férias

01h30 AM...

Depois de lidar com os repórteres, tudo o que ela queria era deita-se e descansar. Quando chegasse em Chicago, sua única vontade era dormir por uma semana inteira. Ao abrir a porta do quarto, lá estavam os dois homens dormindo na única cama do lugar apertado. Clara amaldiçoou silenciosamente todos os diretores da URNOS.

Passou a sala de estar, tirou o moletom para se refrescar, colocando-o ao lado no sofá. Uma caixa de bombons Ferrero Rocher estava sobre o criado-mudo ao lado do sofá premedito em come-lo. Mas caminhou para o único quarto, deixou a mala na entrada.

Observou Rodryg dormindo com as mãos nos bolsos da jaqueta, com o brasão da seleção brasileira de futebol bordado. Ele usava também calças jeans e sapatos All Star pretos desgastados. Já Nóz cochilava com uma máscara rosa nos olhos, vestido da cabeça aos pés com roupas sociais pretas. Clara se recusou a deitar com eles na cama apertada.

Então, retornou à sala de estar desejando seus bombons de gratificação. Sentou-se no sofá, levantando poeira, e imaginou como aproveitaria suas férias no Caribe. Clara trabalhava em missões incansavelmente desde os 17 anos.

A URNOS era uma agência completamente independente, onde os agentes operavam tanto de maneira legal quanto ilegal. Seu principal cliente era o governo, mas não o único, pois possuíam sedes ao redor do mundo. Em diferentes países, os agentes recebiam codinomes com letras do alfabeto, nomes de animais, números ou abreviações de palavras. Nos Estados Unidos, a sede da URNOS em Chicago era disfarçada como um escritório de advocacia, contando com 27 espiões, mais de 50 colaboradores e recrutas atuando em campo.

A caixa de chocolates estava vazia, ela jogou a embalagem no lixo e se viu olhando para a televisão desligada.

Tenho a premonição de que isto é um adeus ao Caribe”, pensou ela.

Examinando atentamente o aparelho e sentido o telefone de missão vibrar no bolso do moletom. Desconsiderando a primeira ligação do número desconhecido, ela olhou para o telefone com uma expressão séria; seus olhos rolaram quando começou a tocar novamente.

— Está atrapalhando minhas férias — afirmou Clara, limpando os dedos manchados de chocolate no moletom.

"Férias?", a voz perguntou.

— Você prometeu!

"Ah, férias! Prometo que esta será a última missão durante seu período de descanso. Onde planeja passar suas férias?", indagou Edward sorrindo do outro lado da linha.

— Talvez eu vá para o inferno, Ed. Já completei três missões desde suas últimas promessas— retrucou Clara, visivelmente furiosa com o irmão.

"Considerando sua preferência por lugares quentes, talvez você se divirta por lá. E quanto ao martíni do novato, como estava?", perguntou Edward.

Clara se deixou afundar no sofá, depositando o celular no viva voz ao seu lado no assento.

— Meu irmãzinho vai melhorar, a missão foi bastante tranquila, já que Oliver se entregou facilmente. Meu aprendiz foi extremamente competente. Desejo comemorar cerca de quatro dias — disse ela sem entusiasmo, antecipando o fato de que teria que comparecer à agência na segunda-feira. — Liam, você viu a mensagem que enviei no noticiário para você?

“Compreendi perfeitamente o seu recado de 'eu te mato'. Acredito que eu deveria considerar a sua demissão, após ter quebrado a mandíbula do Oliver."

— Eu queria fazer umas perguntas; ele não cooperou — triste, ela pegou uma garrafa de uísque na mesa de centro e deu um gole demorado. — Eu fiz faculdade, que tal eu ser a advogada das famílias?