09h30, 25 de outubro de 2019, AGÊNCIA URNOS, Chicago.
A agência continuava em caos, um agente sequestrado e outro havia sucumbido. O diretor conversava com o ex-diretor, pelo facetime. Paul sorria de Edward, que chutava fortemente um pequeno armário de documentos.
— Coitado do Sr. Ian não acha? Tantos agentes para ele enfrentar tinha que ser logo a problemática — a risada com chiado deixava Edward mais irritado. — Meu afilhado, tenha fé, logo ela estará de volta.
O homem na tela remexeu a camisa havaiana, o suor devido ao clima quente do Caribe escorreu pela fenda dos botões abertos. Ele bebericou o coquetel de fruta, presenciando o loiro se auto lamentar.
— Fé, seu filho da puta, sabe se lá o que ele está fazendo com a minha irmã — os olhos furiosos de Edward encontram os de Paul — vou morrer a qualquer momento, estou sentindo — ele afrouxou sua gravata.
Após o sequestro de Clara, as crises de TEI de Edward ficaram cada vez mais frequentes.
— Confio totalmente nela — indagou Paul, sem dar importância para o drama do afilhado.
A porta da sala do diretor se abriu, ele arrumou o armário no lugar. Nóz entrou na sala, em suas mãos segurava um notebook com as últimas notícias e publicação de mídias sociais.
“A polícia comunicou que a caixa abandonada no parque só continha pertences femininos: um vestido, joias, sapatos, celular e uma arma. Havia um nome escrito na frente da caixa. 'AGENTE C' o que levou muitos transeuntes a pararem e tirarem fotos, o qual rapidamente circularam na Internet, não sabemos detalhes, no entanto, a polícia tranquilizou os populares, a notícia de bomba é falsa...”.
O vídeo da matéria descontinuada, Edward desligou a chamada que fazia com o ex-diretor e sentou-se à sua mesa massageou as têmporas.
Nóz sugeriu iniciar uma reunião com os demais, o diretor logo concordou, ordenou que preparassem a sala e chegaria depois, ainda tinha que resolver assuntos com a agente E.
~~
— E os noticiários estavam falando dela? — perguntou um agente enquanto remexia uma xícara de café em círculos.
— Sim, eu acabei de ver no Instagram, no vídeo a repórter diz que o esquadrão anti-bombas apareceu, mas estava tudo limpo, Nóz mandou uma mensagem e a polícia encobriu o caso com uma brincadeira de fã — respondeu Aubrey.
— E como Rodryg e ele tá?
— Arrasados, eles dois estão tentando até agora entrar no sistema de segurança dos computadores da empresa do Sr. Ian — ela abaixou o tom de voz. — Vão reproduzir o vídeo na reunião.
— Aquele desgraçado, o que ele tá pretendendo, colocando uma caixa no meio do nada, que porra significa!
— Logo quando estamos tentando salvar o rabo dele, milionário safado — Aubrey disse irritada.
— Ei, seus fofoqueiros, o diretor tá chamando. — gritou Shelly.
Os dois se apressaram para a sala de reunião, Aubrey sentou-se ao lado de Rodryg que digitava de maneira frenética no notebook, apareciam vários números seguidos em sua tela preta, Nóz começou a falar, o rapaz continuava digitando sem absorver as falas do agente.
Norman reproduziu os áudios do comunicador, a respiração ofegante do agente C finalizou a gravação e o diretor estava com o olhar furioso em direção ao televisor.
O vídeo que mostrava Ian Kung saindo do apartamento com Clara em seus braços, ele a segurava no colo, o que tornava a cena ainda mais macabra. Com as pernas dela envoltas em sua cintura e a cabeça repousando em seu ombro, o homem olhava de forma sarcástica para a câmera de segurança.
— Filho da puta! — Edward falou em descontrole.
— Esse foi o relatório, a missão foi um frasco porque o Sr. Ian foi mais esperto. — Nóz jogou uma pasta sobre a mesa e desligou o laptop à sua frente.
Shelly conectou o cabo HDMI em seu notebook, abriu uma pasta de arquivos e exibiu uma foto de um desconhecido. O homem loiro estava sorrindo, Rodryg olhou a imagem, fechou seu aparelho.
— Quem é esse puto? — Ele disse, colocando o capuz na cabeça.
— Eu fiquei curiosa e fui em busca desse cara, que o Sr. Ian falou, — ela mostrou a fachada de uma firma imobiliária — Derrick é um inimigo da família Kung, a agente C não morreu. — disse com toda certeza.
Shelly passou a foto do homem que estava jogando golfe e apareceu uma foto de uma jovem, cabelos pretos, lisos, sorrindo, aparentava ter por volta de 17 anos e usava uniforme escolar.
— A Clara já fez missão que envolvia ele? — Rodryg questionou, incrédulo, se lembrou da época em que a conheceu. Na foto, estava igual ao dia do encontro, mas usava lentes de contato escuras e cabelo liso.
— Essa não é ela — Edward se ergueu do seu assento e caminhou até o televisor examinando a foto — que porra é essa Shelly?
— Essa é a mãe do Sr. Ian, Alice Kung!
— Mãe? — Aubrey falou com semblante tenso, olhou para Rodryg e vomitou aos pés dele.
— Que nojo Aubrey — ele murmurou.
— Desculpa.
Rodryg e Aubrey saíram da sala, ele a puxou pelo braço. Edward revirou os olhos diante daquela cena ridícula: uma agente que matava pessoas sem o mínimo de misericórdia vomitando ao ver uma simples foto. Logo depois, Rodryg voltou e limpou toda a sujeira, entrando no pequeno lavabo da sala. Sua atenção estava voltada para as falas de Shelly.
— Ela namorava esse Derrick pelo menos é o que está no perfil, não achei nada em seu nome — ela retirou a foto e colocou uma foto de um impresso de jornal. Alice estava andando com um lenço cobrindo o rosto, acompanhada de um homem altíssimo e segurava firme na mão de um menino loiro.
— Esse é o pai do Ian, Dallas Kung, hoje em dia não se sabe nada dele, o “idiotinha” segurando a mão da Alice é Simon — ela mudou a foto e logo apareceu o mesmo homem com uma cicatriz no rosto — esse é o irmão gêmeo de Dallas, Daff. Simon é o gêmeo de Jhuliene bem curioso, não é. — ela exibiu uma foto de Daff ensanguentado, — esse homem é um maníaco.
— Achava que Ian Kung era um bastardo — Rodryg se sentou à mesa e abriu seu laptop.
— Por quê? — uma agente perguntou.
— Ele é o único com cabelo preto na família.
— Talvez seja o cabelo que o faça ser o mais inteligente — Shelly sorriu.
Edward cerrou o olhar em sua direção.
— A questão é que a Clara está vivíssima e temos que trazê-la de volta — Paul falou, o ex-diretor estava em facetime — procurem todas as residências em posse da família Kung, seja em qualquer lugar do mundo, as outras agências forneceram total apoio, estou desligando essa “punkinha”, está fodendo minhas férias.
O diretor saiu da sala, deixando apenas os agentes e hackers. Shelly também se retirou, preferindo a solidão para trabalhar. Nóz se debruçou sobre seu laptop, exausto e com os olhos pesados de tantas noites mal dormidas. A imagem daquela foto ainda queimava em sua mente, roubando-lhe qualquer esperança de um sono tranquilo. Rodryg, com uma expressão devastada, também se retirou, carregando o peso de um fardo invisível.
Visitar os setores não ajudava; ele estava sem ideias. O expediente estava acabando e os hackers não conseguiram invadir os sistemas da Compus, que eram uma verdadeira muralha.
“Que caralho, por que a Shelly não invadiu o sistema quando teve chance?”, pensou, enquanto passava pela academia da agência. Alguns estagiários lutavam no tatame. Se Clara estivesse ali, estaria derrubando um após o outro com seus chutes certeiros no peito dos coitados. Ela preferia isso a revisar os relatórios de missão. Sacudiu a cabeça negativamente e começou a caminhar em direção ao escritório do agente C. Ao entrar, foi até a pequena cafeteria e fez outro expresso. Já havia perdido a conta de quantos tomara. Rodryg digitava furiosamente no computador; ele tinha dois programas de invasão de sua autoria, e nenhum funcionava.
— Você lembra do dia que invadiu o meu e-mail? — Nóz sorriu, em seguida bebeu da xícara de café.
— Ah… Foi muito fácil, você adora sites de namoro — Rodrgy deitou a cabeça sobre o teclado do computador.
Norman arregalou os olhos, após um lampejo;
— Esperai, eu tive uma ideia.
Logo após ele voltou segurando seu laptop preto, se jogou no sofá verde, abriu o aplicativo do Google Maps e digitou o endereço da empresa.
— Aqui tem uma cafeteira e um restaurante, você vai criar promoções falsas — Nóz falou sorrindo.
— Cavalos de Troia, isso é tão dois mil e treze — Rodryg revirou os olhos.
Mas logo começou a digitar no computador, tempos depois ele enviou o cupom de vale direto para o e-mail de Norman.
— Com certeza deve ter algum inventor gordinho doido por donuts — exibiu o convite rosa com Homer Simpson segurando donuts, na camisa branca estava o anúncio de promoção.
— Quem conseguir o primeiro abestalhado ganha — Rodrgy disse em português, encarando suas pizzas de convite flutuarem.
— O quê você disse? — Nóz falou incrédulo.
Ele repetiu sua fala em inglês, e o parceiro soltou uma gargalhada alta. Em pouco tempo, eles estavam controlando o sistema da empresa. Uma mulher chamada Ema Collins havia confirmado seu pedido promocional. Nóz a achou extremamente bonita; ela trabalhava na administração e seus olhos castanhos estavam arregalados enquanto olhava o nome “Agente C” piscando na tela de seu computador de trabalho.
— Você vai ter que me servir café durante um ano — Nóz falou sorrindo.
— Vamos brincar um pouco com eles, você prefere o ruído ou a voz de robô — Rodryg olhava animado para o programa na cor rosa bebê.
— Eu falo, mas primeiro o ruído.
Direcionando o cursor do mouse, Norman apartou “ENTER” e começou a fazer sua risada maligna.
~~
O ruído era tão alto que os colaboradores não conseguiam ouvir os seus próprios gritos, a mulher que havia clicado na promoção foi a primeira a desmaiar. Jhulliene saiu de sua sala com o semblante tão rigoroso, entrou no elevador descendo para o subsolo da empresa, lá ficava a área de TI, os homens e mulheres olhavam para os computadores, atônitos.
— Resolvam esse Caralho. — Jhulliene gritou, com as mãos pressionando a orelha.
— Não dá, eles invadiram tudo. Acho que foi o governo — Um homem de óculos e cabelos bagunçados apontava para o distintivo em sua tela.
O barulho parou e se seguiu uma voz robótica.
“Jhullie, onde está seu irmãozinho?”.
— Eu não sei — Jhulliene gritou.
“Só vamos sair dos seus computadores quando falamos com Ian Kung”.
— Mas precisamos trabalhar.
“Usem papel e caneta querida”.
— Quem são vocês? — Ela falou.
Novamente o ruído ecoou por alguns instantes, a resposta foi emitida com um nome da agência, donuts ficaram flutuando na tela em cor de rosa. Ela saiu da ala de TI após gritar com os trabalhadores e digitou algo na pequena tela do relógio, odiava aquele relógio, mas era a única comunicação que poderia chegar no local em que Ian se encontrava.
…
O expediente havia terminado. Rodryg transferiu os dados para o seu notebook; ele e seu parceiro haviam combinado de brincar com os empregados da empresa, saindo do sistema e voltando com mensagens invasoras.
Rodryg entrou em seu carro, saiu da garagem e dirigiu até o interior de Chicago, decidido a passar os dias de folga na casa de sua avó.
No passado, ele ficou assustado ao ser apresentado a ela, mas a senhora logo ordenou que a chamasse de vovó. Obediente, seguiu suas ordens. Os cabelos dela eram longos e grisalhos, e seus olhos de um azul-escuro profundo, iguais aos da mãe de Edward e Clara. Seu nome era Afrodite Rust, como a deusa grega. Na juventude, sua beleza fazia jus ao nome, mas seria uma ofensa chamá-la assim. Ela logo quis saber tudo sobre o novo neto e, meses depois, falava português melhor que Rodryg e adorava comer cuscuz com manteiga. Confessou que queria se mudar para o interior da Paraíba o quanto antes, o que deixou Edward com crises de ciúmes por vários meses.
(…)
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Fatima Vieira
vai atrás da sua irmã
2024-12-17
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