O Início do Fim
Sebastian puxou Elicy para mais perto de si, envolveu-a em um abraço forte e decidido, sentindo o calor do corpo dela se misturar ao seu.
— Vou com você, — disse ele, mantendo a voz firme, mesmo com o cansaço evidente em seu rosto.
— Eu vou estar segura, — Elicy sussurrou, tentando convencê-lo e a si mesma. — Eu prometo. — Ela se afastou, relutante, olhando ao redor. As janelas enormes da mansão, as paredes imponentes… tudo aquilo parecia agora um cenário de uma vida que ela sempre quis, mas nunca da forma como as coisas haviam se desenrolado.
Durante aquela semana ao lado de Sebastian, ela entendeu uma verdade que sempre esteve lá, mas que o tempo e as circunstâncias tinham obscurecido: seu coração nunca havia pertencido a outro além dele. Os sentimentos que nutrira por Mathias foram genuínos, mas agora se viam corrompidos pelas mentiras e manipulações. O amor que um dia fora profundo e real agora estava manchado por dúvidas e traições.
O contraste entre os momentos felizes e o vazio deixado pelas decepções era esmagador. Cada lembrança de Mathias vinha agora envolta em sombras, em uma teia de enganos que a aprisionava em uma realidade que ela nunca quis aceitar.
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Elicy respirou fundo, tentando se acalmar. No banco da frente, o motorista, Hugo, olhou para ela pelo retrovisor, os olhos gentis, como sempre.
— Senhorita, precisa de companhia? Estou velho, mas ainda sei me defender, graças às aulas de balé que a senhora me fez acompanhar durante três anos. — Hugo soltou um leve sorriso, tentando aliviar a tensão.
Elicy deu um sorriso fraco.
— Você já passou por muita coisa comigo, Hugo. Talvez eu devesse aposentá-lo, para poder descansar. — Sua voz estava embargada. — Fui uma criança cruel e não preciso ser cruel agora, obrigando você a entrar em uma sala cheia de… urubus engravatados.
— Não seja cruel consigo mesma, querida. — Hugo respondeu suavemente. — Eu não tenho nada nesta vida, além disso. E você sabe que ainda tenho uma promessa para cumprir. Agora, respire fundo mais uma vez e faça o que sempre fez: seja o monstrinho destemido que eu conheço. — Ele piscou, encorajando-a.
Elicy olhou pela janela, respirando fundo pela quarta vez. Naquele momento, ela sentiu que Hugo, embora fosse apenas seu motorista, sempre fora uma figura paterna para ela. Ele esteve presente em todos os momentos importantes de sua vida, nas vitórias e nas derrotas, e agora, mais uma vez, estava ali, pronto para apoiá-la.
— Obrigada, Hugo. — Ela saiu do carro com uma nova determinação. Era hora de lutar pelo que era dela.
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Na sala de reuniões, o caos estava prestes a explodir. Heimond Norghot, em um frenesi de raiva, arremessava documentos e imagens — provas incriminatórias que o ligavam a uma vasta rede de corrupção — contra o advogado de Elicy.
Os papéis voavam enquanto Heimond avançava furioso, com os olhos flamejando. O ambiente se transformou em um cenário de tensão máxima.
— Você acha que vai me destruir com isso? — rugiu Heimond, derrubando a mesa no processo.
Mas antes que pudesse chegar a Elicy, a porta foi arrombada e policiais invadiram o local, gritando ordens e dando voz de prisão. O ambiente, já carregado, mergulhou no caos total. Heimond resistiu com violência, derrubando quatro policiais em sua fúria cega, socando e chutando enquanto tentavam imobilizá-lo.
No meio da confusão, Mathias desapareceu silenciosamente. Ninguém havia percebido sua ausência até que seu nome foi chamado com a ordem de prisão. Mas ele já estava longe, escapando no meio da desordem.
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Duas semanas depois, Mathias continuava foragido. Todas as contas da família estavam congeladas, e o dinheiro desviado começava a ser recuperado. A pressão estava aumentando, e não demoraria para que Mathias precisasse se entregar. Durante esse tempo, sócios e colaboradores da empresa de Elicy foram interrogados e investigados, alguns se entregando na esperança de reduzir suas penas. A teia de corrupção de Heimond estava sendo desfeita pouco a pouco, revelando o quão profundamente enraizada era sua influência.
Mas, em um dia aparentemente comum, Elicy foi surpreendida brutalmente. Após sair de uma reunião, caminhando até o carro, ela foi puxada bruscamente por alguém que não viu de imediato. Seu coração disparou ao perceber que Mathias estava ali, escondido sob um boné e vestindo um conjunto preto, pronto para passar despercebido.
— Mathias, o que você… — Antes que ela pudesse reagir ou gritar, ele a agarrou pelo braço e a jogou no banco do passageiro. Tomou sua bolsa e celular, jogando-os longe, antes de voltar ao volante e ligar o carro em um movimento ágil e controlado. Não disse uma única palavra.
Elicy, atordoada, tentava processar o que estava acontecendo, mas a realidade caiu sobre ela como um peso insuportável: Mathias estava de volta. E desta vez, não havia escapatória fácil.
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Atualizado até capítulo 33
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