Capítulo 8: A Resistência da Família

O retorno de Isadora ao palácio foi silencioso, mas sua mente estava longe da tranquilidade. Cada passo que dava nos corredores dourados parecia um peso a mais, como se o chão de mármore estivesse se tornando cada vez mais pesado sob seus pés. A decisão de aceitar a proposta do Duque do Norte, Theodore, fora ousada, mas ela sabia que era a única escolha que poderia garantir sua sobrevivência. No entanto, ela também sabia que sua família não aceitaria tão facilmente essa aliança.

Assim que chegou aos aposentos reais, foi recebida pela figura imponente de sua mãe, a imperatriz, e de seu pai, o imperador. Ambos estavam sentados, com expressões sérias e fechadas, como se já soubessem do que se tratava. Isadora não teve escolha a não ser se aproximar e revelar sua decisão, mesmo que soubesse das consequências que viriam.

— Filha — a voz de sua mãe soou suave, mas havia uma dureza por trás de cada palavra. — Sabemos o que está em sua mente. E posso dizer sem hesitar que não permitirá que essa ideia insana avance. Você não vai se juntar com aquele homem.

Isadora olhou para sua mãe, seu rosto impassível, mas seus olhos brilhando com determinação.

— Eu já tomei minha decisão, mãe. — Sua voz era firme, sem vacilar. — Eu me casarei com alguém que não sera o imperador Severiano, e vou se aliada do Duque do Norte. Não apenas por mim, mas para evitar o destino que me aguarda caso não o faça.

O imperador, que havia permanecido em silêncio até então, se levantou abruptamente da cadeira, sua postura autoritária irradiando autoridade. Ele era um homem acostumado a ser obedecido, e sua filha nunca havia desafiado tanto a sua autoridade.

— Como ousa, Isadora? — A voz do imperador era grave, repleta de desaprovação. — Você não tem noção do que está dizendo. Theodore é uma ameaça para o império! Ele é conhecido por sua crueldade, por sua insensibilidade. Se aliada dele é um erro que você não pode cometer!

Isadora não cedeu. Sabia que seu pai veria essa aliança como uma traição, mas não podia mais voltar atrás. Ela havia visto a verdade por trás das lendas e não podia ignorar a chance de escapar de um casamento arranjado com Severiano, que a mataria assim que tivesse a oportunidade.

— Eu sei do que ele é capaz, pai. Mas vocês não compreendem a gravidade do que isso significa para mim. Caso eu não aceite aliança com o Duque do Norte, meu destino já está selado. Severiano e essa será a minha única chance de evitar isso.

Sua mãe soltou um suspiro pesado e cruzou os braços, encarando Isadora com uma expressão de decepção. Ela sempre acreditara que a filha tomaria as decisões com mais sabedoria, mais precaução.

— Mas você está se oferecendo a um monstro, Isadora! — Ela quase gritou. — Ele não é uma escolha. O Duque do Norte é o tipo de homem que destrói tudo o que toca. Acredita que ele a verá como uma simples aliada? Não há bondade nesse homem. É um demônio disfarçado, e você se entregará a ele!

Isadora não hesitou. Seu olhar endureceu, sua postura firme e inabalável.

— Eu escolho a sobrevivência, mãe. E escolho viver com a verdade, não com o medo. Não vou mais me casar com Severiano, e não vou ser mais uma peça nesse jogo em que todos me veem como uma marionete.

Sua mãe olhou para seu pai, um sinal silencioso de que a discussão estava longe de ser resolvida. O imperador se aproximou de Isadora com passos pesados, seus olhos fulminando-a.

— Você realmente acha que Theodore, esse monstro, será uma proteção para você? — Ele rosnou, como se sua filha fosse uma tola por acreditar nisso. — Não tem ideia do que está pedindo. Ele não a respeitará. Ele a usará como uma ferramenta em seu jogo de poder. Se acha que vai escapar de um casamento com Severiano por causa de uma ideia ingênua, está muito enganada.

— Eu não sou mais uma peça no jogo de vocês, pai! — Isadora respondeu com raiva. — Não posso mais me submeter aos seus planos ou à sua ideia de um casamento perfeito. Severiano não e a pessoa certa. Ele e pior do que o Duque. E você me pede para confiar nele? Isso não vai acontecer!

O imperador a encarou, seu rosto contorcido de raiva. Ele nunca imaginou que sua filha, a princesa de quem tanto se orgulhava, ousaria desafiá-lo dessa forma. Ele estendeu a mão, tentando manter a calma, mas sua voz estava carregada de desprezo.

— Eu não vou permitir que você faça isso, Isadora. — Ele disse, os dentes cerrados. — Eu sou o imperador, e você vai se casar com Severiano como estava destinado. Se você insistir nesse casamento com alguém que não é o Severiano, ou se aliada do Theodore, eu não hesitarei em usar todo o poder do império para impedir isso.

Isadora sentiu um calafrio ao ouvir as palavras de seu pai, mas ela se manteve firme. Sabia que não haveria mais volta. Se quisesse evitar sua morte e garantir uma vida longe de Severiano, tinha que se casar, e a proteção do Duque do Norte.

— Eu não vou voltar atrás, pai. — Sua voz não vacilou. — Eu farei isso, e se preciso for, enfrentarei as consequências sozinha.

A tensão na sala aumentou, e o imperador se afastou, bufando de raiva. Sua mãe, que antes havia se mostrado tão firme, agora estava visivelmente abatida.

— Você é tola, Isadora. — Ela disse, com os olhos marejados. — Você está se oferecendo a um homem que não tem o que é preciso para lhe dar uma vida de paz. Está indo direto para a escuridão. Eu não posso apoiar essa decisão.

Isadora sentiu um aperto no peito ao ver sua mãe tão decepcionada, mas ela sabia que essa decisão era sua. Nenhum de seus pais poderia impedi-la, porque, mais do que uma filha obediente, ela agora era uma mulher que tomava suas próprias escolhas. Mesmo que sua família não aprovasse, mesmo que o império inteiro a condenasse, ela sabia o que estava fazendo.

— Eu sou a única que pode decidir sobre minha vida, mãe. E essa é a minha escolha.

O imperador deu as costas, não querendo mais ouvir. Ele sabia que não havia mais o que dizer, mas Isadora podia ver a raiva nos seus olhos. Não seria fácil viver sob a sombra dessa decisão, mas ela não se importava. A decisão estava tomada, e agora ela enfrentaria as consequências.

Antes de sair, Isadora olhou mais uma vez para seus pais, sua voz agora mais suave.

— Eu só quero que saibam que não é por vingança ou rebeldia. Eu preciso fazer isso para viver. Para ser livre.

Com um último suspiro pesado, Isadora se virou e deixou o salão, seu coração cheio de uma mistura de tristeza e determinação. Ela havia escolhido seu caminho, e agora só o futuro saberia o que lhe aguardava.

A resistência da família era esperada, mas nada poderia deter Isadora. Ela estava disposta a lutar por sua vida e por sua liberdade, não importa o que custasse.

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