infortúnio do agente "C"-part2

O primeiro a sair do avião foi o homem sorridente, e logo Arnold, que estava ao lado do mordomo, ficou desanimado. Brendo saiu estalando as costas e após o copiloto, por último, saiu Ian sem exibir o rosto da mulher em seus braços. O mordomo ficou próximo a ele, esperando suas ordens.

— Bom dia, senhor. Como foi a viagem? — Mo falou entusiasmado. Havia três herdeiros, Kung, e Ian era o seu preferido.

Percebeu que seus olhos eram os mesmos da época de sua infância, tinham felicidade por conseguir algo novo e seu pôr inteiro.

— Senhor Mo. Venha, me acompanhe — Indagou Ian, sorrindo gentilmente.

Os dois caminharam pela pista do aeródromo. As temperaturas na ilha variavam entre 6 e 12 graus Celsius, e estava fazendo 6 graus Celsius. Ele não se incomodava com o frio, o clima era perfeito para apaziguar suas dores de cabeça, pelos seus planos passaria duas semanas em seu refúgio; atormentaria a vida da mulher em seus braços até o dia da sua partida. Atravessaram a grade de proteção por uma porta de acesso, Prata o Rottweiler apareceu abanando o toquinho de rabo com curiosidade.

— Ei, garoto, você está cuidando bem da sua parceira — Ian falou em tom brincalhão — veja, encontrei uma mamãe para você — deu uma piscadela para o cão.

O cachorro se sacudiu animado, instantes depois Ian estava subindo a escadaria para o segundo andar. Mo seguiu para a cozinha ao ouvir o pedido do seu senhor, que queria ficar um pouco sozinho com a sua “convidada especial”.

— Então? — Ruth questionou assim que Mo. Entrou na cozinha.

Ela e Glória tinham os semblantes animados. Na porta que ligava o jardim, apareceu Arnold falando alto com o homem sorridente. Ele era seu irmão mais velho, Albert. Brendo entrou na cozinha, contemplou a grande mesa quadrada, havia bolo, pães, uma cesta de frutas e sucos naturais. Aos seus olhos, era impossível decidir o que comer, logo se sentou e apanhou um pedaço de bolo.

As mulheres estavam na frente de Mo. Esperando respostas.

— Ela é uma convidada especial — ele falou — quando ela acordar, vai ter gritos pela casa.

— O quê! — as duas gritaram em simultâneo.

— Passa pra cá — o jardineiro falou, estendendo a mão para Arnold.

— Filho da puta! — Arnold gritou, entregando o bolo de dinheiro.

O jardineiro segurou o montante contando as notas, o copiloto entrou se acomodando ao lado do jovem esfomeado, e igualmente o irmão de Arnold fizera. Ian apareceu na porta da cozinha, ele vestia um conjunto de moletom e seus pés estavam descalços, o seu cabelo estava bagunçado para o lado.

— O que vocês estão fazendo — ele olhou sério.

— Nada — todos falaram em uníssono.

O jardineiro passava metade do dinheiro para Mo.

— Senhor Mo. Venha comigo.

De imediato, o mordomo acompanhou-o pelo corredor extenso, não sabia o que o rapaz pensava, mas pela forma como apertava algo nos bolsos da camisa de moletom, não era nada conveniente.

Subiram as escadas a passos suaves, logo no topo, Ian caminhou rápido e alcançou a maçaneta prateada e abriu a porta.

— O que você verá, ira ser um tanto perturbador — Ian o avisou.

Mo ergueu a sobrancelha e colocou seus óculos, não queria enxergar o desconhecido com a visão turva. Assim que se infiltrou no quarto, observou a mulher despida em cima da cama e desviou o olhar.

— Isso não é algo possível.

— Ela tem olhos verdes — disse Ian, se sentando na cama, no mesmo instante a cobriu com o lençol fino — achei que era obra daquele porco, mas ela só queria roubar algo. Tentou atirar em mim com uma arma tranquilizante, o Simon é um idiota — falou sorrindo. — Bom, agora não vou precisar ir naqueles encontros malditos.

Ele tirou a camisa e se deitou ao lado de Clara, se aninhando ao rosto dela.

— O senhor Simon observou a semelhança.

— Ficou tão surpreso quanto você — Ian a puxou para mais perto de si — ela está parecendo uma boneca de porcelana gelada, acho que o Albert colocou muito clorofórmio na toalha — ele afundou o rosto nos cabelos dela. — Quero uma furadeira, correntes e algemas.

— Parece algo impossível! — Mo falou sem dar ouvidos para os pedidos do seu senhor. — Parece sua mãe.

Ian revirou os olhos ao erguer a cabeça.

— Mas ela não é, você vai ver quando estiver acordada — virou-se de bruços, inquieto. — Traga o que lhe pedi, quero dormir.

— Você tem certeza de que quer fazer isso, com uma pessoa igual à sua mãe? — Mo o questionou com uma voz autoritária.

— Grr. Já falei que ela não é igual à minha mãe.

Logo após o mordomo retirar-se, ele sacudiu a cabeça negativamente enquanto fechava a porta atrás de si. Ian tinha um tio monstruoso e ele havia ensinado coisas horrorosas para o sobrinho, aquilo era fruto da sua companhia.

Mo. Apareceu na cozinha e Glória lhe encarou com o semblante sério. Pegou uma mala de ferramentas na despensa, uma chave que ficava presa solitária em um gancho ao lado de outras chaves e saiu da cozinha.

O relógio da parede marcava sete da noite, todos jantavam em silêncio. Ian comia o mais rápido que conseguia, seus olhos estavam vermelhos. Ruth o questionou sobre o ferimento no rosto, e a respondeu com simples um sorriso no rosto.

— Foi a convidada especial — foi Albert quem disse.

Ninguém acreditou, mas o nariz dele está arroxeado como prova; Ian pegou uma garrafa de água e saiu da cozinha.

A mansão estava do mesmo jeito e observou cada detalhe enquanto caminhava para o andar de cima. A brisa gélida que vinha das janelas lhe causou algo provocativo e se lembrou da mulher dormindo no andar de cima.

— Aqui estão as coisas que o senhor pediu. — Mo entregou-lhe uma maleta e as correntes fizeram barulho ao serem entregues. — Não vou participar disso.

— Poxa? Mestre, achei que você iria querer me ver fodendo lá em cima — Ian falou em tom brincalhão, o mordomo ficou boquiaberto. — Estou brincando, Senhor Mo.

— Suas piadas, não têm graça, senhor Ian — o mordomo falou, seguindo para a cozinha.

— Você era bem divertido quando tinha minha idade.

— O Senhor vai entender quando chegar a minha idade — o mordomo gritou.

Deixou a garrafa de água ao pé da escada e subiu, enquanto as correntes chacoalhavam em sua mão, produzindo ruídos baixos. Ian entrou no quarto. Clara estava em outra posição, com a mão próxima ao rosto e uma expressão chorosa. Ele a admirou por um instante, em seguida, observou seus olhos. Organizou a furadeira e os ganchos que ele não havia pedido, mas o mordomo entendia muito bem o que iria acontecer com os elos. Fez quatro perfurações rápidas, quinze centímetros acima da cabeça dela. Logo, uma das correntes e os ganchos estavam presos conforme o esperado. Prendeu as mãos dela aos grilhões, passou outra peça de ferro entre as mãos algemadas, fechou o cadeado e colocou as chaves no móvel de noite.

Se encontrava presa em seu sonho, mas jurava ser uma punição divina. Havia falecido e Deus está dando uma última chance de provar algo bom antes de descer para o inferno. Sua mãe estava em sua frente como um espectro de alma, sua franja ficou bagunçada pelo vento quente e suas bochechas estavam vermelhas. A toalha de piquenique estava presa com tijolos de concreto, o lodo do bloco era nítido aos seus olhos, igual à imagem de sua mãe.

Seus cabelos pretos, longos até a cintura, balançavam com a brisa fresca, vestia seu vestido preferido na cor verde musgo, ele dava destaque aos seus olhos azuis-escuros e eles brilhavam de felicidade em tom involuntário. Clara tentou abraçá-la.

E a imagem ficou turva.

— Mamãe, Evellyn me deu um soco — Liam gritou.

— “tava”, brincando de espião — Evellyn disse, se justificando — Você, chorão Liam.

“Oh! Merda”, ela praguejou em pensamento assim que observou sua imagem. A menina tinha os cabelos curtos à altura do pescoço e vestia roupas de menino. Um macacão jeans e blusa amarela em seus pés, haviam sapatos rosas com logo da Barbie e sua boca tinha duas “janelinhas”expressando a falta de dentes da frente.

— Já falei para você não bater em seu irmão. — Assim que a voz suave de sua mãe foi ouvida, ela chorou.

— Você vai ser uma espiã muito briguenta.

Clara virou-se em movimento rápido assim que ouviu a voz do pai, ele ainda era alguns centímetros mais alto. Seus olhos se encheram de lágrimas novamente e ao sentir seu corpo ser atravessado pelo espectro, ela amaldiçoou o sonho, a imagem dele ficou turva. Clara, o observo agarrar a pequena garota no colo e lhe dar um beijo na bochecha.

Chorava dormindo e a gravata cinza que fora usada para vendar seus olhos estava encharcada. Ian observava, de maneira gentil, as lágrimas que escorriam. Com as mãos ao queixo, arrastou o pano para ter a certeza de que ela ainda estava dormindo.

— O que é pior, seu sonho ou a realidade? — Indagou sem esperar respostas, pois os olhos dela estavam fechados. — Para mim, o sonho é o pior lugar para ficar.

Ian deitou-se sobre o seio desnudo dela e o seu coração batia acelerado, fechou os seus olhos por um curto período. Ele olhou o celular sem sinal que marcava vinte e uma horas. Saiu de cima de Clara e ficou respondendo torpedos antigos. No bolso das calças estava o restante do baseado inacabado, fez o colo da mulher de apoio e colocou o celular em cima. Acendeu o baseado e ficou fitando a escuridão da janela, soltou a fumaça espessa, depois sugou-a do ar. Repetiu esse processo por alguns minutos até restar o final do cigarro de maconha, brincou com os cachos dos cabelos dela até se sentir entediado.

E demorou para sentir esse sentimento.

Seus olhos piscavam lentamente, caminhou cambaleando até a varanda, estava sentindo calor, do lado de fora vislumbrou a escuridão extrema e para ele o tempo passava de maneira lenta. Olhou para o horário no celular, os números lhe deram um leve delírio, mas logo presumiu serem vinte duas horas.

(…)

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Fatima Vieira

Fatima Vieira

eles são irmãos?

2024-12-17

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Capítulos
1 missão, lobo mau.
2 lobo algemado
3 gatilhos
4 férias
5 missão, lavagem de dinheiro.
6 Los Angeles
7 Bowl Cut
8 encontro
9 Girassóis
10 Garotinha Punk
11 infortúnio do agente "C"
12 infortúnio do agente "C"-part2
13 Um tédio
14 Gritos
15 Prata
16 Gold
17 Vou te caçar
18 sistema inoperante
19 Colha morangos
20 Três desejos
21 Ressaca
22 Onde está seu irmão?
23 Vislumbres
24 Simon e Ian
25 Edward e Rod
26 Sexo a parte
27 O significado disso
28 Garoto da pizza
29 Arnold
30 Sr. Kung
31 Dias anteriores
32 Sonho
33 Edward Rust
34 Laudo
35 Baby Tommy
36 cachorrinhos
37 Recado “D”
38 Seu passado
39 mensageiro
40 Simon, seria sua fuga?
41 Alucinando
42 "Agente C"
43 Adversário digno
44 chuva de ovos
45 Bolo decorado com morango
46 Sobrevivência
47 Fale algo
48 Redenção
49 Mônica Jones
50 Ratos barulhentos
51 Anel de grama
52 Jhulliene medrosa
53 injeção de sobrevivência
54 banho frio
55 Dor aguda
56 Suas notas
57 Noite quente
58 Abraço de urso
59 Filha do Derrick
60 Daphne Kung
61 Fotográfias
62 Mensagem única
63 Imprestável
64 Christian, o ruivo
65 Morto
66 Quase Natal
67 Pense nela
68 Amigos
69 Detive
70 Garotinho inocente
71 Obediente
72 Filhotes de Lobo
73 Última chance
74 Agradecimentos.
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Atualizado até capítulo 74

1
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