14h55, 23 de outubro de 2019, (LAX) Aeroporto de Los Angeles.
O aeroporto estava lotado, o que facilitava a movimentação discreta dos dois agentes. Ao alcance deles, seguia uma fiscal com roupas formais. Clara encontrava-se irritada, sua mala havia sido trocada por uma mala do mesmo modelo, sua arma e roupas estavam em posse de outra pessoa, julgou os pertences na mala que ela arrastava ser de uma mulher idosa, já que no interior tinha remédios anti-hipertensivos.
— Sua tensão está assustando a fiscal — advertiu Nóz.
Clara não deu ouvidos e continuou a examinar todas as pessoas que passavam por eles no terminal com bagagem igual à sua. Sua mala tinha um chaveiro de pelúcia, um coelho marrom: por que carregar um pé de coelho, se você pode ter sorte com o animal inteiro? Era o que acreditava.
— Porra, minha mala! — Ela exclamou.
— Violet, vamos achar a mala — brincou Noz.
Clara rosnou para ele e depois voltou sua atenção para sua tarefa inicial.
— Eu não gostei desse nome — sussurrou para o parceiro, mais irritada por esse motivo, alguém tinha surrupiado suas roupas, em suas costas só tinha uma mochila com notebook, a única roupa do corpo era uma blusa de regata branca e calças de moletom cinza — esse nome me traz memória triste.
Entrelaçou os braços na altura do peito enquanto a fiscal os acompanhava, mesmo sem necessidade. Os agentes conheciam muito bem o aeroporto. Nóz estreitou os olhos negros, verificando o horário no relógio de pulso. Em seguida, abriu a caixa de mensagens do aplicativo de namoro. Não havia nenhum aviso de Simon, o que era bom. O encontro seria às oito horas da noite, então ainda tinham cinco horas para encontrar a mala. Clara parou na saída do terminal, Nóz a encarou, segurando o celular em frente ao rosto.
— Você…
— Agora estou aqui sem roupa e com um nome horrível, tantos nomes legais: Nóz, eu vou arrebentar sua cara… — falou Clara após interromper Nóz e logo apontou para uma senhora — espere, aquela é a minha mala.
— Parece que é Violet — disse Nóz sorrindo.
— Para com essa merda de nome ou eu vou chutar sua bunda até o hotel.
Do aeroporto para o hotel, foram exatamente duas horas, ela não deu importância para a arquitetura local e Nóz tirou várias fotos. Clara estava jogada sobre a cama macia, diferente dos outros hotéis, esse apresentava o nível de cinco estrelas. Fazia frio no quarto e vestia por cima da regata branca uma blusa de moletom cinza. Pensou em tirar um cochilo e aproveitar a cama o máximo possível.
— Você conseguiu entender o aplicativo? — O parceiro questionou.
— Hum-rum — ela murmurou de olhos fechados.
— E sua roupa? Que maquiagem você quer fazer, quer usar prótese no rosto? — Nóz estava entediado, todos os equipamentos estavam verificados e postos sobre a mesa de centro na sala do pequeno apartamento — é um tédio fazer missão sem o Rod. Você não gosta de sair.
— Está muito frio lá fora, mas se você quiser sair, eu vou adorar descansar um pouco, e não! Só irei usar lentes escuras. Já que minha pele está bronzeada demais, hoje prefiro não arriscar com uma prótese no rosto.
— Vou dar uma volta no bairro, então — Nóz pegou um sobretudo marrom aos pés da cama, arrumou seus cabelos pretos para trás e colocou um óculos de grau quadrado — vai querer algo?
— Tito's, minha caixa de bombons — ela fez uma pausa para um bocejo baixo, enfiou o indicador coçando o ouvido, encarou o hacker que ajustava o casaco ao corpo — e as minhas malditas férias.
~~
A comunicação estava ligada, a espiã testava o áudio mesmo com os ruídos de interferência pela proximidade dos dois, curvada, encarando o interior do frigobar. O traje escolhido, era um vestido preto de cetim, ajustado abaixo do busto, tinha uma fenda lateral que revelava uma de suas coxas torneadas. Seus seios, parcialmente visíveis, mostravam os acessórios de silicone que cobriam os mamilos. Seus cabelos caíam em cachos, emoldurando o rosto.
— Zero tempo para uma bebida, não acha? Aqui no frigobar só tem cerveja Eca! — sussurrou Clara, tocando no comunicado.
— Você demorou demais na banheira — Nóz sussurrou de volta.
Caminhava para às sete e meia, o zumbido alto fez Clara desligar a comunicação, calçou saltos, um “scarpin louboutin”, com couro legítimo de onça.
Os sapatos faziam barulhos ocos. Enquanto caminhava até a pequena sala de estar, Nóz invadiu os sistemas de câmeras do restaurante. A quatro quadras ficava o prédio residencial de luxo onde o alvo morava e os dois agentes estavam hospedados a uma distância de meia hora do ponto de encontro.
O restaurante ficava no térreo do hotel luxuoso. Na reunião, as imagens do interior eram de tirar o fôlego. Os agentes eram acostumados ao luxo nas missões, exceto pela categoria de voos ou hospedagem que a agência organizava às pressas.
— Cadê a vodca? — Clara perguntou, encarando a mesa de centro.
— Não encontre — Nóz se justificou olhando as telas dos aparelhos — isso é só superstição, você vai com esses sapatos?
— Não é só “superstição” — ela fez o gesto e aspas com os dedos — ah! Vou beber lá no restaurante, qual o problema dos meus sapatos?
— São horríveis! — abandonando a mesa com os notebooks, ele se aprofundou no interior do quarto. Pouco depois, voltou com o mesmo modelo de sapatos na cor preta. — Sei que todo mundo está usando esses sapatos de animal print, mas você não é todo mundo.
Clara franziu a testa sem entender a expressão que ele usou, em seguida sorriu e lembrou-se do seu irmão brasileiro. Trocou os sapatos, estavam apertados, conferiu a numeração olhando o solado vermelho de um dos saltos. Logo após, organizou o vestido e jogou os cabelos para trás.
Nóz borrifou levemente perfume atrás de suas orelhas, recuou, posteriormente a analisou de longe.
— Como estou? — ela perguntou com um sorriso meigo.
— Você está linda, Violet — ele falou em tom provocativo.
Clara se encolheu ao chão, ergueu o sapato de pele de onça e jogou na direção em que o parceiro estava, logo em seguida correu para a porta.
— Ei, os aparelhos, você está querendo morrer! — o hacker gritou após se desviar do objeto.
(…)
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Fatima Vieira
tinha q ter fotos deles
2024-12-17
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