A viagem ao Norte foi longa e exaustiva, mas Isadora permaneceu firme, era para ir em 3 dias, mais ela queria mais rápido possível se distancia do império, mesmo quando o frio do inverno começou a se infiltrar pelas janelas da carruagem. Quando finalmente avistou o castelo do Duque Theodore, sua grandiosidade impressionou-a. As torres negras erguiam-se como sentinelas contra o céu cinzento, e as muralhas grossas pareciam intransponíveis. O lugar exalava uma força que refletia o próprio Theodore.
Assim que sua carruagem atravessou os portões do castelo, Isadora foi recebida por um pequeno grupo de criados. Theodore estava entre eles, seus olhos fixos nela enquanto ela descia com cuidado os degraus da carruagem. Apesar da longa viagem, Isadora manteve a postura impecável, o que não passou despercebido pelo Duque.
— Bem-vinda ao Norte, Lady Isadora — disse Theodore, curvando levemente a cabeça em sinal de respeito.
Ela sorriu, um sorriso contido, mas confiante.
— Obrigada, Vossa Graça. Espero que meu traje esteja à altura de sua reputação de exigência.
Ele levantou uma sobrancelha, surpreso pelo tom brincalhão.
— Não esperava menos de você. Venha, vou acompanhá-la até seus aposentos.
Os dois caminharam lado a lado pelos corredores do castelo, acompanhados pelo som de suas botas ecoando no chão de pedra. Theodore observava Isadora de relance, intrigado com a calma que ela demonstrava. A maioria das pessoas tremia em sua presença, mas Isadora parecia completamente inabalável.
— Não parece intimidada — comentou ele, quebrando o silêncio.
— Por que deveria estar? — perguntou ela, sem hesitar. — Você é apenas um homem, Theodore. Forte, sim, mas ainda um homem.
Ele parou, virando-se para encará-la. Havia algo entre a surpresa e o respeito em sua expressão.
— É corajosa, Isadora. Ou tola. Talvez as duas coisas.
Ela sorriu, mas não cedeu ao peso de seu olhar.
— Prefiro chamar de determinação. E você deveria saber que não sou facilmente intimidada, ou não teria vindo até aqui.
Theodore soltou um leve riso, algo raro para ele.
— Não posso negar isso. Sua coragem é... incomum.
— Se não fosse, eu já estaria morta — respondeu ela, sua voz carregada de uma intensidade que fez o olhar de Theodore escurecer.
— Parece que há mais em você do que aparenta — disse ele, retomando a caminhada. — Espero descobrir isso com o tempo.
Mais tarde, após se acomodar em seus aposentos, Isadora foi chamada para o salão de jantar. Ao entrar, encontrou Theodore sentado à cabeceira da mesa, com um copo de vinho na mão. Ele indicou o lugar ao seu lado, e ela sentou-se sem hesitação.
— Espero que a comida esteja do seu agrado — disse ele, enquanto os criados começavam a servir os pratos.
— Estou certa de que será — respondeu Isadora, olhando ao redor. — Mas devo admitir que esperava algo mais... intimidador.
Ele arqueou uma sobrancelha.
— Intimidador? Meu castelo já não é o suficiente?
— O castelo, sim. Mas o jantar parece... acolhedor. Quase como se você estivesse tentando me agradar.
Theodore riu, um som profundo e sincero.
— Você é direta. Gosto disso. E talvez tenha razão. Este jantar é um gesto de respeito, Isadora. Você é diferente de qualquer pessoa que já conheci.
Ela ergueu o copo de vinho, um brilho desafiador em seus olhos.
— Então brindemos a isso, Theodore. Ao respeito mútuo.
Ele levantou o próprio copo, tocando o dela com um leve tilintar.
— Ao respeito — repetiu, seus olhos fixos nos dela.
Após o jantar, os dois caminharam até o salão principal, onde um fogo ardia na grande lareira de pedra. Theodore apoiou-se na moldura da lareira, observando Isadora com atenção.
— Você sabe o que está enfrentando ao se casar comigo? — perguntou ele, sua voz baixa, mas firme.
— Sei o suficiente — respondeu ela, cruzando os braços. — Sei que você é temido e que muitos prefeririam me ver morta a casada com você. Mas também sei que não sou tão frágil quanto pensam.
Ele inclinou a cabeça, avaliando-a.
— A maioria das mulheres fugiria desse castelo assim que cruzasse os portões. Mas você ficou. Por quê?
Isadora aproximou-se, parando a poucos passos dele.
— Porque fugir nunca foi uma opção. Theodore, eu não vim para o Norte como uma prisioneira ou para morrer. Vim porque escolhi este caminho. Escolhi você. E não importa o que digam, eu continuarei a lutar pelo que acredito.
Theodore ficou em silêncio por um momento, processando suas palavras. Então, ele deu um passo à frente, reduzindo ainda mais a distância entre eles.
— Você tem mais coragem do que a maioria dos homens que conheço, Isadora. Admito que subestimei você.
Ela ergueu o queixo, encontrando seu olhar sem desviar.
— E espero que continue a me subestimar, Theodore. Isso tornará minha vitória ainda mais doce.
Um sorriso curvou os lábios dele, algo raro e genuíno.
— Acho que vou gostar de tê-la ao meu lado, Isadora. Mas saiba disso: o respeito que você conquistou hoje precisa ser mantido. O Norte é um lugar difícil, e você enfrentará desafios que nem imagina.
— Não espero nada menos do que isso. — Ela deu um passo para trás, seu olhar carregado de determinação. — Boa noite, Theodore. Nos veremos amanhã.
Enquanto ela deixava o salão, Theodore a observou desaparecer pelos corredores. Pela primeira vez em anos, sentiu que havia encontrado alguém que podia enfrentá-lo de igual para igual. E, por mais que tentasse esconder, começou a admirar a mulher que estava prestes a se tornar sua esposa.
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Atualizado até capítulo 101
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