19h35, 23 de outubro de 2019, Los Angeles, apartamento de Ian Kung.
O vapor da água quente preenchia todo o banheiro. Ele levava menos de quinze minutos para se preparar para seus compromissos, fossem formais ou informais, e esse também era o tempo máximo que dedicava aos seus encontros. Não tinha interesse nos jantares arranjados por seu pai e irmão.
Dallas, seu pai, desejava que Ian tivesse herdeiros o mais rápido possível, mas ter filhos com qualquer pessoa não estava em seus planos. Ele sempre usava proteção com as mulheres com quem se relacionava, acreditando que a maioria tinha intenções além do mero prazer. A sua percepção, todas possuíam interesses pessoais ou eram superficiais.
Ele repudiava mentiras e ser enganado.
Estava cansado, há mais de quatro meses não participava das “entrevistas”, mandava uma quantia de dinheiro e as mulheres diziam não gostar dele, como acordo.
Ele saiu da divisória do amplo banheiro, onde a neblina no box se transformava em gotas de água deslizando pelo vidro azulado. Vestiu o roupão de banho preto e passou a mão pelos cabelos, arrumando-os para trás. Em seguida, usou uma toalha para secar os fios. Analisou seu cabelo no espelho redondo acima do lavatório de mármore. Seus olhos azuis com raios amarelos refletiam no espelho úmido enquanto observava seu corte “bowl cut”. A franja precisava ser aparada.
Assim que saiu do banheiro, caminhou para o vestuário, colocou apressadamente roupa íntima, um terno preto e uma gravata cinza-escuro, voltou para o quarto, jogou um sobretudo sobre a cama e começou a fazer o nó da sua gravata.
— Por que você simplesmente não dá dinheiro para ela? Assim a gente pode ficar juntos mais essa noite. — Sugeriu a mulher com o semblante dengoso. — Você odeia esses encontros.
— Tem a porra da foto, não é tão fácil enganar meu velho — ele observou-a, calçou as meias que estavam em seu bolso. — Apresse-se, não voltarei. — Ian calçou os sapatos, vestiu o casaco e saiu do quarto.
— Ah? Eu quero ficar aqui no seu apartamento!
— Não! — Ele gritou da sala de estar, fechando a porta de entrada e saindo do apartamento.
Seus cabelos ainda estavam úmidos, intencionalmente, penteou com as mãos para trás, as mechas fizeram ondulações, sua cabeça não parava de latejar, seu corpo precisava de descanso, mas havia muitas tarefas inacabadas. O telefone vibrou em seu bolso, tirando seu pensamento da ilha onde era seu refúgio.
Ele notou a hora no celular (19h50).
— Vai me dizer que ela já chegou? — ele disse ao atender a ligação.
“Não, é. Posso fazer umas brincadeiras? Estou muito entendido aqui”, Simon falou, sua voz estava embriagada.
Era o irmão mais velho, 28 anos, no entanto, não agia como tal, também era muito medroso para ser um irmão que protegia seus irmãos mais novos.
— Você quer fazer sua futura cunhada de escape, vai em frente! Só vou ficar 5 minutos — Ian pressionou a têmpora esquerda, tentando se livrar da dor de cabeça.
“Quinze minutos, Ian!” — advertiu Simon sorrindo.
Ian suspirou irritado.
“Ela é bem mais bonita que essa peçonhenta que dormiu com você, não quero meus sobrinhos com aquela cara”.
— Apenas me divirto com a Mônica, nada sério, sabe que ela não pode ter filhos. — Saindo do elevador, puxou a porta do carro estacionado à sua espera, o motorista o cumprimentou, Ian acenou com a cabeça e se introduziu no carro. — Se eu tiver filhos com ela, serão defeituosos.
“Há espécies de cobras que comem seus filhotes assim que nascem”, Simon provocou.
— Chego em três minutos!
Desligou a ligação e guardou o celular no bolso do sobretudo. Enquanto o carro era direcionado pelas ruas de Los Angeles, olhava pela janela o movimento caótico da noite na cidade. As luzes brilhantes, o tráfego intenso e a energia vibrante da metrópole refletiam o tumulto de seus próprios pensamentos.
(...)
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Fatima Vieira
será q ela vai se apaixonar por ele
2024-12-17
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