Capítulo 7

Sebastian e Mathias estavam em um campo de futebol vazio, o cenário imenso e silencioso contrastando com a tempestade emocional que se desenrolava entre eles.

— Você gosta dela? — Mathias perguntou, sua voz carregada de uma tensão que se acumulava ao longo dos anos. Ele acabara de revelar a Sebastian o segredo sobre o contrato de casamento que seus pais haviam feito.

— Você sabe que sim! — Sebastian respondeu, a voz quebrada pelo choro que ele mal conseguia conter. Seus olhos estavam vermelhos e cheios de dor, uma dor que parecia quase física.

— Você tem que prometer que não vai fazer nada a respeito. — Mathias implorou, tentando manter a calma. Seus olhos eram um espelho de culpa e desespero.

— Por que eu faria uma promessa dessas? — Sebastian gritou, a dor e a frustração transparecendo em cada palavra. Seu corpo tremia, não só de raiva, mas de um desespero quase insuportável.

— Ela ainda não sabe. E quando descobrir, vai me odiar. — Mathias murmurou, sentando-se no chão e cruzando as pernas, a culpa pesando sobre ele como uma âncora. — Pensei que algum dia, talvez ela pudesse gostar de mim tanto quanto gosta de você, mas…

— Quando vão contar a ela? — Sebastian interrompeu, sua voz áspera enquanto tentava encontrar uma solução, uma maneira de mudar a situação, talvez até um plano desesperado para…

— No aniversário de 12 anos. — Mathias respondeu, a voz baixa como uma confissão dolorosa.

— Mas isso é amanhã! Desde quando você sabe? — Sebastian gritou, sua incredulidade evidente. Seu rosto estava pálido e seus punhos estavam cerrados com força.

— Desde o dia em que a conheci. — Mathias deu de ombros, um gesto que parecia tão pequeno diante da gravidade da situação. — Também foi o mesmo dia em que planejei empurrá-la do escorregador só para me vingar. Eu tinha 7 anos e havia acabado de descobrir que eu tinha sido vendido por meu próprio pai. Mas aí eu a conheci e...

— Você esteve brincando conosco esse tempo todo? — Sebastian interrompeu, a voz carregada de traição. — Isso significa que eu nunca tive chance, não é? Você me deixou fazer aqueles juramentos para poder se divertir às minhas custas.

— Éramos crianças, Sebastian, e ainda somos! — Mathias tentou justificar, sua voz cheia de arrependimento. — Eu não sabia que um dia isso poderia se transformar em algo além de amizade inocente. E quando você me disse que se declararia para ela, eu entrei em pânico. Se eu não contasse agora…

Dominado pela raiva e pela dor, Sebastian se levantou abruptamente e começou a chutar todos os cones empilhados no campo. A frustração explodiu em um acesso de fúria, enquanto ele tentava processar a traição que acabara de descobrir. A imagem de Elicy como um prêmio de um contrato chocava com sua visão de quem ela realmente era para ele.

— Sebastian! Você não pode ficar com raiva de mim, eu passei todos esses anos assistindo você ter a atenção dela, eu engoli meu ciúme por nossa amizade e por ela. Eu queria que ela pudesse ter tudo por escolha própria antes que a vida dela fosse tomada por nossos pais.

— Se você a amasse de verdade, teria encontrado uma maneira de dar a ela uma escolha, teria achado algo para quebrar aquele maldito contrato. Ninguém merece um destino desses. E você só ficou parado assistindo.

— O que acha que eu poderia fazer? — Mathias gritou de volta, sua voz carregada de frustração. — Eu só tinha 7 anos quando soube e ainda não tinha idade para fazer nada. Não pode me culpar por isso. — Ele chutou um dos cones, o som do plástico se quebrando refletindo seu estado emocional.

— E se ela rejeitar? — Sebastian perguntou, derrotado.

— Ela não pode! — Mathias respondeu, frustrado. — Acha que eu queria que as coisas entre nós três acabassem assim? Amo vocês dois, amo o que temos! Se não fosse por vocês, minha vida teria sido um inferno completo, mas graças ao nosso tempo, nossos passeios, brincadeiras e nossas conversas, eu pude ter motivos para não desejar a morte. — Mathias abaixou a cabeça, o peso das palavras lhe puxando para baixo.

Sebastian arregalou os olhos, as palavras de Mathias atingiram-no como um soco no estômago. — Me desculpe! Eu… Eu não queria que você pensasse que não me senti magoado por você. Você também não teve escolha, e isso acaba comigo. Acaba com tudo que eu acreditava.

A tensão entre eles era palpável, mas também havia uma sensação de entendimento surgindo das cinzas da dor. Eles estavam presos em uma teia de segredos e promessas quebradas, mas, ao menos agora, estavam finalmente confrontando a verdade.

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