A cozinha se iluminava por uma única vela em um candelabro de prata no meio da grande mesa de jantar, gritos e insultos ressoavam pelo corredor, as duas mulheres se olharam apavoradas e havia mais três homens à mesa. O mordomo bebericava uma xícara minúscula de café calmamente, Ruth não acreditava naquilo. Mo. Encontrava-se sereno. Brendo devorava suas guloseimas favoritas, bolo de cenoura e o piloto ao seu lado assitir um jogo de futebol americano gravado. Próximo a lareira jazia os três seguranças.
— Eu não aguento isso — disse Ruth.
Correu para fora, atravessou varanda indo na direção do celeiro grande próximo à mansão e vomitou o jantar até seu estômago se contrair, seus olhos se encheram de água, então por uma última vez vomitou suco gástrico. Em seus ombros pousaram as mãos de Albert, o homem sorriu suavemente, seus cabelos castanhos estavam úmidos pelo sereno da noite.
— Volte para dentro, esqueceu que aqui tem lobos — Albert apontou para a direção escura — Vai vomitar no banheiro.
— O senhor Ian virou um estuprador? — Ela perguntou, limpando o rosto molhado com o avental.
— Lógico que não, ele sabe o que tá fazendo, pelo que percebi, ela vai ser a futura senhora — Albert enfatizou e sorriu alto por alguns instantes. — Ela é um tanto difícil de lidar e os gritos não são de medo.
— Isso não é consentido — falou Ruth, retirando as mãos que pousavam em seus ombros.
Com o semblante rigoroso, refez o caminho de volta, aprofundou-se novamente na cozinha.
“Vai se foder!”.
A voz fez ela se estremecer ao passar pela porta. Ruth cerrou os olhos, encarando o mordomo e saiu em direção aos aposentos dos empregados, sentia-se traída pelo próprio marido. Ele tinha que fazer algo, foi o que ela ordenou assim que o grito por ajuda veio do corredor, porém Mo. Não se moveu.
A governanta abriu a porta do quarto e logo se atirou na cama. A ala dos empregados era distante, mas os ultrajes ainda penetravam em seus ouvidos, cobriu a cabeça com travesseiro de plumas na esperança de os gritos sumirem.
…
— Nossa, tá muito frio — disse Albert sorrindo ao sentar à mesa.
Colocou as mãos no bolso do casaco e encostou na cadeira. Glória olhou profundamente nos seus olhos castanhos, ele era imaturo e sua convivência com o tio de Ian o havia deixado desumano. Os dois irmãos eram totalmente diferentes. Arnold foi o primeiro a sair da cozinha assim que os gritos começaram, e lá estava Albert com seu sorriso singelo no rosto.
— Você está muito linda hoje, Glória — ele disse, tentando tirar o semblante de fúria da cozinheira.
— Frio. Vocês são malucos, ela está gritando muito — Glória se afastou do lavabo — O Senhor Ian virou um monstro.
— Ele sempre foi assim — Brendo disse de boca cheia.
— Se ela tá gritando e por que apontou uma arma pra ele, tudo tem suas consequências — Albert justificou.
— Seus moleques do Diabo — Glória resmungou, saindo da cozinha.
Dois homens que jogavam cartas saíram para a ala dos empregados e ficou apenas um limpando uma Taurus G2C 40. A pistola estava desmontada, ele usava a luz que vinha da lareira para chegar à limpeza da arma.
— Quem é ela? — O segurança questionou.
— Ninguém sabe, a única coisa que sabemos é que a mulher tem uma relação com um agente secreto — Albert o respondeu.
— Agente secreto do tipo governamental?
— Agente C, soa familiar pra você, eu nunca ouvi falar — Brendo murmurou.
O segurança montou a arma rapidamente, mirou para os enfeites acima da lareira.
— Hum! Sim, trabalha para uma organização privada, mas presta serviço para o governo — o clique de disparou da arma sem desmuniciada ecoou — queria conhecer, sempre olho as atualizações do perfil no Instagram quando vou à cidade e ele também é matador de aluguel, mas é só uma superstição.
— Então o Derrick contratou os dois para materem o Ian ou foi o governo — Brendo disse assim que terminou de mastigar.
— Prefiro a segunda opção, — disse o mordomo pousando a minúscula xícara de porcelana.
(…)
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Fatima Vieira
será q ninguém vai salvar ela
2024-12-17
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