CAPÍTULO 19

— Você está exagerando. Ele nem é tudo isso. É apenas um idiota chato e arrogante que se acha demais. — Falei com sinceridade enquanto ela me olhava incrédula, fazendo uma careta de desapontamento. Se ela soubesse o que eu vi dele...

— Mas não deixa de ser um gostoso. — Ela disse maliciosa, seus olhos brilhando como se pudesse ler meus pensamentos. Lembrei do peitoral definido dele, adornado com tatuagens, era inegavelmente atraente, mas tentei afastar esses pensamentos intrusos.

— Tenho que concordar com a Elizabeth, Martina. Edward é um completo idiota. Nós éramos muito amigos, mas depois da morte do pai dele, ele se tornou outra pessoa: fora de controle. — Leo disse, deixando-me ainda mais surpresa ao perceber que eles se conheciam.

— Nossa, eu não sabia que vocês já foram amigos! — exclamei, admirada enquanto ele sorria para mim.

— É verdade, éramos muito próximos. Mas depois disso... tudo desmoronou. O pai dele era o líder de uma gangue criminosa. — Ele revelou, fazendo meu coração acelerar em choque.

— Como... O pai dele era líder de uma gangue criminosa? — Repeti sem entender nada, enquanto Leo assentia.

— Exatamente. O senhor Walker era extremamente rico e controlava tudo ao seu redor. Após sua morte, Edward teve que assumir a liderança da gangue. — Leo continuou, fazendo meus olhos se arregalarem em incredulidade. Então toda aquela riqueza vinha de drogas? Agora tudo fazia sentido.

— Depois da morte do pai dele, ele herdou tudo: até as mansões espalhadas pelo mundo passaram para ele. — Leo acrescentou enquanto eu tentava processar essa avalanche de informações.

— Mas por que você deixou de ser amigo dele? — Perguntei curiosa.

— Porque ele matou meu irmão. — Ele respondeu tristemente ao lembrar do passado doloroso. Eu abri a boca espantada.

— Ah... eu sinto muito. — Falei sentindo um peso no coração por tocar nesse assunto tão delicado para ele.

— Tudo bem. — Ele disse suavemente enquanto nossos olhares se cruzavam e ele esboçava um sorriso discreto. — Mas e você?

— Estou bem... só um pouco traumatizada com tudo isso. — Respondi rindo nervosamente e ele riu junto.

— É... deve ser horrível ser sequestrada por um criminoso assassino. — Leo observou com um olhar sério e eu sorri diante de seu comentário sarcástico.

— Eu não sabia que ele era tão ruim assim... — confessei olhando para ele com sinceridade.

Na verdade, já suspeitava disso, mas no fundo desejava acreditar que havia algo bom em Edward. Quando estive com ele e nosso beijo aconteceu, senti uma centelha de esperança de que ele pudesse ser diferente.

— Por isso é melhor você ficar longe dele, Elizabeth, é pelo seu bem. Eu conheço Edward e sei do que ele é capaz para conseguir o que quer. — Leo disse com firmeza enquanto me encarava intensamente. Um arrepio percorreu meu corpo ao sentir o medo crescer dentro de mim.

— É tudo o que eu mais desejo. E espero que ele nunca mais cruze meu caminho — digo, com a voz firme, determinada no que sinto.

Um medo profundo me consome, pois sei que escapar de suas garras não será fácil. Mas não posso continuar me escondendo. Preciso viver minha vida, não posso deixar que ele roube minha felicidade.

— Boa noite então, Elizabeth. Que tal assistirmos a um filme? — sugere ele, olhando para mim após o clima tenso que paira entre nós.

Sorrio com sua gentileza.

— Obrigada, mas estou exausta e com muito sono — respondo, enquanto Léo retribui o sorriso.

— Tudo bem, como preferir. Melhor você descansar — ele diz, ainda sorrindo. Faço o mesmo e bocejo suavemente. Meus olhos se voltam para Martina, que já dorme no sofá.

— Ela pegou no sono — comenta Léo.

Concordo com um aceno, mas meu olhar se fixa nele quando ele desaparece por um momento e logo retorna com uma coberta nas mãos. Ele cuidadosamente cobre Martina no sofá, e não consigo evitar um sorriso ao vê-lo tão atencioso.

— Acho que é hora de eu ir dormir — digo, levantando-me e desejando ver o quarto que ele preparou para mim. O sigo até lá, exausta.

Ao entrar no quarto, fico surpresa ao ver o ambiente impecável e acolhedor.

— Então, bons sonhos — ele diz com um sorriso caloroso. Sorrio de volta, sem mostrar os dentes.

— Obrigada, você também. Dorme bem. — respondo enquanto ele me observa. Ele se aproxima um pouco mais e meu coração acelera com sua presença próxima. Arregalo os olhos quando nossos lábios se encontram em um beijo inesperado que me deixa sem palavras.

Surpresa pelo gesto carinhoso, retribuo o beijo por um breve instante, mas logo me afasto, confusa.

— O que foi? Você não gostou? Desculpe, Elizabeth. Acho que fui rápido demais. Com licença — ele diz nervosamente antes de sair do quarto e fechar a porta sem olhar para trás. Deito-me na cama, franzindo o cenho.

Com a cabeça no travesseiro, não consigo afastar os pensamentos sobre Edward e o beijo que tivemos. Por que ele não sai da minha mente? O que está acontecendo comigo? A mente agitada me leva ao sono profundo.

— Edward... — sussurro em seu ouvido, sentindo sua presença intensa me envolver de maneira arrebatadora, fazendo-me soltar gemidos de prazer.

— Você gosta disso, princesa? Quando faço assim? — ele pergunta, seus olhos profundos fixos nos meus enquanto sua respiração ofegante toca minha pele. Sorrio ao vê-lo se mover lentamente, puxo seu cabelo e o atraio para um beijo ardente.

— Eu gosto! Vai mais rápido, por favor... Isso está tão gostoso... Edward! — gemo em resposta ao seu olhar malicioso que promete muito mais.

— Só eu posso fazer amor assim com você. Você é minha Elizabeth. Apenas minha, princesa! — ele geme em meus ouvidos, sua voz carregada de possessividade enquanto me encara nos olhos. Um grito escapa de meus lábios quando ele mergulha ainda mais fundo em mim.

— Aí!! Eu ouvi... Edward... — grito, contorcendo-me ao sentir uma leve dor pela intensidade do momento; mas é uma dor que se transforma em prazer absoluto.

De repente, uma voz familiar interrompe nosso momento.

— Amiga, hora de acordar! — ouço Martina chamar.

— Isso só pode ser um sonho... Estou sonhando, não é...? Edward? — falo entre gemidos, enquanto olho para o rosto dele e vejo sua respiração ofegante sobre mim.

— Claro que não, princesa... É um sonho que logo se tornará realidade... você vai ver! Você ainda vai se apaixonar por mim — ele diz, seus olhos escuros fixos nos meus com uma intensidade que me faz sentir como se estivesse flutuando, franzi a testa.

Acordo lentamente, os olhos se abrindo devagar, ainda presa naquele maldito sonho erótico que tive com ele. Preferia qualquer pesadelo a isso. Resmungo na cama, relutando em deixar o mundo dos sonhos, enquanto tampo o rosto com o travesseiro ao sentir a luz do sol invadir meu espaço.

— Amiga, já passou da hora de acordar, bela adormecida! — Martina grita, cruzando os braços enquanto se senta na beira da cama.

— Ah, droga! Deixa eu dormir mais um pouco! — resmungo, cobrindo-me novamente.

— Nada disso! Já abri até a janela. Olha esse sol lindo! O dia está perfeito hoje. E me diga: por que você queria continuar dormindo? Para continuar transando com Edward Walker no seu sonho erótico? — Martina ergue a sobrancelha, cheia de malícia.

— O quê? Do que você está falando? — pergunto, tentando me fazer de desentendida. Fico tímida ao perceber que ela adivinhou o conteúdo do meu sonho. Não foi totalmente horrível, mas não precisava ser com ele. Levanto-me sonolenta e sinto que minha parte íntima está molhada. Preciso de um banho urgente.

— Você ficou gritando o nome dele! "Aí Edward, aí..." "Isso está tão..." — Martina repete as frases que eu disse enquanto dormia, mudando a voz para imitar um tom provocante.

Arregalo os olhos em incredulidade diante da sua gritaria. — Cala a boca! — peço, envergonhada. Não posso acreditar que voltei a falar dormindo, que momento vergonhoso! Martina solta gargalhadas.

— O que foi, Elizabeth? Está com saudades do seu sequestrador gostosão, desejado por todas as mulheres? — Ela ri e eu mostro o dedo do meio para ela, que continua rindo de mim.

Acabo jogando o travesseiro na sua direção. Isso tudo em plena manhã, já não bastasse o sonho que tive — que eu preferiria ter sido um pesadelo — as palavras de Edward ainda ecoam na minha mente: "É um sonho que logo se tornará realidade... você ainda vai se apaixonar por mim..."

Chacoalho a cabeça em reprovação e tampo meu rosto com as mãos, tentando afastar esses pensamentos indesejados. Não posso estar pensando nisso, foi apenas um sonho erótico... Ou melhor, um pesadelo!

— Vai pro inferno, Martina! — xingo-a por ainda estar rindo e percebendo o jeito estranhamente envergonhado em que fiquei.

— Nossa, malvada! Eu só estava brincando. Mas sério, amiga, o que aconteceu entre vocês quando você foi sequestrada? Você viu aquele abdômen definido, e tão desejado? — Ela sorri para mim e eu faço uma careta diante de seus comentários sem sentido.

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