CAPÍTULO 8

Levanto uma sobrancelha, incrédula diante de suas palavras. Ele só pode estar com sérios problemas. Quem ele pensa que é para me dizer essas bobagens? 

A indignação cresce dentro de mim, misturada ao medo. Não consigo acreditar que alguém tenha a audácia de me tratar dessa forma.

[....]

Algumas horas se passaram desde que o homem saiu, deixando-me sozinha naquele quarto trancado, longe da luz do dia. A pressão começou a se acumular dentro de mim, e eu sentia a crise de ansiedade se aproximando como uma sombra ameaçadora.

Levantei-me, com um nó no estômago, e caminhei até a porta, tentando abri-la. Mas nada. Como sempre. Frustrada, dirigi-me às enormes janelas cobertas por cortinas brancas, puxando-as com esperanças vãs. Sem sucesso novamente.

Não posso ficar presa aqui. Olhei ao redor do quarto imenso, que provavelmente pertencia a ele, e uma onda de desespero me invadiu. Sentei-me na cama, tentando me acalmar e pensando em como poderia escapar daquele lugar desconhecido. Precisava manter a calma, tudo ia ficar bem. Respira... só relaxa.

Enquanto lutava contra a ansiedade, o cansaço me venceu e acabei adormecendo sobre o lençol, deixando que o sono me levasse para longe daquela realidade sufocante.

Quando finalmente abri os olhos, espreguicei-me lentamente e sentei na cama, um desejo ardente de que tudo aquilo fosse apenas um pesadelo do qual eu acordaria em breve. Mas a realidade era cruel e inescapável, eu precisava encontrar uma maneira de fugir, e rápido.

Cadê aquele homem? Lembrei-me vagamente de que ele saíra após atender uma ligação que parecia ser extremamente importante. Para mim, ele poderia ficar fora por tempo indeterminado.

A sensação de estar trancada naquele quarto como uma prisioneira estava me levando a crises de pânico. Levantei-me novamente e fui até a porta, batendo com força e gritando por socorro, na esperança de que alguém pudesse me ouvir.

— Socorro! Alguém! — gritei até que minha voz falhasse, mas nada aconteceu, como eu já esperava.

A determinação crescia em mim, e continuei a bater com todas as minhas forças, disposta a quebrar a porta se fosse preciso. 

Foi então que fui surpreendida: o homem apareceu de repente, abrindo a porta com um movimento brusco e fazendo-me cair em seus braços. Ele segurou meus pulsos com força, obrigando-me a encarar seus olhos intensos.

— O que foi? — perguntei, a irritação transbordando pela sua proximidade excessiva.

— Entenda de uma vez por todas: não adianta se espernear... nem gritar, caralho! Agora você é minha, Elizabeth, apenas minha! — Ele resmungou, a frustração evidente em suas palavras absurdas.

Graças a Deus, ele finalmente me soltou, embora suas mãos ainda deixassem marcas nos meus pulsos. Acariciei meu braço dolorido e, num impulso de raiva, surpreendi-o com um tapa no rosto. A satisfação da ação percorreu meu corpo ao ver suas mãos tocarem a marca vermelha que deixei em sua pele.

— Você é maluco ou o quê? Seu imbecil! — gritei com toda a força do meu ódio, cuspindo as palavras enquanto ele me olhava perplexo, claramente atônito pelo que acabara de acontecer.

— Olha, não me provoque. Você não sabe do que sou capaz. Cuide melhor do que me diz! — Ele respondeu, o tom de sua voz revelando uma irritação crescente. Eu desviei o olhar, desafiando-o a continuar.

— Eu não tenho medo de você — declarei, cada palavra carregada de desprezo.

— Deveria. Você sabe muito bem que posso te matar quando quiser!

—Então, por que não faz isso? - Bufo, enquanto nos encaramos, e ele esboça um sorriso.

— Olha, amor, eu já disse para você ficar quieta. Em vez de te matar, eu posso te punir. Então, me obedeça, e pare com essas perguntas.

— Nunca vou me calar para você! Não te conheço e não sei qual é o seu problema comigo! Mas só para deixar claro: não sou uma qualquer, e não tenho nada a te oferecer. Então, me solte de uma vez por todas! - Grito, mas ele tapa minha boca com fita adesiva, e prende meus braços com suas mãos enquanto me debato.

— Eu disse para calar essa boca! — ele retruca, e nossos olhares se cruzam enquanto murmuro, revirando os olhos em confusão diante de sua atitude insensata.

Ele me arrasta para fora do que deveria ser seu quarto, e me leva a um corredor adornado com lustres e quadros elegantes nas paredes. A decoração luxuosa deixa qualquer um boquiaberto, ele deve ser podre de rico. 

 Sem aviso prévio, ele me empurra para dentro de um quarto decorado de forma feminina, vibrante e chamativo. Sento-me na cama, sentindo a maciez do colchão sob mim, enquanto ele se ajoelha à minha frente. Franzo a testa, tentando decifrar suas intenções.

 — Esse será seu novo quarto — ele afirma, fixando o olhar nos meus olhos. Resmungo diante da situação absurda: fui sequestrada, e agora sou forçada a viver aqui.

 — Vou tirar essa fita, mas não pense em dizer uma palavra. — ele avisa. 

 Arqueio a sobrancelha, relutante em obedecer suas ordens. Assim que a fita é removida, meus lábios ficam vermelhos e expostos.

 Ele se afasta por um momento, e a adrenalina corre pelas minhas veias, corro em direção à porta na esperança de escapar novamente. Mas ele é mais rápido e bloqueia meu caminho com uma determinação feroz.

 — Porra! Você é surda, caramba!? Não me faça perder a paciência! Já te avisei várias vezes para não tentar fugir!!! — Ele grita, sua voz ressoando no pequeno espaço enquanto me empurra contra a parede. Nossos corações batem em uníssono, o som acelerado de ambos preenchendo o ar tenso. Num impulso de raiva, cuspo diretamente em seu rosto.

Ele sorri sarcasticamente, limpando a saliva que escorreu pelo seu nariz, e seus olhos brilham com um misto de irritação e divertimento. 

— Se eu soubesse que você era tão complicada assim, nunca teria te sequestrado — diz ele, mantendo o olhar fixo em mim antes de sair do quarto e fechar a porta com um estrondo.

Sozinha, desabo em lágrimas, ouvindo o som do meu próprio soluço ecoar pelo silêncio opressivo. Levanto-me e vou ao banheiro para lavar o rosto, encarando meu reflexo deprimente no espelho. A imagem diante de mim é um lembrete cruel da situação em que me encontro.

Queria estar com Martina agora, apenas ela seria capaz de arrancar uma risada de mim em um momento tão sombrio. Enquanto olho ao redor do quarto bonito e diferente, uma curiosidade me impulsiona a explorar o closet repleto de roupas femininas e lingeries rendadas que nunca havia visto antes.

Ignorando a estranheza daquele lugar, decido sair pela porta que ele deixou entreaberta.

Corro apressadamente pela casa imensa, a adrenalina corre pelo meu corpo enquanto desço as escadas majestosas até chegar à sala de estar. Meu coração acelera ao me dirigir à porta da saída daquela magnífica mansão.

Tento abrir janelas e portas, mas tudo está trancado. Droga! O que vou fazer agora?!

Observando a casa luxuosa ao meu redor com uma admiração involuntária, percebo uma mulher mais velha me encarando com espanto, provavelmente nunca viu uma jovem apenas de lingerie vagando pela sala de estar. 

Meu estado é deplorável: cabelo bagunçado e maquiagem arruinada.

Ela continua a me olhar fixamente, sem saber o que dizer. Parece estar limpando a casa com um rodo, sim, ela é a faxineira!

E, claro, não consegui resistir. Com a esperança despedaçada, fui até ela, implorando por ajuda. 

Quem sabe ela, não, poderia ser a minha salvação desse homem louco?

— Por favor, senhora, me ajude!!! Um lunático me sequestrou, e me prendeu aqui. Eu preciso ir embora urgentemente! Você poderia me ajudar?!! — implorei, a voz trêmula enquanto a observava em silêncio. 

O olhar dela era confuso, talvez realmente não pudesse fazer nada, e eu teria que me virar sozinha.

— Você conhece alguma porta de saída para eu escapar desta casa? — insisti, o desespero tingindo minhas palavras. 

A pressão no meu peito aumentava a cada segundo que passava, e o medo começava a se espalhar por mim como uma sombra sufocante. 

— Por favor, senhora... Me ajude!! — repeti, agora com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

O terror começou a dominar minha mente. As lágrimas não paravam de cair enquanto pensamentos aterrorizantes se aglomeravam. 

O que aconteceria se ele me encontrasse aqui?

E, para meu horror, ouvi os passos dele descendo as escadas em direção a mim. Seu olhar era penetrante, como se quisesse me matar apenas com os olhos. 

Merda!! 

Droga!!

O que eu faço, agora?!

Corri até a porta antes que ele chegasse perto demais. O instinto de sobrevivência tomou conta de mim, não podia deixar que ele fizesse algo terrível. Bati na porta com toda a força que tinha, gritando por socorro repetidamente enquanto ele se aproximava cada vez mais!! 

Merda!!! 

Alguém, por favor, me ajude!!!

Socorro!!

Será que desta vez ele realmente cumprirá o que disse? O que será de mim agora? Ele irá me punir? 

Ou, quem sabe, me matar? 

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Luciana Souza

Luciana Souza

ela acha que ele é bobó

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Neide Cosmo

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