A corte estava em tumulto. Os ecos de passos apressados e murmúrios abafados percorriam os corredores do palácio imperial. Severiano, o Imperador, estava em sua sala de audiência, examinando documentos e relatórios. Sua testa estava franzida, os olhos sombrios fixados em uma carta particular que ele acabara de receber.
Ele soltou um suspiro de frustração, esmagando a carta com os dedos. Não era apenas a falta de notícias sobre Isadora que o irritava; o comportamento dela, sua repentina aliança com o Duque do Norte, estava se tornando uma ameaça visível à sua autoridade. E isso, ele não toleraria.
— Chame o capitão da guarda! — gritou Severiano, sua voz imponente, cortando o silêncio da sala.
Momentos depois, o capitão, um homem de expressão severa e postura rígida, entrou rapidamente.
— Vossa Majestade?
— Eu preciso de informações, agora — ordenou Severiano, seus olhos queimando com raiva. — Sobre a Isadora. Onde ela está? O que está fazendo? Eu sei que ela se afastou da corte, mas a questão é: *por que*?
O capitão hesitou por um instante, avaliando se devia ou não revelar tudo. Mas não havia como esconder mais.
— Majestade, ela... ela se afastou para o Norte. Parece que está tomando uma aliança com o Duque Theodore.
Severiano congelou por um momento, os dedos se apertando na mesa com força. Ele já desconfiava da aliança entre Isadora e Theodore, mas ouvir aquilo da boca do capitão o fez perder a calma.
— De novo o Duque do Norte? — ele repetiu, quase em um sussurro. A raiva tomava conta dele. — O que ela pensa que está fazendo?
O capitão engoliu em seco.
— Ela... ela parece determinada. Além disso, parece que o Duque aceitou o casamento com ela, mas não sem condições. Ela está lidando com questões em suas terras, tentando resolver alguns problemas com os mercadores.
Severiano explodiu em uma risada fria e amarga.
— Problemas com mercadores? Isso é o que ela está fazendo agora? Onde está a princesa Isadora que eu conhecia? Ela jamais faria isso antes!
Ele parou, respirando com dificuldade. O pensamento de Isadora longe dele, longe do palácio, mexendo com os planos dele... Isso o fazia perder o controle.
— Eu quero saber tudo — ordenou Severiano, a voz agora mais grave, ameaçadora. — Todos os passos de Isadora, desde o momento em que ela saiu de meu domínio. Não me importo com as circunstâncias. Eu a farei voltar.
O capitão, com sua lealdade inabalável, fez uma breve reverência.
— Sim, Majestade. Iremos iniciar a investigação imediatamente.
Enquanto o capitão se retirava, Severiano se sentou pesadamente em seu trono, os olhos fixos em um ponto qualquer da sala. Ele sabia que algo estava errado. O que começara como um simples afastamento de Isadora da corte agora parecia uma ameaça. A jovem que ele havia casado, que ele acreditava possuir e controlar, estava se afastando de tudo que ele conhecia. Estava criando alianças que desafiavam o poder dele.
Mas ele não se daria por vencido. Não podia.
— Eu a terei de volta — murmurou, com os dentes cerrados, sem perceber que suas palavras ecoavam pelas paredes vazias do palácio.
Do outro lado da cidade, Isadora estava longe de saber do tormento de Severiano, o Imperador, estava passando. No castelo do Duque do Norte, ela estava mais tranquila do que jamais estivera no palácio imperial. Embora o clima frio e áspero do Norte fosse implacável, a liberdade que ela sentia ali era uma sensação que nunca tivera na corte.
Era uma sensação de poder. De controle. Ela estava longe do domínio de Severiano, e cada dia que passava parecia confirmar sua decisão de se unir a Theodore.
Enquanto ela passeava pelos jardins congelados, uma das criadas se aproximou, trazendo notícias.
— Minha senhora, tenho uma mensagem para a senhora. É de um mensageiro enviado pelo imperador.
Isadora franziu a testa, seu olhar desconfiado. Ela pegou o pergaminho e leu as palavras rápidas e ameaçadoras que estavam escritas ali:
*"Você foi esquecida, mas ainda me pertence. Não me desafie, Isadora. Sua posição está em risco. Severiano."*
A mensagem fez seu coração disparar. Apesar de sua decisão de cortar os laços com o Imperador, ele ainda não parecia disposto a deixá-la ir tão facilmente.
— Ele realmente pensa que ainda tem poder sobre mim? — ela murmurou para si mesma.
Ela olhou para a criada, que ainda aguardava, ansiosa.
— Diga ao mensageiro para retornar com uma resposta. Diga-lhe que eu decidi meu destino, e não há mais caminho de volta para mim.
No castelo imperial, Severiano estava em sua sala de guerra, com o capitão da guarda e alguns outros conselheiros reunidos à sua volta. Eles haviam coletado informações suficientes, e estava claro que Isadora estava cada vez mais distante de seu controle.
— Está confirmado — disse o capitão, com a voz grave. — Ela tem a intenção de se casar com o Duque do Norte. A aliança entre os dois está consolidada.
Severiano bateu a mão na mesa, fazendo os papéis caírem ao chão.
— Isso não pode acontecer! — gritou ele, seu rosto vermelho de fúria. — Se ela se casar com ele, a aliança entre o Sul e o Norte será selada, e a minha autoridade será irrelevante aqui no Leste será afetada. O que ela quer, mais uma vez, é me desafiar publicamente.
Ele se levantou, caminhando pelo salão com passos pesados. A raiva o consumia.
— Eu preciso de um plano para trazê-la de volta. Não podemos permitir que ela fuja com Theodore. Não depois de tudo o que construímos.
O capitão, sempre atento, sugeriu:
— Talvez a corte do Norte tenha algo a esconder. Se conseguimos expor algo que prejudique a reputação do Duque, isso pode ser a chave para enfraquecer a aliança.
Severiano olhou para ele, os olhos brilhando com uma malícia fria.
— Exatamente. Vamos investigar o Duque. Se ele tem algum segredo, vamos usá-lo contra ele. Se Isadora não voltar para o Sul por conta própria, nós a traremos de volta, mesmo que isso signifique destruir a aliança.
Com uma expressão impiedosa, o Imperador acrescentou:
— Eu vou manter o controle. Ela me pertence.
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Atualizado até capítulo 101
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