A manhã amanheceu com um céu claro e sem nuvens, mas dentro de Isadora, uma tempestade de pensamentos a assolava. A conversa com Helena sobre as lendas do Duque do Norte, Theodore, não a havia deixado em paz. A cada momento, mais perguntas surgiam em sua mente, mais inquietação tomava conta de sua alma. Como ela poderia se aliada de um homem sobre o qual se sabia tão pouco, especialmente depois de ouvir as histórias sobre ele? Não, ela não poderia seguir em frente sem primeiro entender quem era esse homem e quais eram suas intenções.
Isadora sabia que a única maneira de tomar uma decisão mais firme sobre o casamento com o Duque do Norte era conhecê-lo pessoalmente, sem intermediários, sem mais lendas ou rumores. Ela precisava ver com seus próprios olhos, ouvir com seus próprios ouvidos. E isso significava tomar uma decisão ousada: procurá-lo ela mesma.
Enquanto se preparava para o dia, com o peso da responsabilidade em seus ombros, seus pensamentos eram uma mistura de excitação e receio. Ela não poderia mais continuar a viver refém das histórias que os outros contavam sobre o Duque. Ele poderia ser tão implacável quanto as lendas diziam, mas também poderia ser apenas um homem como qualquer outro, com suas próprias dores e motivações.
Depois de terminar sua refeição matinal e se arrumar com um vestido quente, porém elegante, Isadora deu ordens para que seu coche fosse preparado. Ela não estava indo a um evento público ou reunião oficial; ela estava indo em busca de respostas. Precisava ir até o castelo do Duque do Norte, onde ele passava a maior parte de seu tempo, para descobrir quem ele realmente era.
O trajeto até o Norte não era curto, mas ela estava disposta a enfrentar qualquer obstáculo até mesmo as neves do Norte. Não sabia o que encontraria ao chegar, mas seu coração pulsava forte, como se algo estivesse prestes a mudar em sua vida. Ela precisava dessa confrontação, dessa resposta que só ele poderia dar.
Quando finalmente chegou ao imponente castelo de Theodore, a vista do lugar a fez hesitar por um momento. O castelo, com suas altas torres e muros de pedra fria, parecia uma fortaleza intransponível, assim como o próprio Duque. Isadora, no entanto, respirou fundo e desceu do coche com passos firmes. Não havia mais volta.
Ao entrar no castelo, foi recebida por um criado que a conduziu até o salão principal, onde o Duque costumava se reunir com seus aliados e visitantes. Ela sentia os olhares curiosos de servos e guardas, mas manteve a postura imponente, como uma rainha que sabia exatamente o que queria.
Logo, uma porta maciça se abriu à sua frente, e ela entrou em um salão vasto, onde, à luz de candelabros dourados, o Duque do Norte estava sentado em uma cadeira de couro escuro, lendo um pergaminho. A presença dele era inegável; ele emanava uma aura de poder e controle que parecia consumir a sala inteira. Mas havia algo mais no seu olhar, algo que Isadora não conseguia decifrar completamente.
Quando ele a viu entrar, seus olhos intensos se ergueram da leitura. Não havia surpresa, apenas uma calma imperturbável. Ele colocou o pergaminho sobre a mesa de madeira escura e se levantou lentamente, observando-a com um olhar atento.
— Princesa Isadora — sua voz grave cortou o silêncio, e ele fez um movimento sutil com a mão, convidando-a a se aproximar. — Não esperava sua visita. O que a traz até o meu castelo?
Isadora não recuou nem por um segundo. Seus olhos se fixaram nos dele, desafiadores, mas também cheios de uma curiosidade profunda.
— Eu precisava vê-lo com meus próprios olhos, Duque Theodore. As histórias sobre você... são muitas. Mas elas não dizem nada sobre quem você realmente é. Eu quero saber quem é o homem que está por trás dessas lendas.
Theodore observou-a por um momento, uma expressão enigmática cruzando seu rosto. Ele parecia não se surpreender com a audácia da princesa, mas isso apenas tornava a situação ainda mais intrigante.
— As lendas, hmm... — Ele soltou um suspiro baixo, como se tivesse se acostumado com as palavras que os outros pronunciavam sobre ele. — E você acha que eu sou o monstro que dizem ser, princesa?
Isadora deu um passo à frente, decidida.
— Não, não estou aqui para acreditar em rumores. Estou aqui para ver a verdade por trás do que dizem. Eu sou uma mulher de decisões, Duque. E se eu vou fazer uma aliança com você, preciso entender quem você realmente é. Não posso tomar uma decisão baseada em palavras vazias.
Theodore ficou em silêncio por um momento, analisando-a, como se ponderasse suas palavras. Ele deu um leve aceno, como se finalmente compreendesse suas intenções. Então, com um gesto, indicou para que ela se sentasse em uma cadeira próxima, diante de sua mesa.
— Então você deseja ver a verdade? — perguntou ele, com um sorriso que parecia quase irônico. — Pois bem, princesa. Eu lhe mostrarei.
Isadora sentou-se, observando-o atentamente. O que ele faria agora? Ela estava preparada para qualquer coisa, mas a maneira como ele se movia, como cada palavra que ele dizia parecia carregada de um peso desconhecido, a deixava ainda mais ciente de que ele não era alguém comum.
Theodore ficou de pé e caminhou até a janela, olhando para as vastas terras ao longe. Seu semblante era sério, como se estivesse em outro mundo. Finalmente, ele falou.
— Eu não sou o homem que todos pensam. Não sou uma criatura da escuridão, nem um monstro insensível. Sou um homem marcado por escolhas difíceis, por um passado que muitos temem conhecer. Eu tomei o que era meu por direito e fiz o que foi necessário para garantir minha sobrevivência e de meu povo. Mas, como qualquer homem, tenho meus próprios dilemas.
Isadora o observava em silêncio, absorvendo cada palavra. Ela sabia que ele estava se revelando de uma maneira que poucos fariam. Mas a verdade ainda parecia distante, como se ele estivesse apenas tocando a superfície de algo muito maior.
— Você matou pessoas, Duque? — ela perguntou, sem rodeios. — Você é realmente o monstro que dizem ser?
Adrian virou-se lentamente para ela, seu olhar agora mais suave, mas ainda assim poderoso.
— Eu matei, sim. Mas foi em defesa do que construí. A verdadeira monstruosidade, princesa, não está no que fazemos, mas nas razões pelas quais fazemos. Eu matei para proteger meu reino, minha família, meu povo. E se isso me torna um monstro, então sou um monstro para aqueles que não compreendem o peso do poder.
Isadora o estudou atentamente. O que ele dizia fazia sentido em muitos aspectos, mas havia algo em seu olhar que ainda não conseguia entender completamente. Ele não era apenas um monstro. Ele era um homem com suas próprias batalhas, com sua própria guerra interna.
— Eu não vim aqui para julgá-lo — disse ela, finalmente, após uma pausa. — Vim aqui para entender se você é digno da minha confiança, Duque. E agora, tenho uma decisão a tomar.
Theodore a olhou intensamente, como se soubesse o que ela estava prestes a dizer. Ele não falou nada, apenas aguardou.
Isadora se levantou, sua decisão finalmente cristalizada. Ela sabia o que fazer.
— Eu aceitarei sua proposta de se sua aliada Duque. Mas saiba que estou ciente de quem você é. E, a partir de agora, nossos destinos estarão entrelaçados. Não mais como o monstro e a princesa, mas como duas forças que se enfrentam, que se moldam.
Ele sorriu, o sorriso mais verdadeiro que ela já vira, e se aproximou.
— Então, seja bem-vinda ao meu mundo, princesa Isadora. O jogo acaba de começar.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 101
Comments
Marili Lima
eu já tô doida pra ver ele com ciúmes dela /Shy//Slight/
2025-01-05
1