Capítulo 14

Ansel se olhou no espelho depois de terminar seu banho. Gotas de água escorriam pelo seu rosto enquanto seu cabelo, colado à testa, pingava. Virou o rosto para um lado e tocou suavemente a marca que Emmett havia deixado em sua pele. Estava em um lugar onde nem mesmo uma camisa de gola alta conseguiria cobri-la. Depois, olhou para o outro lado do seu pescoço, onde havia uma marca similar, embora um pouco mais abaixo.

Ele bateu a testa com a mão. Precisava começar a estabelecer limites e não se deixar levar pelo que sentia. Embora amasse a ideia de levar uma marca de Emmett em seu corpo, detestava a ideia de ter que dar aos seus pais uma explicação razoável.

Após se vestir, procurou na sua gaveta uns fones de ouvido grandes e os colocou audaciosamente sobre a mordida de Emmett para cobri-la. Por sorte, seus pais estavam ocupados e mal prestaram atenção.

— Mãe, vou com Emmett depois da aula para ele tirar a carteira de motorista. Hoje a mãe dele nos levará — informou enquanto pegava uma maçã e uma pera da fruteira.

— Está bem, mas vão com cuidado.

— Vamos — Ansel se despediu e saiu correndo. Benjamín olhou para sua esposa e levantou uma sobrancelha; ela negou com a cabeça e ele concordou, entendendo a resposta silenciosa.

Ansel cruzou a rua e cumprimentou cordialmente Marielle, a mãe de Emmett.

— Entra, Ansel, Emmett já vem.

Ele assentiu e se acomodou no banco de trás. Enquanto esperava seu amigo, respondia a algumas mensagens de Evan, que havia enviado algumas fotografias e o nome do garoto com quem pretendia flertar. O garoto era um pouco mais alto do que ele, de cabelos pretos e olhos escuros, com pele ligeiramente bronzeada e corpo atlético. Não era realmente atraente, mas também não era feio. Ou talvez fosse porque, em sua paixão, Ansel não podia ver ninguém mais atraente do que Emmett. Embora, pensando bem, Evan sempre parecera bonito para ele.

— O que você está fazendo? — A voz de Emmett fez com que ele escondesse instintivamente o celular.

— Nada — respondeu com um sorriso nervoso. Se Emmett descobrisse seu plano, tudo se arruinaria.

— Ótimo. Já podemos ir — informou sua mãe, lançando um olhar de esguelha para Ansel, que guardava o celular na mochila. Emmett o conhecia perfeitamente; claro que Ansel estava escondendo algo, e com certeza tinha a ver com o idiota do Evan.

Ao chegar no campus da universidade, os dois amigos caminharam para a entrada. Alex e Ronan também estavam chegando, e juntos entraram no prédio. Ansel podia sentir o olhar furtivo de Ronan em seu pescoço. Sem dúvida, tinha percebido as mordidas que Emmett deixara.

— Ansel, você está bem? — Alex inclinou a cabeça, examinando-o com aqueles olhos que sempre lhe provocavam arrepios.

— Sim, por quê? Não estou parecendo bem? — Ansel sorriu nervosamente, lançando um olhar para Ronan e depois para Emmett. Os três amigos olhavam para ele com suspeita, mas nenhum disse nada.

— Minha aula vai começar. Nos vemos depois — despediu-se Alex com um movimento de mãos antes de partir, não sem antes dar uma última olhada para Ansel e Ronan.

Ronan fez o mesmo, e justo quando Ansel estava prestes a ir embora, Emmett o agarrou pelo braço e o arrastou por um corredor. Procurou uma porta até encontrar um lugar vazio. Ansel foi empurrado para dentro e descobriu que era um pequeno quarto de limpeza. Virou-se para olhar para Emmett, cheio de confusão.

— Isso é por causa do Evan? — Emmett perguntou diretamente. Ansel, surpreso, deu um passo para trás, mas o lugar era tão pequeno que logo suas costas bateram contra a parede.

— Não, claro que não. Do que você está falando? — respondeu, olhando para outro lado. Embora estivesse nervoso com seu plano, o olhar de Ronan o deixou mais inquieto. Ronan era fácil de ser influenciado nas mãos de Alex, e duvidava que pudesse manter o segredo por muito tempo.

— Não me minta, Ansel — a voz de Emmett se tornou mais sombria enquanto ele se aproximava perigosamente, acuando-o contra a parede. Com um movimento rápido, o segurou pela cintura, colando-o ao seu corpo, e com a outra mão levantou seu queixo, obrigando-o a olhá-lo diretamente —. Você está pensando naquele bastardo?

Ansel não respondeu. Seu coração batia descontroladamente diante da possessividade de Emmett, esquecendo-se por um momento que seu plano original era mencionar outro garoto.

— Eu te avisei antes, mas deixarei ainda mais claro agora: quando você está comigo, não pense em mais ninguém — Emmett sussurrou, com seus lábios apenas roçando os de Ansel.

— Você disse isso, mas só quando nos beijamos — murmurou Ansel, sentindo como cada palavra mal tocava os lábios úmidos de Emmett —. Nunca disse que não podia pensar em mais ninguém quando não estamos nos beijando.

Emmett soltou uma risada carregada de irritabilidade —. Eu disse antes, Ansel. Você me pertence — sussurrou enquanto deslizava seu polegar pelos lábios de Ansel, acariciando sem delicadeza. Depois, introduziu seu dedo na boca de Ansel, obrigando-o a abri-la e sorrindo com satisfação —. Seus lábios, seus beijos, são meus.

Ansel engoliu em seco, sentindo como Emmett colocava um de seus joelhos entre suas pernas.

— Seu pescoço está marcado com meus lábios e meus dentes. Suas pernas e sua cintura já conhecem o toque das minhas mãos. Você realmente acha que vou deixar que alguém mais te toque? — A voz de Emmett soava quase animal, cheia de um desejo possessivo que deixou Ansel petrificado, confuso, com dezenas de perguntas girando em sua mente —. Ansel, você já deveria saber: você é meu. E o que é meu, ninguém mais toca.

Antes de Ansel poder articular uma palavra, os lábios de Emmett se apoderaram dos seus com uma intensidade que o deixou paralisado por um momento. O beijo não era simplesmente um gesto de carinho; estava carregado de uma possessividade inegável, quase feroz, como se com cada movimento da boca quisesse marcar território, apagar qualquer vestígio de dúvida, e, acima de tudo, de Evan. Ansel sentia como a língua de Emmett dominava a sua com uma destreza que o deixava sem fôlego, incapaz de pensar em mais nada. Era um assalto avassalador a todos os seus sentidos. O gosto de Emmett, a pressão de seus lábios, a firmeza de suas mãos, tudo conspirava para que seu mundo se reduzisse àquele instante.

Emmett, sem soltar seu agarre, permitiu que uma de suas mãos descesse lentamente desde a parte baixa das costas de Ansel, traçando um caminho íntimo e decidido até chegar ao seu traseiro, onde o apertou com firmeza, como se quisesse reafirmar seu domínio sobre cada parte do seu corpo. O gesto foi breve, mas suficiente para enviar uma descarga elétrica através do corpo de Ansel. Antes que ele pudesse reagir, Emmett continuou seu caminho até a perna de seu amigo, levantando-a sem esforço e obrigando-o a rodear sua cintura. O coração de Ansel batia com tanta força que pensou que poderia se romper a qualquer momento. Seu corpo, movido pelo puro instinto, se agarrou ao pescoço de Emmett, buscando estabilidade enquanto tudo ao seu redor parecia perder sentido.

O ambiente no pequeno quarto de limpeza onde se encontravam era sufocante. O espaço fechado amplificava cada respiração, cada ofego e cada batida. O ar carregado da proximidade entre ambos parecia tornar-se mais denso a cada segundo, como se até mesmo o próprio espaço reconhecesse a intensidade do momento. A mão de Emmett, que até então havia segurado firmemente o queixo de Ansel, abandonou seu rosto apenas para percorrer lentamente a perna que rodeava sua cintura. Com um movimento decidido, o levantou completamente, pressionando-o com força contra a parede. Ansel sentiu como suas costas batiam contra a superfície fria, mas nem isso foi suficiente para tirá-lo do transe em que estava mergulhado.

Os lábios de Emmett moveram-se com uma urgência ainda maior, abandonando sua boca para descer perigosamente pela linha de sua mandíbula e, daí, seguir um caminho lento e calculado pelo pescoço de Ansel. Cada mordida, cada beijo, e cada lambida era uma reivindicação do que, segundo Emmett, lhe pertencia.

Os dentes de Emmett afundaram na pele macia do seu pescoço, deixando-lhe uma marca evidente, um lembrete inapagável de que ele era seu. Ansel ofegou involuntariamente, seu corpo respondendo com pequenos tremores de prazer a cada novo contato dos lábios e da língua de Emmett. Sua cabeça inclinou-se para trás, apoiando-se contra a parede em uma tentativa de encontrar algum tipo de âncora no meio do turbilhão de sensações que o dominava.

Cada parte do seu corpo vibrava com a energia do que estava acontecendo, sua respiração era irregular, e embora sua mente gritasse que devia parar, seu corpo o traía, entregando-se por completo à vontade de Emmett. Os batimentos de seu coração eram como um tambor desgovernado em seus ouvidos, cada vez mais rápidos, cada vez mais fortes, enquanto sentia que o ar tornava-se insuficiente, mas isso não importava. Naquele momento, só importava Emmett e o que ele fazia sentir. Se sua vida terminasse naquele exato instante, faria-o sabendo que havia experimentado uma sensação indescritível.

Emmett, por outro lado, não mostrava sinais de parar. Seus beijos tornaram-se mais vorazes à medida que voltava à boca de Ansel, reivindicando seus lábios com uma paixão descontrolada. Cada segundo do beijo prolongado parecia estar carregado de uma declaração tácita: Ansel lhe pertencia, e não havia lugar para mais ninguém. Finalmente, Emmett afastou-se brevemente, apenas para morder com firmeza o lábio inferior de Ansel, deixando-lhe uma marca que, embora não tão visível quanto a do seu pescoço, lhe lembraria quem dominava aquele espaço entre eles.

Quando finalmente o colocou no chão, fez isso com lentidão, como se não quisesse romper a bolha na qual ambos estavam imersos. Ansel, que mal conseguia se manter de pé, sentia como suas pernas tremiam sob os beijos sufocantes de seu amigo. Sua respiração seguia sendo errática, seu coração batendo forte no peito enquanto tentava processar o que acabara de acontecer.

Emmett, em contraste, parecia perfeitamente calmo, como se a tempestade que acabara de desencadear sobre seu amigo não fosse mais que uma simples brincadeira para ele. Com um sorriso satisfeito nos lábios, inspecionou o pescoço de Ansel, seus olhos brilhando com uma mistura de orgulho e desejo ao ver as marcas que havia deixado em sua pele. Então, como se nada tivesse acontecido, deu-lhe um rápido beijo nos lábios, um que contrastava completamente com a intensidade de tudo anterior, e disse com uma naturalidade desconcertante:

— Vamos, temos que ir para a aula.

Ansel permaneceu imóvel, seus pensamentos ainda desordenados e seu corpo tentando recuperar-se do turbilhão de sensações que havia experimentado. Observou Emmett sair do quarto com a mesma segurança com que havia entrado, deixando-o só com seus pensamentos. "Maldito seja, Ansel", recriminou-se mentalmente, sentindo uma mistura de frustração e culpa. Havia prometido que estabeleceria limites, que não deixaria Emmett dominá-lo dessa maneira. E, no entanto, aqui estava, sem ter movido um único dedo para detê-lo.

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Outro capítulo porque ontem não pude subir um.

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Expedita Oliveira

Expedita Oliveira

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2024-12-30

0

leitora de bl~

leitora de bl~

🦄

2024-12-27

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