Os corredores da mansão dos Imperador de Aldebaran estavam cheios de vozes murmurando, e o ar parecia pesado com tensão. Desde o anúncio oficial do casamento entre Isadora e o Duque Theodore, as reações da alta sociedade haviam oscilado entre o choque e o escárnio. Para Isadora, no entanto, tudo isso era apenas mais um obstáculo a ser superado.
Ela estava sentada em sua sala de costura, observando as criadas ajustarem o tecido de um vestido branco, enquanto a modista, Madame Clarisse, caminhava em sua direção com passos rápidos.
— Minha senhora, devo dizer que nunca vi uma decisão tão ousada quanto essa — disse Madame Clarisse, ajustando seus óculos enquanto segurava um rolo de fitas. — Um vestido tão... extravagante para um casamento tão polêmico.
— Extravagante, sim. Mas adequado para a futura duquesa do Norte — respondeu Isadora, sem tirar os olhos do espelho. — Se vão falar de mim, que ao menos falem por razões certas.
— E falarão, minha senhora. Ah, como falarão! — disse Madame Clarisse, um pouco hesitante. — Algumas damas já comentaram... e não foram gentis.
Isadora ergueu uma sobrancelha.
— E o que elas disseram?
A modista hesitou, mas respondeu:
— Que o casamento com o “monstro do Norte” é mais uma prova de sua... excentricidade. Algumas até questionaram sua sanidade.
Isadora riu baixinho, mas havia uma nota de amargura em seu tom.
— Sanidade? Se escolher minha liberdade ao invés de me curvar aos desejos do imperador é loucura, então aceito o título com prazer.
Madame Clarisse pareceu surpresa pela resposta direta, mas não insistiu no assunto. Ela voltou a ajustar os tecidos, enquanto Isadora permitiu que seus pensamentos vagassem. Cada costura daquele vestido representava mais do que um simples evento social. Era um símbolo de sua luta por autonomia, de sua rejeição a um destino controlado por outros.
Mais tarde, enquanto caminhava pelos jardins da mansão, Isadora encontrou sua mãe, a Imperatriz de Aldebaran, parada sob a sombra de um carvalho. O rosto da mulher estava pálido, mas sua expressão era severa.
— Isadora — chamou a Imperatriz, sua voz cortante. — Preciso falar com você.
— Claro, mãe. O que deseja? — Isadora respondeu, embora já soubesse o que estava por vir.
— Esse casamento. — A Imperatriz respirou fundo, tentando controlar a raiva. — Você está jogando nosso nome na lama. Não percebe o que está fazendo com nossa família?
Isadora manteve a postura firme, mesmo sentindo o peso da acusação.
— Estou salvando minha vida, mãe. E, de certa forma, também protegendo nossa família. Uma aliança com o Norte fortalecerá nossa posição.
— Fortalecer? — A Imperatriz soltou uma risada amarga. — Você está se unindo a um homem que todos consideram um pária! As famílias mais respeitáveis da corte já começaram a nos evitar. Até o próprio imperador enviou uma mensagem, expressando... desapontamento.
— Desapontamento ou irritação por não conseguir controlar minhas escolhas? — rebateu Isadora, cruzando os braços. — Não importa o que façamos, mãe. A sociedade sempre encontrará uma razão para nos julgar. Ao menos, desta vez, estou vivendo por mim.
— E o que você acha que encontrará no Norte? Um lar? Amor? — A Imperatriz balançou a cabeça. — Você não conhece Theodore. Ele é perigoso.
— E o imperador não é? — Isadora deu um passo à frente, olhando sua mãe diretamente nos olhos. — Conheço o suficiente sobre ambos para saber que prefiro enfrentar Theodore do que me render a Severiano.
A Imperatriz ficou em silêncio por alguns segundos, as palavras de Isadora a atingindo como um golpe. Quando finalmente falou, sua voz era mais suave, quase um sussurro.
— Só quero o melhor para você, minha filha.
— Então, confie em mim, mãe. Eu sei o que estou fazendo.
Enquanto o sol se punha, Isadora encontrou-se na biblioteca, revendo os preparativos do casamento. O evento seria discreto, uma cerimônia no castelo do Norte, longe dos olhos curiosos da corte. Apesar disso, as críticas não haviam diminuído.
Adeline, sua dama de companhia e amiga de infância, entrou na sala, carregando uma bandeja com chá.
— Você precisa de uma pausa, minha senhora — disse Adeline, colocando a bandeja sobre a mesa. — Está se pressionando demais.
Isadora suspirou, passando uma mão pelos cabelos.
— Não é apenas o casamento, Adeline. É tudo. As críticas, a resistência da minha família, a incerteza sobre o futuro...
Adeline serviu uma xícara de chá e colocou-a nas mãos de Isadora.
— Talvez seja assim agora, mas as coisas vão mudar. Você é forte, Isadora. Sempre foi. E, honestamente, acho que o Duque precisa de alguém como você ao lado dele.
Isadora riu, um sorriso genuíno surgindo em seus lábios.
— Ele certamente não parece o tipo de homem que aceita conselhos, muito menos de sua futura esposa.
Adeline inclinou a cabeça, pensativa.
— Talvez não. Mas, se há alguém que pode fazê-lo ouvir, esse alguém é você.
O elogio aqueceu o coração de Isadora, mas também a lembrou da responsabilidade que estava assumindo. O casamento com Theodore não seria fácil, mas ela estava disposta a enfrentar qualquer desafio que viesse.
Na manhã seguinte, Isadora recebeu uma carta do próprio Theodore. O mensageiro entregou-a com pressa, e ela abriu o selo com dedos ansiosos.
As palavras escritas eram diretas, como esperado do Duque:
**"Isadora,
O Norte está preparado para recebê-la. Quanto às críticas que enfrenta, lembre-se: as palavras são fracas, e o tempo provará sua força. Esteja pronta para embarcar em três dias.
Theodore."**
Ao terminar de ler, Isadora sentiu uma mistura de nervosismo e determinação. Ela sabia que o caminho à frente seria cheio de obstáculos, mas estava mais do que preparada para enfrentá-los.
— Três dias — murmurou para si mesma, dobrando a carta. — É tempo suficiente para dizer adeus ao passado e abraçar o futuro.
Com isso, Isadora voltou sua atenção aos preparativos finais, ignorando os olhares de reprovação e as palavras maldosas ao seu redor. Ela sabia que sua decisão era ousada, mas também sabia que era a escolha certa. Afinal, não era mais a jovem submissa que aceitava seu destino. Agora, era uma mulher que moldaria seu próprio caminho, não importava o que fosse necessário.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Glaucia Marques Gomes
três dias, pra mudar o seu destino,quem sabe se apaixonar pelo duque e ele se apaixonar por ela.... curiosa pra saber o desenrolar da história... ansiosa por mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais
2024-12-29
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