O salão do trono no palácio imperial era um lugar majestoso, mas sua imponência escondia as intrigas e traições que permeavam cada canto. O imperador Severiano, sentado em seu trono dourado, tamborilava os dedos no braço da cadeira, seu olhar sombrio fixo no conselheiro à sua frente.
— Você tem certeza disso? — Severiano perguntou, sua voz carregada de desconfiança.
— Absoluta, Vossa Majestade — respondeu Lorde Edmundo, inclinando-se em uma reverência. — Recebemos informações de que Lady Isadora viajou para o Norte. Parece que ela firmou uma aliança com o Duque Theodore.
Severiano apertou os olhos, sua mandíbula se contraindo.
— Theodore... aquele homem é uma praga. E Isadora... — Ele fez uma pausa, sua mente processando as informações. — Ela era para ser minha. Tudo estava acertado.
— Sim, Majestade, mas algo mudou. Os boatos dizem que foi ela quem propôs o casamento ao Duque. — Edmundo manteve a cabeça baixa, como se temesse a reação do imperador.
Severiano levantou-se abruptamente, seus passos ecoando pelo salão enquanto caminhava de um lado para o outro.
— Isso não faz sentido. Isadora sempre foi obediente, submissa. Por que agora, de repente, ela decide se rebelar? E, pior, se aliar a Theodore, meu maior obstáculo no Norte?
— Talvez ela esteja tentando proteger a família, Vossa Majestade. Ou... talvez ela tenha outra motivação. — Edmundo hesitou antes de continuar. — Pode ser prudente investigar mais a fundo.
Severiano parou, seu olhar perfurante pousando em Edmundo.
— Quero que descubra tudo. Cada movimento dela, cada palavra dita, cada carta enviada. Se houver algo mais por trás disso, eu saberei.
— Como desejar, Majestade.
Na corte, os rumores sobre Isadora eram o assunto do momento. As damas cochichavam em grupos, e os homens discutiam as implicações políticas do casamento com o Duque do Norte. Entre eles, estava Lady Marisa, uma mulher ambiciosa e extremamente próxima de Severiano.
Ela foi convocada ao salão privado do imperador naquela tarde, onde o encontrou com um copo de vinho na mão e um semblante irritado.
— Majestade — disse Marisa, fazendo uma reverência graciosa. — Ouvi dizer que está preocupado com os movimentos de Lady Isadora.
Severiano ergueu os olhos para ela, avaliando-a antes de falar.
— Preocupado seria pouco, Marisa. Ela está tramando algo. Sei disso. E você, como minha conselheira, deve me ajudar a descobrir o que é.
Marisa inclinou a cabeça, um sorriso astuto surgindo em seus lábios.
— Talvez ela tenha percebido algo que nós não. Isadora sempre foi mais inteligente do que aparentava. É possível que ela saiba de seus planos para uni-la à coroa e tenha decidido agir antes que pudesse ser controlada.
— Controlada? — Severiano estreitou os olhos, aproximando-se dela. — Você acha que não sou capaz de controlar uma garota?
Marisa deu um passo para trás, mantendo a compostura.
— Não estou duvidando de suas habilidades, Majestade. Mas precisamos ser estratégicos. Se ela está se aliando ao Duque do Norte, isso pode ser uma jogada perigosa para nós.
Severiano tomou um gole de vinho, seus pensamentos fervilhando.
— O que sugere?
— Uma investigação discreta, é claro. Mas, além disso, talvez seja hora de mostrar que não toleramos traição. — Marisa sorriu, seu olhar malicioso. — Uma pequena demonstração de poder pode fazer maravilhas.
Severiano considerou as palavras, um sorriso frio surgindo em seu rosto.
— Marisa, às vezes esqueço o quão útil você pode ser. Providencie tudo. Quero que Isadora saiba que ela não pode fugir de mim.
Enquanto isso, no castelo do Norte, Isadora sentiu o peso das conspirações mesmo a quilômetros de distância. Ela estava em sua biblioteca particular, revisando um livro de estratégias militares, quando Adeline entrou apressada.
— Minha senhora, uma carta chegou do palácio imperial. — Adeline entregou o envelope com o selo real.
Isadora pegou a carta, mas hesitou antes de abri-la. Seu coração acelerou ao ver o selo de Severiano. Ela rompeu o lacre e leu as palavras cuidadosamente.
**"Isadora,
Sua ausência não passou despercebida. Espero que saiba que, independentemente de onde esteja, você pertence à coroa. Retorne imediatamente ao palácio, ou as consequências serão severas.
— Severiano."**
Isadora segurou o papel com firmeza, mas não conseguiu evitar que suas mãos tremessem. Adeline observava em silêncio, esperando pela reação de sua senhora.
— Ele não vai desistir tão facilmente — disse Isadora, dobrando a carta.
— O que ele quer? — perguntou Adeline, preocupada.
— Controle, como sempre. Severiano acha que pode me intimidar. — Isadora levantou-se, sua postura firme. — Mas ele está enganado.
Mais tarde, Isadora encontrou Theodore na sala de guerra do castelo. Ele estava analisando mapas de batalha quando ela entrou, o rosto pálido, mas determinado. Ele levantou os olhos ao vê-la, franzindo o cenho.
— Algo aconteceu?
— Recebi uma carta de Severiano. Ele exige meu retorno ao palácio.
Theodore cruzou os braços, seu olhar endurecendo.
— E você pretende obedecer?
Isadora soltou uma risada amarga.
— Claro que não. Mas precisamos estar preparados. Ele não vai aceitar esse casamento sem lutar.
— Severiano é um tirano — disse Theodore, aproximando-se. — Ele não aceita que alguém desafie sua autoridade. Especialmente uma mulher.
— Então será ainda mais satisfatório derrotá-lo. — Isadora ergueu o queixo, sua determinação brilhando em seus olhos cinzentos. — Estou cansada de ser tratada como uma peça no jogo dele. Quero ser a jogadora desta vez.
Theodore a observou por um momento, sua expressão suavizando.
— Você é diferente, Isadora. Não conheço muitas pessoas que teriam coragem de enfrentar Severiano assim.
— Talvez porque eu não tenha outra escolha. — Ela o encarou, firme. — Se eu não lutar agora, ele me destruirá. E destruirá tudo que amo.
Theodore assentiu lentamente, um lampejo de respeito em seu olhar.
— Então lutaremos juntos. Mas saiba disso, Isadora: o Norte não é uma posição neutra. Ao se aliar a mim, você declara guerra contra ele.
— Já declarei minha guerra no momento em que fugi. — Isadora ergueu uma sobrancelha. — E não vou recuar.
Theodore sorriu levemente, um gesto raro.
— Você tem mais coragem do que muitos homens que conheço. Vamos ver até onde isso nos leva.
Isadora sentiu um calor inexplicável com aquelas palavras. Pela primeira vez, não se sentiu sozinha em sua luta. Mesmo diante de todas as conspirações, estava mais determinada do que nunca a vencer.
Severiano que esperasse.
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Atualizado até capítulo 101
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