No momento do prato principal, Simon jazia muito eloquente, conferiu a hora no celular, se passou bastante tempo desde que ela entrou no restaurante, julgou que Ian estava se divertindo, o restaurante encontrava-se cheio e as pessoas que falavam alto.
— Sinto que estou esquecendo de algo — Simon murmurou para si de maneira tediosa, encarando o copo de uísque Royal Salute.
Edward, o garçom, estava indo em direção ao casal, passou por Simon e chamou sua atenção com uma piscadela. O loiro franziu a testa sem compreender.
…
— Não acredito em encontros — Clara respondeu sorrindo — é uma situação conveniente que os ricos usam para transarem por aí.
— Você é muito direta com as suas palavras. — Ian observou.
“Pena que ele não vá te conhecer de verdade, Clara Rust não consegue dizer uma frase sem acrescentar 'merda'. Esse é o seu pecado na terra”, falou Nóz ao abrir uma lata de refrigerante.
— Você vai querer ir para o meu apartamento então? — Ian perguntou com um olhar malicioso.
Clara franziu o cenho e ele começou a rir. Serviu mais vinho na taça dela, o garçom começou a servir o prato principal. Risoto de cogumelos, observando a mão do garçom se direcionar para sua taça por baixo do prato. Clara tentou impedir.
Mas fora tarde.
Logo sua barriga e pernas estavam encharcadas de vinho tinto. Ela cerrou a mão no ar, encarou Ian e em seguida ameaçou o garçom com um semblante sério.
“Se acalme, estou vendo a situação, fica tranquila, foi um acidente” Nóz sussurrou.
— Me desculpe, senhorita, mil perdões — proferiu o garçom.
— Tudo bem, foi, sim, um acidente — seu sorriso era falso.
Simon gesticulou com os lábios um pedido de desculpas assim que Ian fixou seu olhar severo nele. A mulher, irritada, pediu licença da mesa. Seguindo as instruções que o Hacker passava em seus ouvidos, caminhou a passos largos para o banheiro, as pessoas olhavam o vestido de cetim gotejando vinho pelo caminho.
Furiosa, ela conferiu as cabines no banheiro, o piso de mármore ficou marcado de gotas roxas, parou vislumbrando o espelho, seu rosto demonstrava vermelhidão de fúria.
— Merda! Foda-se, eu vou embora!
“Você não pode abandonar uma missão”.
— Tudo está dando errado, é melhor eu ir embora, logo! — ela apertava as mãos ao lavabo com força.
“A conversa estava indo bem. Quando a taça caiu, o Sr. Ian olhou em direção ao Simon, provavelmente foi ele, a missão só está começando”. Indagou, o parceiro esforçando-se para tranquilizá-la.
— Como um homem de 28 anos pode ser tão infantil, eu vou matá-lo! Em nome dos meus filhos — Clara disse com os olhos fechados. Imaginando-se segurando a cabeça de Simon.
Pegou uma das toalhas de mão à disposição de uso individual no mini-vestuário e começou a secar as pernas, passou entre as coxas limpando o coldre. Apertou contra a barriga, tirando o excesso de vinho no tecido do vestido.
O cheiro era enjoativo.
Após conferir a pistola tranquilizante na cabine do banheiro, encarou uma moça sorridente que se encontrava à sua espera.
— Violet Wood? — ela disse primeiro.
— Pois não! — ela disse com olhar rígido.
— O Senhor Kung lhe aguarda na porta do banheiro — o sorriso dela ficou ainda mais largo.
Clara lavava as mãos no lavabo, em seguida, secou com a toalha suja de vinho, a moça lhe estendeu um sobretudo preto.
— Isso não é meu!
— Eu sei, pertence ao senhor Kung, ele é um cavalheiro, não é? — A moça tinha os olhos brilhantes de admiração.
A espiã vestiu-o sobretudo, suas mãos sumiram. Ela exibiu as mangas para que a moça lhe ajudasse a dobrá-las, que logo completou a tarefa fazendo três dobras.
“Isso é ridículo”, pensou Clara.
Caminhando para fora do toalete e encarando os sapatos manchados. Clara esbarrou no homem de terno à sua frente. Ele a segurou firmemente pela cintura, e suas mãos tocaram o peito dele. Assim que sentiu o coração de Ian batendo acelerado, seu rosto corou. Encarando aqueles olhos frios, ela pôde perceber os traços amarelados no interior da íris, que lembravam girassóis idênticos às chamas. Eram muito mais penetrantes que os de Simon Kung.
— Acho que nosso encontro acabou — Clara disse, olhando para as mãos.
— Meu irmão é um tanto idiota, — ele proferiu, se aproximou do ouvido dela e disse — você aceita ir para outro lugar?
“Eu vou perecer, estou perecendo…”, Nóz começou a choramingar.
“Se fosse você, transaria com esse homem”, Nóz articulou fazendo um ruído de sucção.
— Se tiver chuveiro e roupas limpas — ela respondeu.
Sem demora, ele segurou sua mão, a arrastando pelo restaurante. Ela procurou Simon, a mesa estava vazia. O carro já estava à espera deles, o homem impaciente abriu a porta, em seguida a empurrou com um toque suave em suas costas. Ian deu a volta por trás do veículo, um Bentley Mulsanne, ano 2019: o modelo do ano e na cor preta. Ela observou o interior do carro, o couro fez um ruído baixo assim que Ian se sentou, cheirava a carro novo e álcool.
Clara aproveitou para retirar os sapatos de seus calcanhares, o motorista deu partida no automóvel, Ian se curvou em cima dela, agarrando o cinto de segurança ao lado de seu corpo. Causou um suspiro estranho na mulher, a tira pressionou-lhe os seios e os olhos dele ficaram fixos em direção ao colo dela.
— Se você continuar me olhando assim, terei que beijá-la — ele se afastou depois do aviso.
— Você que estava olhando para os meus peitos.
Ian sorriu alto e Clara pode ouvir a risada suave do motorista. Nóz sussurrava seu plano obsceno ao ouvido da parceira, avisou estar tendo dificuldade em invadir o sistema de câmeras do prédio onde Ian morava. Olhando as ruas iluminadas, ela sentia o olhar fixo do homem em sua direção.
~
O condutor estacionou o veículo em frente ao elevador, saiu e abriu a porta para que Clara descesse. Ian já estava à entrada do elevador. Assim que ela se posicionou ao seu lado, ele pressionou o botão no painel. Segundos depois, a porta se abriu, revelando vários espelhos à sua frente. Seu rosto estava ruborizado. Erguendo a sobrancelha em incerteza, ela entrou primeiro, pois Ian permanecia imóvel ao seu lado. A cabine era completamente espelhada, e sua maquiagem borrada foi o que viu no reflexo. Virando-se, encostou-se na parede de espelho. Ele avançou em sua direção e ela prendeu a respiração, assustada. Poderia jurar que gotas de suor escorriam de seu rosto.
— Alguém está me ligando — Ian tinha um sorriso sarcástico.
A espiã percebeu que ele atuava, aquela situação que criava seguidamente, sobretudo emprestado, o empurrão gentil e o ato de colocar o cinto de segurança. Ele queria tê-la sob controle, tímida e sem reação. Clara segurou a mão que buscava o bolso do casaco, olhou fundo nos olhos azuis em chamas.
— Você realmente quer atender essa ligação? — ela sussurrou.
Sem hesitar, ele se aproximou, pressionando-a ao cumprimento da cabine. Clara respirou com dificuldade após o toque. Seus lábios se encontraram, uma das mãos acariciava delicadamente seu pescoço, enquanto a outra se aventurava para dentro do vestido. Ela soltou um gemido quando ele segurou firmemente uma de suas nádegas, esquecendo-se de sua intenção inicial. O beijo dele se tornou intenso.
Ian a empurrou ainda mais contra o espelho, colocando a coxa entre suas pernas, afastando-as. Sentiu o coldre interromper o beijo. A expressão do homem tornou-se séria. Clara resistiu às tentativas de Ian de levantar suas vestes, ele usou seu antebraço para imobilizá-la contra a superfície fria do elevador. A espiã recuperou-se de sua missão, seus olhos verdes brilhavam de excitação, por fim desferiu um soco em seu peito.
“Porra agente C…”, Nóz gritou assim que conseguiu hackear as câmeras de segurança.
Uma pistola Taurus, inox, 9 milímetro, estava apontada para a cabeça de Clara. O parceiro soltou um gemido baixo pela comunicação.
— Porra agente C? Eu falei que ele parecia um maluco — disse ela, suas mãos estavam erguidas e seu semblante transmitia tranquilidade.
— Agente C? — Ian perguntou.
— Não estou falando com você — Clara murmurou, dando de ombros.
Ian observou, a porta do elevador abriu. A mulher desferiu um chute e a arma foi parar no chão. Ela deu outro golpe, empurrando a pistola para fora do elevador, deslocou o corpo e pressionou o botão do andar um. A saída se fechou e ela encarou Ian, que mantinha uma expressão furiosa. A espiã retirou a pequena pistola do coldre, a ponta do dardo surgiu no cano; seria muito simples disparar naquele espaço reduzido, mas Ian não era um alvo fácil como havia concretizado.
Ela disparou o primeiro de cinco tiros, atingindo o espelho, enquanto o homem, com um olhar entediado, afrouxou a gravata. Clara sentiu a mão tremer, engoliu em seco e disparou novamente. Esse homem se esforçou para tomar a arma de suas mãos, batendo contra as paredes metálicas; a todo custo, evitava agredi-la. Se desvencilhando de suas mãos, ela correu para o outro lado da cabine. Calmamente, o homem pressionou o botão do andar trinta e um, onde seu apartamento se localizava, na cobertura.
— O Derrick que te mandou? — em seguida, ele partiu para cima de Clara, que se moveu para o outro lado da cabine.
— Derrick? — tinha dúvida em seu olhar, ela deu outro, tirou, revirou os olhos, colocou a arma no bolso do casaco — você precisa ficar parado, é só um tiro para você dormir e eu vou embora.
Ela retirou os sapatos altos e seus, um metro e setenta e nove foram exposto e ele ficou ainda mais alto.
— Hahaha, você tem o tamanho de uma formiga — falou sorrindo — seu soco é bem forte, contudo sou homem.
— Já lutei contra homens mais fortes — cerrando os olhos e os punhos, ela fez guarda. — Pode ser uma tarefa árdua, mas eu sempre consigo o que quero.
A porta do elevador abriu-se novamente e Ian fitou diretamente a pistola ao chão. Clara correu primeiro, ele se empenhou para segurar em sua cintura, a arma foi desmuniciada, arremessou o pente e a arma vazia em posições opostos no grande corredor, se sentiu vitoriosa; ele a agarrou pela nuca sorriu alto, a situação o deixava irritado, no entanto, tinha uma leve sensação de prazer.
— Você tem cinco segundos para me falar quem te mandou — o homem apertou a mais forte e a trouxe para perto do peito.
— Isso é tão estúpido, eu não vim te matar — Clara deferiu duas cotoveladas rápidas, ele a soltou apertando o local dos golpes — Se eu quisesse te matar, já teria feito. — Ela puxou uma pequena faca escondida no coldre.
“Ele pegou a arma!”, Nóz gritou.
— Que gentileza, acabei de decidir que vou me casar com você.
“O quê!”, Nóz gritou novamente na comunicação.
O tiro foi disparado seguido de outro. Clara olhou para a parede, após se desviar, o dardo estava no chão, deu um sorriso cansado.
Ofegou uma vez.
Pôs a mão sobre o peito.
— Senhor. Você errou!
Sua visão ficou cansada, olhou para o sujeito que a assistia sorrindo com a mão sobre a boca, encarou suas mãos perante o rosto, elas tremiam e ficavam cada vez mais turvas.
“Ele acertou você C!”, Nóz choramingo na comunicação.
O dardo com mini-penas brancas atingiu a perna esquerda, ela deslizou a mão trêmula e o retirou, expressando medo em seu semblante, atirou o dardo na direção do homem que sorria alto em descontrole, era uma risada aterrorizante. As pálpebras da mulher se fecharam e, antes que caísse, Ian a agarrou no colarinho do sobretudo e a arrastou para a porta do apartamento. Colocou o polegar na fechadura eletrônica e logo ingressou no espaço interno do imóvel.
Clara falhou pela primeira vez em uma missão.
(...)
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Atualizado até capítulo 74
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Fatima Vieira
caraca
2024-12-17
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