Então, O Que Somos?

Então, O Que Somos?

Capítulo 1

—Vamos, Ansel, hoje por mim, amanhã por ti.

Emmett Dubois balançou seu braço enquanto ele estava concentrado lendo o último quadrinho que havia comprado. Ansel rolou os olhos e virou a página, irritado pelo pedido tolo de seu melhor amigo. Mas Emmett não planejava desistir, então, saltando sobre a cama, se colocou atrás dele e o abraçou com força pelos ombros.

—Por favor, Ansel, todos os amigos fazem isso —insistiu, dando-lhe pequenos trancos que conseguiram fazer Ansel desviar os olhos das páginas cheias de desenhos.

—Isso não é verdade, não vi Ronan e Alex fazendo isso, e eles também são melhores amigos —rebateu com a testa franzida. Não é que realmente não quisesse fazer, porque estava morrendo de vontade, mas sabia que Emmett não daria a mesma importância que ele, e isso não lhe agradava de forma alguma.

—Esses chatos, com sorte, sonham em fazer. —Emmett desceu da cama e se ajoelhou diante dele—. Por favor —voltou a suplicar, juntando as mãos diante de seu rosto—. Você é o único que pode me ajudar.

—É muito estranho para dois homens fazerem isso, além disso, por que não faz com ela? Assim você aprende.

—Você enlouqueceu? Sheira Finnegan é a garota mais atraente do último ano; quero que ela me considere um expert no dia da formatura, não posso parecer ridículo.

Ansel rolou os olhos e desviou o olhar. Seu tolo amigo teve a ideia estúpida de criar uma imagem falsa de playboy para impressionar qualquer garota que se pusesse à sua frente. No entanto, desde que ambos entraram na escola, ele se obcecou por Sheira, a loira mais cobiçada do instituto e um ano mais velha do que eles, mas que, por razões que ignorava, estava no mesmo ano de estudos, mas em turmas diferentes.

Uma semana atrás foi anunciada a festa de formatura dos últimos anos, e o grande boca de Emmett disse a ela que era o melhor beijador que poderia conhecer, até melhor que os mais velhos com quem costumava sair. Ela, claro, riu dele.

—Vou te provar na festa de formatura —disse Emmett, confiante.

—Estarei esperando, garoto.

Emmett não era feio; de fato, estava catalogado como um dos mais atraentes no instituto. Alto, com uma musculatura mediana apesar de ser um garoto de apenas dezessete anos. Qualquer garota o queria como namorado, mas ele só tinha olhos para Sheira.

—Então procura outra pessoa, eu não penso em te ajudar.

Ansel pegou o quadrinho que havia deixado de lado e dedicou-se a lê-lo. Embora Emmett não estivesse ciente de tudo o que causava nele, Ansel não podia fazer vista grossa e ignorar seus sentimentos. Se fizesse isso, certamente sairia mais ferido do que desejava.

—Todas as garotas pensam que sou um expert, não posso ir até uma e pedir que me ensine.

—Então não diga que é seu primeiro beijo.

—Por favor, qualquer idiota perceberia. —Bufou. Começava a irritá-lo a atitude de seu melhor amigo—. An, você não lembra da nossa promessa? Dissemos que nos ajudaríamos em tudo, não houve exceções.

—Lembro, mas isso, Emmett, ultrapassa meus limites. É nosso primeiro beijo. —Ansel baixou mais o rosto para evitar que seu amigo o visse corado; não queria parecer ridículo.

—É só um beijo, não dê tanta importância, Ansel —suas palavras encheram de tristeza os olhos de Ansel, no entanto, Emmett nem sequer notou.

—Sim... só um beijo —repetiu com decepção.

Ansel havia aceitado há muito que seus sentimentos por Emmett iam além de uma simples amizade. Quando Emmett chegou, o pegou pelas mãos e disse "An, quero te beijar", todo seu corpo se tensionou e as cores subiram ao seu rosto. No entanto, as próximas palavras e a razão por trás delas o decepcionaram completamente.

Para Emmett era só um beijo, um experimento para agradar a alguém mais. Mas para Ansel, esse beijo poderia afundá-lo ainda mais em sentimentos que não deveria ter.

—Mas, mesmo sendo só um beijo, nós somos homens; não está certo.

—Esse é o problema? —questionou, levantando uma sobrancelha—. Deixe-me resolver isso.

Emmett levantou-se e correu para o quarto da irmã mais velha de Ansel. Emily era uma garota de vinte e dois anos que participava de peças de teatro e possuía uma grande quantidade de perucas de diferentes cores.

—Em, pode me emprestar uma peruca preta? —pediu, fazendo beicinho. Sabia que seu rosto de bom menino sempre convencia qualquer um.

—Claro, escolha a que mais gostar.

—Muito obrigado.

Emmett abriu o armário onde ela guardava seu material de trabalho. Em um canto, avistou uma peruca longa, lisa, da mesma cor do cabelo dela. Seus olhos brilharam; ele a pegou com cuidado e voltou ao quarto de seu amigo, trancando a porta para evitar interrupções desnecessárias.

—Que diabos? —perguntou Ansel entre gargalhadas, vendo Emmett colocar a peruca e fazer uma imitação tosca de uma garota.

—Pronto, An. Agora sou uma menina linda e fofa —Emmett usou um tom de voz mais delicado e se aproximou de onde Ansel estava, quase morrendo de rir—. Agora sim, me deixe aprender a beijar.

—Cara, isso tá ficando mais estranho ainda. Você nem sequer tem a delicadeza de uma garota.

—Ah, cala a boca! —Emmett se jogou sobre Ansel, e os dois acabaram na cama, com os rostos tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro.

Ansel tentou empurrá-lo, mas Emmett foi mais rápido e prendeu suas mãos, além de usar as pernas para evitar que Ansel as usasse para afastá-lo.

—Emmett, eu não quero fazer isso —murmurou com o rosto completamente vermelho.

—Eu não sou atraente? —Emmett baixou um pouco mais o rosto, roçando o nariz no de seu amigo. Ansel engoliu em seco, sentindo um arrepio na parte inferior de seu abdômen crescer. A sensação de estar encurralado o deixava tonto e o fazia querer ainda mais provar os lábios de seu amigo.

—Você é meu melhor amigo; isso não tá certo. —A cada movimento dos lábios, sentia a pele de Emmett roçar na sua, o que o fazia tremer involuntariamente.

—An, é por isso que só você pode me ajudar. Por favor, eu imploro, e quando chegar a hora, eu ajudo você a conquistar a pessoa de quem você gosta, tá bom?

Ansel fechou os olhos. "E se a pessoa de quem eu gosto for você, ainda vai me ajudar?" queria perguntar, mas já sabia a resposta. "Mas se eu não posso ter você, pelo menos vou aproveitar este momento."

—Só... só pra treinar, combinado? —Desviou o rosto, e um beijo estalado pousou em sua bochecha.

—Obrigado, é por isso que você é meu melhor amigo.

—Tá, tá, vai logo antes que eu me arrependa.

Ansel olhou novamente para seu amigo; um brilho de expectativa apareceu em seus olhos, mas Emmett nem percebeu. Fechou os olhos esperando o contato boca a boca, e alguns segundos depois sentiu os lábios quentes de Emmett sobre os seus. Emmett tinha razão, seus movimentos desajeitados mostravam que ele era inexperiente. Mas ambos eram, e isso não importava, então se concentrou em aproveitar o momento.

Emmett começou a mover o rosto, e o beijo inocente e desajeitado logo se transformou. Seus lábios se tornaram mais intensos, e a falta de experiência deixou de ser evidente, pelo menos para ele.

—Abre a boca —sussurrou Emmett sobre os lábios dele.

—Pra...?

Ansel nem terminou a pergunta quando Emmett tomou a iniciativa novamente. Emmett introduziu a língua na boca de seu amigo. Os olhos de Ansel se abriram de surpresa, mas o beijo era tão intenso que, aos poucos, ele se deixou levar pelo prazer que isso proporcionava. O som do beijo úmido ecoava no quarto; as mãos de Ansel eram seguradas com força por seu amigo.

Quem sabe quantos minutos se passaram até que Emmett finalmente o soltasse. As respirações estavam descompassadas, e seus peitos se moviam freneticamente tentando recuperar o fôlego. Ansel não sabia se Emmett estava como ele, mas sentia o coração batendo forte, e não só pela falta de ar. Seus olhos estavam um pouco marejados e seus lábios vermelhos pela intensidade do beijo.

—E aí? O que achou? —perguntou Emmett, saindo de cima dele e se sentando ao lado.

—Bom, nunca beijei ninguém, então não tenho com quem comparar. Mas acho que você beija bem.

—Bem? Só isso? —retrucou Emmett, levantando a voz e assustando Ansel.

—O que mais você quer que eu diga? Por um momento, não sabia se você estava me beijando ou tentando sugar minha alma —disse Ansel, levantando-se, exasperado. Apontou para seus lábios vermelhos e quentes—. Olha, ainda sinto um pouco de dor. Você foi muito brusco.

—Caramba, então eu tenho que continuar praticando até você dizer que eu beijo incrível.

—Você está louco? Não vou continuar com essa bobagem.

—Por que não? Já nos beijamos. O que são mais alguns beijos? Pelo menos por esta semana, até eu beijá-la.

A dúvida brilhou nos olhos de Ansel; no entanto, talvez pudesse aproveitar essa semana para sentir que seus sentimentos eram correspondidos.

—Tudo bem, por uma semana.

Emmett saltou da cama e o abraçou com força, completamente feliz.

...****************...

Olá, espero que estejam bem, este é o primeiro capítulo desta nova história.

Vocês que me conhecem, sabem que eu adoro coisas clichês, então decidi escrever uma história de amigos para amantes (⁠人⁠⁠•͈⁠ᴗ⁠•͈⁠) não será um triângulo amoroso, embora possa parecer.

Agora vamos conhecer Ansel e Emmett, espero que gostem, deixem seus comentários e curtidas.

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