bem quente, confortável, quentinha…”, Clara pensou após beber sua dose de vodca ardente, com a cabeça deitada sobre o volante do veículo.
“Agente C, o suspeito já está no local de encontro, dê seu show!”, Nóz, seu parceiro, gritou pelo comunicador.
— Que show, o quê! Cala a porra da boca!
“Você bebeu, novamente?”, Nóz indagou em um tom de desapontamento.
— Só foi um gole, dá sorte. Vou desligar, já estou em frente ao bar.
Clara escondeu a garrafa de vodca no porta-luvas. Após descer do carro, um Cadillac DeVille de 1998, bateu a porta com força e vestiu seu casaco de moletom.
— N. Esse carro é horrível! — murmurou Clara, tocando o comunicador.
“Foi o máximo que conseguimos”, Nóz murmurou de volta.
A agência gostava de dificultar suas missões. Ela adentrou no bar e logo avistou o indivíduo dando um xaveco barato em uma das garçonetes.
— Olá, meu amor, nunca tinha visto uma lindeza assim na minha vida — disse um rapaz bêbado.
Clara assumiu seu disfarce sem dar importância ao homem e foi em direção ao balcão onde estava o indivíduo.
— Oi! Boa noite, poderia me servir um martíni? Tito’s Handmade — pediu ela com um sotaque britânico ao barman e logo em seguida, sentou-se em um dos bancos do balcão.
— Boa noite! O que traz uma linda britânica a este fim de mundo? — perguntou o barman.
— Bom, você acredita que eu me perdi? — indagou a espiã.
O barman sorriu com a resposta direta de Clara. Ela estava atenta ao indivíduo ao seu lado, que bebia cerveja preta.
— Então esse martíni é por conta da casa — ofereceu o barman gentilmente.
— Não, eu recuso. Não seria educado. Eu queria pedir uma informação, mas justo eu pagar o martíni — disse ela, sem jeito, jogando seus cabelos pretos ondulados para trás e ajeitando a franja falsa sobre os óculos de grau.
O homem ao seu lado a encarava sem nenhum receio, e ela sentia a luxúria exalando dos olhos dele.
— Se não for muito exagero, eu adoraria pagar o seu drink e te dar a informação — disse ele, entrando na conversa.
Clara o fitou com seus olhos verdes, seu olhar estava caído e tristonho.
“Nossa, foi mais fácil do que imaginei. Talvez eu termine a missão bem antes do previsto”, ela pensou, encarando-o.
— Ah! Muito obrigada! Mas eu ainda prefiro pagar. Porém, eu gostaria da informação, seria bem grata. — proferiu entusiasmada.
Ele pousou a garrafa de cerveja preta sobre o balcão e a observou com um olhar minucioso. Clara se vestira como uma universitária, com um casaco verde ostentando o brasão da universidade, calça de moletom cinza e um all star de cano curto. Os cabelos pretos ondulados, estavam bagunçados, como se ela viajasse há dias, embora seu corpo estivesse coberto por roupas largas. O homem notou suas curvas protuberantes.
— Tudo bem, qual seria a sua dúvida? Só estou passando uma temporada, mas conheço o estado muito bem, o nosso barman também irá nos ajudar.
"Conhece realmente o estado, passou os últimos dias fugindo, como um rato”, ela pensou bebendo um gole de martíni.
O homem sentou-se ao assento próximo dela. Clara cogitou fingir nervosismo, porém pôs-se a falar de forma esbaforida.
— Ah! Estou tentando chegar na cidade de Alice, mas ouvi dizer que a rodovia está bloqueada. Pedi algumas informações sobre rotas, alguns imigrantes na cidade me ensinaram, mas o inglês deles é um pouco ruim, eu não entendi o que eles passaram para mim.
— Senhorita, o inglês dos imigrantes é uma porcaria hahahha! — O agente disfarçado de barman sorriu alto, — você tem sorte de achar esse bar, senão estaria morta!
O servente enxugava copos recém lavados, encarando Clara.
— Os imigrantes são péssimos em da informação sobre as rotas das cidades próximas, de fato a rodoviária está bloqueada, é um problema de deslizamento. Você vai ter que procurar um hotel para se hospedar até que a rodoviária seja liberada novamente. — Indagou o Barman cabisbaixo.
A espiã olhava para o sujeito, bebericando sua bebida de forma sensual. dispôs sua taça martíni sobre o balcão e colocou as mãos por dentro dos bolsos do casaco.
— Poxa! Eu acho um pouco difícil você achar um hotel com quartos vagos — disse o homem.
— Você está hospedado em algum hotel? — Indagou Clara com seus olhos verdes cintilando.
— Não, estou numa pousada lá, também não tem quarto, mas fiz amizade com a proprietária, ela é bem solidária — nervoso, o homem jogou seus cabelos para trás — se você contar sua situação, acho que ela pode te ajudar.
— Você vai ficar muito tempo aqui? — Clara perguntou, bebendo outro gole de bebida.
— Mais ou menos, você pode me acompanhar em mais uma bebida por minha conta, que tal? — ele falou com a voz grossa.
— Ah! Tudo bem, eu estou um pouco cansada da viagem, seria ótimo dar uma relaxada. — Clara prendeu os cabelos em um coque — só mais um drink, não faz mal a ninguém.
— Barman dois martíni Tito's Handmade! — O homem disse alegremente.
Os dois já haviam feito as devidas apresentações entre taças e mais taças de martíni. Clara se apresentou com um nome de disfarce, uma universitária chamada Ashley, de 23 anos, cursando a faculdade de direito, mas atrasada há alguns anos, que estava indo para a cidade de Alice pela primeira vez sozinha. Ela pôde ver como o homem ficou excitado assim que ela disse sua idade falsa.
Ele havia se apresentado como Edgar, um empresário que viajava pelo país explorando cada estado dos Estados Unidos e esbanjando sua fortuna. A espiã fingiu interesse por cada palavra entoada pelo sujeito robusto, de pele enrugada, cujos olhos pretos eram da cor das trevas. Mesmo beirando os 50 anos, ele não aparentava velhice, o que a espiã julgava ser por causa dos cabelos tingidos. Ela sentia repulsa a cada vez que ele lhe tocava: seu disfarce era impecável.
— Senhor Edgar, posso te ajudar pagando meus martínis! — Falou Ashley, em tom de embriaguez.
— Não, eu disse que era por minha conta, você já está bêbada? — proferiu Edgar, lambendo os lábios.
— Ah! Eu sou um pouco, sou franca para bebida — ela retirou os óculos e esfregou os olhos com força — não deveria ter bebido tanto.
No entanto, tratava-se de uma grande falácia. Clara nunca fora fraca para bebida; ela e seu irmão, Edward, passavam dias consumindo álcool sem que ficassem embriagados. Presumiam ser irmãos biológicos devido a essa peculiaridade, até que se submeteram a um teste de DNA em Las Vegas.
Seria um desatino convidar os irmãos para uma aposta.
Após agradecerem ao barman pelos coquetéis servidos, despediram-se.
À porta do estabelecimento, a espiã fingia não conseguir destrancar a fechadura do Cadillac.
— Você quer que eu dirija? — Disse Edgar, observando ela remexer a bunda de um lado para o outro.
— Se não for incomodá-lo, também tenho medo de pegar o volante, bêbada, — Clara sorriu, nervosa — estou muito bêbada. — Ela disse, entregando as chaves para ele e dando a volta no carro.
O homem abriu a porta e se acomodou no banco do motorista de forma apressada.
— Quando somos jovens, tendemos a viver a vida loucamente, veja, você saiu da Inglaterra para o Texas, isso é viver loucamente.
— Eu vim de avião, não tem nada de louco. — Ela disse, sem jeito, colocando o cinto de segurança. — Então, você viveu loucamente quando jovem?
— Ah! Sim, eu já fiz muitas loucuras enquanto servia no exército americano.
Era veracidade, ele era um militar aposentado devido a fraturas na coluna, o que se mostrava paradoxal, considerando a força que usava para cometer seus crimes. Qualquer esforço físico poderia ser fatal para sua condição.
A missão de Clara era sedá-lo.
Enquanto o homem divagava sobre seu passado, Clara Se lembrava do arquivo criminal dele. A autópsia das vítimas revelava que haviam sido sedadas antes de suas mortes. Se atentou a essa informação, consciente de que confiar no lobo em pele de cordeiro seria um erro premeditado.
— Chegamos, vamos indo, vou te apresentar a Abby — falou gentilmente. Edgar abriu a porta do carro e aguardou Clara sair para lhe entregar as chaves.
Eles adentraram o casaram antigo, as portas estavam abertas, o hall de entrada era extenso, as luzes amarelas deixavam o ambiente calmo. Com a arquitetura italiana, as paredes de madeira rústica, haviam sofás de couro na ala de espera e a decoração passávamos a impressão de estarem no ano de 1980.
— Boa noite, Ed. Você tem uma convidada! — A senhora de cabelos grisalhos falou por trás do balcão da pousada, sem tom de surpresa.
A senhora idosa, com aproximadamente 60 anos, possuía cabelos alvos e pele negra. Sua estatura, de cerca de um metro e cinquenta e seis centímetros, aliada ao volume de seus seios, conferia-lhe uma postura corcunda. Afrodescendente e dotada de uma simpatia contagiante, o retrato da avó perfeita.
— Hum, boa noite, ah! É... eu me chamo Ashley, desculpe, eu estou um pouco nervosa! — A espiã fingiu um tom meigo para que a senhora se comparecesse.
“Merda, que velha fofa”. Clara pensou, apertando a mão gelada da senhora.
— Por que, querida, eu não mordo e, se mordesse, a dentadura só iria atrapalhar hahahahah. — Indagou Abigail com a voz trêmula.
— Senhora abby, vou deixar vocês a sós, Ashley se precisa e algo, meu chalé é o 33 — Edgar disse, saindo do hall de entrada.
Clara observou Edgar sumir pela grande porta de vidro, sentido a um jardim, Logo deduziu que os chalés ficavam naquela direção.
Ao contar toda sua história, Abigail se compadeceu e cedeu-lhe o quarto de sua neta, já que não tinham quartos e chalés disponíveis.
Apesar de Clara preferir dormir no estacionamento, ela odiava colocar pessoas em risco durante suas missões. teve afeição pela senhora italiana...
O quarto tinha aroma de desinfetante de flores, havia sido limpo recentemente. Clara fitou uma foto de Abigail e sua neta Rose, elas aparentavam semelhança. A espiã ficou por um leve momento olhando a expressão de amor da senhora para com sua neta. Clara se sentiu mal por está enganado-a, no entanto, precisava de estadia por algumas horas. A missão iria possivelmente fazer com que a pousada estivesse nos noticiários no dia seguinte, o coração dela se apertou no mesmo instante.
Tomou banho, colocou um short jeans exibindo suas pernas bronzeadas,fixou a Colt pela parte de trás do cós do short e vestiu uma blusa de moletom cinza.
Particularmente, ela adorou essa missão, pois poderia usar suas roupas preferidas, nada de farda e balaclava.
Examinou a franja falsa no espelho, a prótese que deixava suas maçãs do rosto mais elevadas e apertou o comunicador.
— Agente C em contato!
“Hoooi, hum, como anda a missão”. Nóz falou de boca cheia.
— Seu puto! Você está bem relaxado aí, enquanto eu vou ter que entrar na toca do lobo! — Clara murmurou, revirando os olhos.
“Foi por isso que priorizei ser hacker e não Agente espião, parece que o lobo não saiu do quarto, algo a relatar”, Indagou Nóz.
Pode-se ouvir estalar de dedos do outro lado da comunicação.
— Bom, a missão já vai acabar, ele me convidou para o chalé dele, eu vou lá agradecer pelo incrível "homem" que ele é — Clara jogou o espelho de mão em cima da cama.
“Ele foi bem rápido, o Rod nem precisou te dar uma ajuda, ele está bem puto, também foi demitido no primeiro dia de barman”, Nóz deu uma risada alta.
Rodryg estava disfarçado de barman, outro espião, meio “esquentadinho”, um péssimo preparador de martíni e irmão caçula de Clara.
— Não acredito o martíni dele era péssimo, foi bem justo o proprietário demiti-lo — Clara disse em tom soberbo.
“Escuta aqui, eu estou ouvindo vocês dois”, Rodryg falou.
“Não fique chateado, garoto, só foi o seu primeiro trabalho de espião”, ainda sorrindo, Nóz tentava consolar o espião em treinamento.
— Bom! Estou indo lá, pessoal, a comemoração é por minha conta —Clara disse, otimista — Não tem como a pousada ser abafada nos noticiários? Eu não quero que aqui fique sem cliente futuramente.
“Você nunca se importa com os estabelecimentos nas missões, o que aconteceu?"
— Não é da sua conta! Só faz esse serviço.
“Não se preocupe quando souberem que o agente C pegou um serial killer, aí vai chover cliente. Show time, baby!”, Gritou Nóz em tom de otimismo.
— Seu viadinho — Clara disse em tom brincalhão — todos pensam que eu sou homem, odeio isso.
...
Ela foi em direção ao chalé; fazia frio, embora suas pernas expostas e sentissem o vento gelado, era suportável. Mesmo que Clara odiasse o frio, não sentia incômodo.
As missões demoravam dias, meses, até anos de espera para a conclusão, essa já durava três meses e esses eram os últimos minutos.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Fatima Vieira
tomara q ela se dê bem
2024-12-16
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