O salão ainda ecoava com os murmúrios dos convidados, mas Isadora se retirou discretamente, seus passos firmes conduzindo-a até os jardins. O ar fresco da noite e a luz suave das estrelas pareciam mais reconfortantes do que o ambiente repleto de olhares curiosos e julgadores. Ela se sentou em um banco de mármore, deixando que a brisa tocasse suavemente seu rosto, como se fosse uma lembrança da liberdade que ela ainda buscava.
Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, precisaria lidar com o inevitável: o casamento com Severiano. A ideia de se unir a ele, o homem responsável por sua morte em sua vida anterior, a repugnava. Mas ela não poderia fugir desse destino sem antes tentar mudar o curso das coisas. O tempo corria, e ela precisava de uma solução.
Enquanto seus pensamentos se entrelaçavam, o som de passos firmes se aproximou. Isadora não precisou se virar para saber quem era. A presença daquele homem era inconfundível. O Duque do Norte, Theodore, estava diante dela, com seu porte imponente e olhar penetrante. Ele parecia ter o poder de dominar qualquer sala em que estivesse, e sua reputação como um "monstro" não era apenas uma lenda entre a corte, mas uma realidade que todos temiam.
— Princesa Isadora — sua voz grave rompeu o silêncio da noite, e ele fez uma leve reverência. — Permita-me interromper seus pensamentos. Posso me sentar?
Ela levantou os olhos para ele, estudando seu semblante sério. Havia algo em sua presença que a intimidava, mas também a atraía. Ele não era como os outros, os príncipes e duques que a rodeavam. Havia um mistério profundo em seu olhar, algo que não podia ser decifrado facilmente. Isadora o observou por um momento antes de assentir.
— Claro, Duque. Sente-se, por favor. — Ela fez um gesto com a mão, convidando-o a se acomodar ao seu lado.
Ele se sentou sem hesitação, mantendo a distância devida, mas a intensidade de seu olhar não diminuía. Durante alguns segundos, nenhum dos dois falou. Isadora sabia que ele estava aguardando que ela quebrasse o silêncio. E ela, de certa forma, sabia o que ele queria.
— Vejo que está aproveitando a noite, apesar de todas as atenções — disse Theodore, seus olhos analisando o vestido de Isadora, a postura desafiadora, a maneira como ela lidava com os olhares da corte.
Ela sorriu levemente, sem se desviar de seu olhar. O Duque do Norte sempre teve essa aura de quem não se importava com nada, nem com as aparências. Era, talvez, a única pessoa na corte que parecia não se importar com as convenções ou com a opinião dos outros.
— Não sou tola o suficiente para não perceber os olhares, Duque — respondeu ela, sua voz tranquila, mas firme. — Mas, às vezes, ser notada é a única maneira de ser levada a sério.
Theodore inclinou a cabeça, avaliando suas palavras com um ar pensativo.
— Você realmente não tem medo do julgamento alheio, não é? — A pergunta foi simples, mas carregada de curiosidade. — A sociedade está cheia de normas e expectativas. E você parece não se importar com nada disso.
Isadora riu baixinho, mas sua risada não foi de alegria. Foi uma risada amarga, como se ela soubesse exatamente o que isso significava.
— Se eu me importasse com o que as pessoas pensam, teria perdido minha vida mais cedo, Duque. Eu sou o que a sociedade espera que eu seja, e ao mesmo tempo, sou o que eles temem. — Ela olhou diretamente para ele. — Não sou diferente de qualquer outra mulher aqui. Apenas tenho os olhos de uma pessoa que já viveu uma vida inteira e não teme mais a morte.
Theodore a observava com atenção, sem dizer uma palavra. Era como se ele fosse o único capaz de compreender a profundidade de sua dor, mas ao mesmo tempo, ele mantinha sua própria distância emocional.
— Eu sei que não está aqui por diversão, princesa — disse ele finalmente, sua voz baixa. — A corte é um campo minado, e você está tentando encontrar uma maneira de sobreviver. Não está?
Ela o encarou, surpresa pela clareza com que ele leu seus pensamentos.
— Exato. — Isadora não hesitou em confirmar. — O casamento com o imperador... Severiano... Isso me arrasta de volta para um destino que não escolhi. Não posso, nem quero, me unir a ele. Mas sei que, sem essa união, minha vida na corte se tornará insustentável. E mais, tenho medo do que ele possa fazer, caso eu tente fugir desse destino.
Theodore ficou em silêncio por um momento, como se estivesse considerando suas palavras com cuidado. Ela sabia que ele era uma pessoa estratégica, capaz de ver as coisas de uma maneira que outros não conseguiam. E foi por isso que ela decidiu expor sua preocupação a ele. Ele talvez fosse a chave para evitar o que parecia inevitável.
— Então, o que você sugere, Duque? — perguntou ela, sem desviar o olhar. — Como posso evitar esse casamento?
Ele respirou profundamente antes de responder, seus olhos agora brilhando com uma intensidade diferente.
— Talvez eu tenha uma proposta. — Ele disse lentamente, como se ponderasse cada palavra. — Você quer escapar desse casamento, A corte, a sociedade... todos têm suas expectativas, mas é se você se casar com alguém?
Isadora o olhou, sua mente trabalhando a mil. Ela sabia que essa proposta tinha algo a mais por trás. Theodore, com sua reputação de "monstro", não faria algo sem que houvesse uma vantagem para ele. No entanto, ele oferecia uma solução, mesmo que fosse uma solução arriscada.
— Uma aliança de casamento? — Ela franziu a testa, ponderando a ideia. — Mais quém vai mim proprô em casamento Duque? Mesmo sabendo que isso pode colocar eu em uma posição ainda mais difícil?
Theodore sorriu de forma enigmática, um sorriso que não chegava a ser gentil, mas que expressava o entendimento de que ele sabia o que estava em jogo.
— Às vezes, os melhores acordos nascem das situações mais complicadas, Além disso, quem na corte ousaria questionar o poder da união entre a princesa é a pessoa que ela escolher?
Isadora se recostou no banco, pensativa. O casamento que Theodore deu como ideia arriscada, mas talvez fosse a única escolha que ela tivesse. Ele era um homem forte, respeitado, temido. E mais importante, ele estava propondo uma ideia que poderia livrá-la das garras do imperador.
— E o que você espera em troca? — perguntou ela, cética. — O que você quer realmente, Duque?
Theodore olhou para ela com um sorriso calculista.
— O que eu quero? Simples, princesa. Apenas uma alianda que seja tão ambiciosa quanto eu. E talvez, apenas talvez, um pouco de vingança.
Isadora sabia que isso era apenas o começo de um jogo perigoso. Mas ela não tinha mais escolha. Ela não poderia continuar sendo jogada como uma peça no tabuleiro de alguém. Se havia uma chance de mudar seu destino, ela tomaria.
— Então, estamos de acordo. — Ela estendeu a mão para ele, decidida. — Uma aliança.
Theodore apertou sua mão com firmeza, e nesse simples gesto, o destino deles foi selado. O jogo estava apenas começando.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Marili Lima
a regra é cara se tem duque do norte a história e muito bom /Smirk//Grievance/
2025-01-05
0
Glaucia Marques Gomes
interessante... gostei muito desse início... ansiosa por mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais mais
2024-12-27
2
Rozenilda Alvarenga
escrever mais tô ansiosa pelos próximos capítulos /Drool//Drool//Drool//Drool//Drool//Drool/
2024-12-27
2