Segredos e Sentimentos
— Espera! Depois que abrir, vamos entrar com o pé direito! — Elicy disse animada, seus olhos brilhando com uma excitação infantil.
— Você ainda acredita nisso? — Sebastian sorriu, balançando a cabeça.
— É uma tradição! E tradições não podem ser quebradas.
— Às vezes acho que você pertence a outra década. — Ele brincou, mas logo se preparou, colocando o pé direito ao lado do dela, pronto para abrir a porta.
Quando Sebastian empurrou a porta da mansão, os dois ficaram parados, boquiabertos. A cena à sua frente era impressionante, quase surreal. Tudo parecia intocado, como se o tempo houvesse congelado ali.
— Acha que tem alguém morando aqui? — Elicy perguntou, ainda absorvendo o choque.
— Não, mas tenho uma empregada que vem a cada três meses para fazer a limpeza e garantir a manutenção necessária. — Ele olhou ao redor, incrédulo. — Sobre aquele comentário de você parecer pertencer a outra década? Acho que a casa também se encaixa.
Os dois finalmente entraram juntos, com o pé direito, como Elicy havia insistido. O salão principal os recebeu com uma grandiosidade deslumbrante. No centro, um colossal lustre de cristal e ouro pendia do teto abobadado, irradiando uma luz suave e majestosa. As paredes eram revestidas de tapeçarias luxuosas, bordadas com cenas de realeza e mitologia, e cada detalhe do piso de parquet, cuidadosamente polido, refletia o brilho suave do ambiente.
Elicy estava maravilhada. A mansão era uma obra de arte por si só. Cada cômodo que exploravam parecia um portal para outra época, uma época de luxo e elegância que não pertencia ao mundo moderno. E quando escolheu um dos quartos para si — um espaço tão amplo que poderia facilmente acomodar um apartamento inteiro —, sentiu-se ainda mais imersa em um universo distante da realidade que enfrentava do lado de fora.
Enquanto Elicy tomava um banho, a água quente correndo sobre sua pele, sua mente se agitava. Havia um turbilhão de preocupações sobre a investigação e a ameaça constante de Mathias, mas o pensamento dominante era a presença de Sebastian sob o mesmo teto. Ele estava ali, tão próximo, e isso mexia com algo profundo dentro dela.
Os sentimentos que ela havia tentado enterrar por tanto tempo estavam à flor da pele. O conforto que Sebastian trazia era inegável, mas havia também um desconforto latente — o medo de que, após tudo o que viveram, pudesse ser tarde demais para eles. Ela ainda o amava; isso era inegável. Cada memória, desde a infância, passava por sua mente, e com elas, a dor de um amor que nunca teve a chance de florescer plenamente.
Naquela noite, durante o jantar, eles tomaram a decisão: Sebastian não ficaria na mansão o tempo todo. Ele precisava vigiar Mathias de perto e evitar que qualquer desconfiança surgisse. Sebastian havia sido convidado para jantar com Mathias no dia seguinte, e embora hesitasse em aceitar, sabia que era necessário. Prometeu, porém, retornar à mansão assim que pudesse.
Enquanto apreciavam a vista do lago, Elicy, sempre curiosa, perguntou:
— Sebastian, por que comprou essa casa e nunca entrou?
Sebastian olhou para o horizonte, o rosto parcialmente iluminado pela luz suave do crepúsculo.
— Comprei para você. Era o seu presente de casamento. — Ele falou suavemente, sem olhar diretamente para ela. — Sabia o quanto você era obcecada por esse lugar… Cada vez que você falava sobre ele, eu me sentia feliz, mas também triste, porque sabia que não podia te dar isso na época. Mas eu queria. Queria que fosse especial, algo que mostrasse o quanto você significava para mim.
Sebastian se virou para Elicy, e em seus olhos havia uma mistura de melancolia e afeto. O passado estava ali, vivo entre eles, em cada palavra não dita, em cada sentimento que nunca havia sido expresso por completo.
— Nunca encontrei o momento certo para entregar isso a você.
Então, como se movido por uma força invisível, Sebastian deu um passo à frente, encurralando Elicy suavemente contra a parede. A proximidade deles fez o coração de Elicy disparar. O calor da respiração de Sebastian chegou até ela, e sua presença parecia consumir todo o ar ao redor. Ela estava sem fôlego, o coração acelerado, e seus pensamentos se embaralhavam.
— Sebastian… — Ela sussurrou, sentindo o desejo de escapar e, ao mesmo tempo, de ficar exatamente onde estava.
Ele não disse nada, mas o olhar intenso que lançou a ela falou mais do que qualquer palavra. Ali, tão próximos, era impossível negar o que sentiam. O tempo, a distância, as barreiras — tudo parecia desaparecer naquele instante. Elicy podia sentir o amor antigo, enterrado, voltar à superfície, mais forte do que nunca.
A dúvida que a atormentara durante todo o dia deu lugar a uma certeza incômoda: ela ainda o amava profundamente, talvez mais do que jamais permitiu admitir. E agora, ali, tão perto dele, essa verdade a envolvia completamente.
Sebastian se aproximou de Elicy, encurralando-a contra a parede. A respiração quente dele chegou até ela, fazendo-a perder o fôlego e a capacidade de respirar normalmente.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 33
Comments