Puxo sua cabeça para frente, afastando-a do volante e dos cabelos que encobrem seu rosto. Vejo sua testa machucada, manchada de sangue. Escuto sua respiração e coloco a mão sobre seu peito para checar se seu coração ainda bate normalmente.
Graças a Deus, parece que está tudo bem, ela apenas desmaiou. Um suspiro de alívio escapa de meus lábios, espero que seja só isso.
Tento novamente ligar meu celular para chamar o pronto-socorro, mas sem sucesso, como sempre. Encosto-me no banco do carro, murmurando de raiva.
— Amiga, o que aconteceu? - escuto Martina perguntar, surpresa ao acordar. Um suspiro de alívio escapa de mim, realmente pensei que ela tivesse morrido.
— Você está bem? - pergunto, percebendo os machucados dela. Ela assente, levemente.
— Acho que sim, só estou com um pouco de dor de cabeça. - diz, passando a mão pelos cabelos pretos.
— Droga! - Escutei, ela resmungar.
— E agora, o que fazemos? Não tem nem um posto de gasolina por perto e, para piorar, estamos sem sinal.
— Não sei... O jeito é sair e ver se o carro ainda está em condições de dirigir. - respondo, compartilhando a incerteza.
Estamos presas em uma estrada escura, longe de tudo, até mesmo da minha casa. A única coisa que posso fazer é rezar para que tudo dê certo.
— O que houve com meu carro? - Martina resmunga ao girar a chave na ignição, mas não há sinal de vida. Começo a rir, não sei se é nervosismo ou desespero pela situação.
— E você ainda ri? Poderíamos ter morrido, tá legal? - Martina bufa, claramente irritada com meu riso em meio ao caos.
— Mas amiga, tem um tronco de árvore na sua frente e você atropelou o coitado do gambá! - digo entre risadas, e ela não consegue conter um sorriso.
Ela arregala os olhos ao perceber que realmente colidiu com uma árvore. — Droga.. Eu não sabia disso! - defende-se entre risos.
Não deveríamos estar rindo em uma situação como essa, deveríamos sentir medo — muito medo — por estarmos completamente sozinhas em uma rua deserta. E sim, isso é assustador.
— E aquele homem, Elizabeth? Você sabe onde ele está? - pergunta Martina enquanto continua acariciando o cabelo.
— Não sei... e nem quero saber. Ele simplesmente desapareceu. - digo, com um toque de apreensão.
Rezo mentalmente para que ele não apareça agora, especialmente enquanto estamos paradas dentro do carro.
— E se ele aparecer? O que fazemos? - Martina pergunta, e tento manter a calma.
— Ele não vai aparecer, amiga. Vai ficar tudo bem, ok? - respondo tentando tranquilizá-la enquanto ela esboça um sorriso.
— Será que meu carro bateu muito? Precisamos sair para ver. Droga, comprei esse carro há poucos dias... é o que dá você morar no fim do mundo! — diz ela com um tom acusatório.
Arqueio a sobrancelha e reviro os olhos, eu realmente não queria ter vindo para esse cassino — foi uma péssima ideia.
— Você sabe que eu não queria ir! - defendo-me enquanto a olho.
— Mas agora não vamos mais. Está feliz, assim? - pergunta irônica, olhando diretamente para mim.
— Não tenho culpa de nada, ok? - digo, sorrindo.
— Talvez tenha sim! Você foi quem se mudou para esse fim do mundo horrível, onde não tem nem árvores, nem casas. E aliás, eu bati meu carro para te buscar!
Resmungo diante do comentário dela, mas não consigo evitar um sorriso irônico.
— Já disse que a culpa não foi minha, e não quero discutir sobre isso agora. Então por quê, não fica quieta, e pensa em uma possibilidade de sairmos daqui?
Ela revirou os olhos novamente. — Esse carro sempre foi meu sonho, e você sabe disso, Elizabeth!
— Então por que não prestou atenção enquanto dirigia? - retruco, e ela que resmunga.
— Vamos sair, quero ver se meu carro ainda está vivo, já que você estragou tudo! - Martina debocha enquanto eu reviro os olhos por sua raiva direcionada a mim.
Logo desembarcamos juntas, fechando as portas do veículo atrás de nós.
— Puta, merda! — exclamou ela, examinando o carro amassado na traseira. Ao abrir o capô, uma fumaça densa escapou, fazendo-nos tossir.
— Droga... — murmurei, sem entender muito de carros.
Isso me fez recordar do meu pai, que sempre trabalhou em uma oficina mecânica. Ele tinha uma verdadeira paixão por automóveis e costumava participar de corridas ilegais. Mas deixei essas memórias de lado ao ouvir Martina me chamar.
— Elizabeth, entra no carro e pega um litro de óleo. Acho que preciso colocar um pouco de óleo no carburador. — Ela disse, e eu assenti, mesmo sem entender muito bem do que se tratava.
— Tem cartela de cigarro no carro? — perguntei, já dentro do veículo, e procurando.
— Tem sim, nos porta-objetos. — Ela gritou.
Finalmente encontrei a cartela e acendi um cigarro, seguindo o exemplo dela. Enquanto isso, Martina apressadamente colocava o óleo no carburador.
— Bora, amiga! — Martina disse ao fechar o capô e olhar para a rua deserta e os pássaros na floresta. Fiz o mesmo e entrei no banco do carona, colocando o cinto de segurança antes de fechar a porta.
— Agora é só ver se o carro vai pegar. — Ela falou, ligando a chave e me deixando nervosa, e ansiosa ao mesmo tempo. Esperava que sim!
— Ligou! Até que, enfim! — Ela gritou animada ao ouvir o motor roncar. Sorri para ela enquanto comemorávamos com um toque das mãos.
— É, só amassou um pouco, nada que um bom mecânico não resolva. — Ela comentou, virando o volante para entrar na pista novamente, enquanto eu admirava a paisagem pela janela do carro.
— Bom, pelo menos não vamos dormir com os animais selvagens, não é mesmo, amiga? — falei rindo ao observar a floresta que parecia um tanto assustadora. Martina riu, também, concordando.
Mas como sempre, nossa alegria sempre dura pouca.
Droga! — Martina, resmungou.
Era o mesmo senhor de antes, sim, ele havia aparecido novamente, nos dando um belo de um susto. Ele batia com as mãos no vidro do carro, tentando nos dizer algo que eu não conseguia decifrar.
— Oi, então, soube que bateram o carro. Precisam de mais alguma coisa? — disse ele com uma voz calma, mas ao mesmo tempo perturbadora. Não fazia ideia do que se escondia por trás daquela voz sombria. E se ele fosse um assassino em série, sanguinário?
Era o que eu temia ao ouvir seu tom arrepiante, e assustador. O medo me dominava.
— Não, não precisamos de nada, obrigada — respondeu Martina. Antes que pudesse fechar o vidro novamente, ele impediu com a mão e sorriu para nós. Olhei para minha amiga, aterrorizada.
— Espera! Me desculpe, não queria que tivessem batido o carro por minha causa — tentou ele, tentando parecer educado, mas soava estranhamente ameaçador. Algo estava muito errado com aquele homem.
— E vocês são lindas! Se precisarem de alguma ajuda, é só me chamar. Estarei à disposição — disse ele, fazendo-nos sentir um arrepio na espinha.
Olhei para Martina e vi que ela compartilhava da mesma apreensão que eu. Meu coração tremia e minha mente acelerava, meu corpo estava tomado pela ansiedade e pelo medo apavorante.
Eu só queria sair dali o mais rápido possível, não queria que nada de mal nos acontecesse agora, naquela hora e naquele lugar isolado. O que nos aguardava? Isso não podia acontecer de novo comigo!
Assenti para Martina ligar o carro e acelerar em alta velocidade, fugindo daquela situação.
Ela fez exatamente o que pensei: deu marcha à ré com tanta pressa que quase atropelou o senhor. Olhei para trás e não vi mais ninguém, isso me deixou ainda mais inquieta. E se não fosse um homem real, mas sim um espírito nos assombrando? Que droga, foi aquela?!
Martina dirigia sem se importar com nada ao redor, correndo como nunca antes. O medo nos dominava completamente. Soltei um suspiro aliviado e acabei adormecendo — mas não dormi profundamente.
[....]
Acordei apoiada no vidro do carro e me espreguicei ao notar que Martina não havia dormido nada, ela apenas dirigiu sem parar. Eu realmente precisava tirar minha carteira de motorista, mas confesso que ainda tinha muito medo de dirigir.
Finalmente chegamos a um posto de gasolina próximo, ainda faltavam alguns minutos até a cidade, mas já havia amanhecido e agradeci a Deus por isso — seria mais fácil andar sem nos preocuparmos com alguém nos seguindo.
Desembarquei com Martina enquanto ela abastecia seu veículo. Um garoto aleatório que trabalhava no posto veio até nós tentando puxar conversa.
— BMW M4, um carro impressionante! Mas está um pouco amassado. O que aconteceu? — ele pergunta, franzindo o cenho, com curiosidade.
Eu reviro os olhos ao ver Martina, que parecia não estar tendo um bom dia. Para completar, eu também acordei de mau humor. Não sou sempre assim, mas hoje não estou afim de conversar.
— A gente bateu o carro, foi só isso. Nada demais, e eu tenho carteira — Martina bufa, visivelmente irritada com ele, enquanto ele ri.
— Então você não é uma boa motorista para dirigir um carro tão lindo — ele diz, com deboche. Parece que ele se apaixonou pelo carro.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Luciana Souza
com certeza a amiga sabia que,a bebida foi
batizada
2024-09-10
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