CAPÍTULO 18

Edward, confesso que ele é muito diferente dos caras que já conheci. Seu olhar escuro e cabelos negros têm um efeito arrebatador, seu corpo forte e musculoso é adornado por tatuagens discretas. Ele é incrivelmente lindo, nunca vi nada igual. Há um ar misterioso ao seu redor, como se escondesse segredos profundos, por isso todas as garotas são malucas por ele.

Mas não posso pensar nisso agora, preciso esquecer tudo o que aconteceu.

— Meninas, podem entrar! Fiquem à vontade, sintam-se em casa — disse o garoto para mim e para Martina. Assenti, despertando dos meus devaneios.

— Acho que vai chover — comentou Martina ao ouvirmos um trovão distante.

— É... acho que sim — respondi com um sorriso para seu amigo, que retribuiu o gesto. Um raio cortou o céu em um instante arrepiante, tentei ignorar esse medo enquanto olhava para dentro da casa dele.

— Nossa, sua casa é linda! — exclamei com entusiasmo.

— Obrigado! Que bom que você gostou — ele respondeu com um sorriso intenso que me deixou sem jeito.

Escutei sua respiração ofegante enquanto continuava: — Então se sentem no sofá, devem estar morrendo de frio. Se me dão licença meninas, vou preparar algo para vocês na cozinha.

Sentei-me no sofá ao lado de Martina e, ao olhar à frente, avistei uma televisão enorme e uma lareira com chaminé que tornava o ambiente acolhedor.

— A casa dele é linda, amiga — comentei admirando o espaço.

— É sim, mas não muda de assunto, Elizabeth!! — respondeu Martina revirando os olhos. Franzi o cenho ao ouvir suas palavras, ela parecia realmente furiosa comigo.

— Que merda aconteceu com você aquele dia? Você quase me matou do susto, garota!! Nunca mais faça isso com sua melhor amiga. Pelo menos avise da próxima vez! — Martina soltou essas palavras com uma irritação palpável.

Sabia que ela devia estar me odiando naquele momento, mas não era algo que eu quisesse. Jamais poderia imaginar que seria sequestrada por um lunático.

— É uma longa história, amiga. Já te disse — falei dando de ombros.

— Não me importo! Preciso saber o que aconteceu com você naquele dia. Me conta logo! Estou ficando ansiosa, e você sabe que sou insistente, Elizabeth. Vou continuar sendo até você me contar tudo — desabafou ela com curiosidade nos olhos fixos em mim. Não havia como esconder isso dela, precisava compartilhar tudo antes que sua curiosidade explodisse

— Me conta logo! Alguém te sequestrou? Te machucaram? Roubaram seu celular? — Martina insiste, seus olhos brilhando com uma curiosidade quase voraz.

— Tá bom, só se acalme... Eu fui sequestrada! — digo de uma vez, como se quisesse desabafar todo o peso da situação. Ela me observa com os olhos arregalados, incrédula. Então, um sorriso se forma em seu rosto e ela começa a rir.

— O quê? Como assim? Espera... Você foi sequestrada por um homem? É sério isso? Só pode ser brincadeira, Elizabeth! Inventa uma mentira melhor, garota! — Martina ri de mim, e eu resmungo diante do deboche.

— Não estou mentindo! É sério! E para de rir de mim, ser sequestrada não foi nada divertido — respondo, desviando o olhar para as chamas dançantes na lareira. Ela ainda ri.

— Tudo bem, mas como você conseguiu escapar? Você está bem? Esse sequestrador fez algo ruim com você? Eu preciso saber de tudo para contar à polícia — ela pergunta, a preocupação estampada em seu rosto.

— Não! Por favor, não envolva a polícia nisso, só vai piorar as coisas — imploro, percebendo a confusão que se instala em sua testa.

— O quê? Como assim, Elizabeth? Ele é um sequestrador! Precisa ser preso e investigado pela polícia. Vai saber quantas pessoas ele já não sequestrou antes — diz ela, começando a perder o controle. Sei que Martina está preocupada comigo, mas qualquer ação pode tornar tudo ainda mais complicado.

— Por favor, amiga, eu pedi para você manter a calma. Eu estou bem, tá? Isso é o que importa agora. Vamos tentar esquecer isso, por favor? — falo com suavidade. Ela assente, mas sua expressão ainda revela insatisfação.

— Como esquecer disso, Elizabeth? Você acabou de dizer que foi sequestrada! E vai ficar por isso mesmo? Ele não fez nada com você, certo? — insiste ela, me olhando fixamente. Respiro fundo e murmuro:

— Não, ele não fez nada. E eu não quero mais falar sobre isso. Vamos fingir que nada aconteceu?

— Qual era o nome dele? — pergunta Martina, determinada.

— Era Edward... mas isso não importa mais — respondo, lembrando do beijo que tive com ele — um erro sem dúvida.

— Edward? Espera! Deixa eu me lembrar... Edward Walker, é dele que vocês estão falando? — pergunta o jovem que acaba de entrar na sala com dois cappuccinos de chocolate fumegantes. Arregalo os olhos em espanto, como ele conhece Edward?

— Para aquecer vocês desse frio terrível lá fora — ele diz com um sorriso encantador.

— Espera... Como você sabe? — pergunto ainda confusa.

Ele sorri novamente. — É uma longa história. Desculpe por ser enxerido e ouvir a conversa de vocês.

— Não! Tá, tudo bem... — respondo, olhando para ele com curiosidade crescente.

— Ah... eu sinto muito. Como é seu nome mesmo? — ele pergunta educadamente.

— A droga! Esqueci de apresentar vocês! Como sou lerda! — exclamou Martina. — Elizabeth, este é Leonardo. Leonardo, esta é Elizabeth. — Martina ri ao fazer as apresentações.

— Bons tempos — ele diz com um olhar intenso fixo em mim. Sorrio tímida, talvez eu esteja um pouco envergonhada.

— É um prazer te conhecer, Elizabeth — Leonardo diz enquanto beija minha mão em um gesto gentil. Sorrio novamente tentando manter a compostura.

— Obrigada, igualmente 'senhor Leonardo' — respondo com um sorriso nervoso enquanto nossos olhares se encontram por um instante que parece estender-se no tempo.

— Vê se param com isso já! Não estou afim de ficar de vela! — Martina grita entre risadas. Resmungo diante da audácia dela.

— Martina, acabamos de nos conhecer! — tento cortar o clima estranho que se formou entre nós.

— E daí? — Martina responde em voz baixa mas audível o suficiente para todos ouvirem. Resmungo mais uma vez.

— Desculpe... por isso, Leonardo — digo tentando me desculpar pela interrupção inesperada.

— Pode me chamar só de Leo — ele corrige suavemente. — E não precisa se desculpar, para mim está tudo ótimo. Seria uma honra ter o privilégio de ficar com você — diz isso olhando profundamente nos meus olhos e eu me surpreendo com sua sinceridade.

— Foi mal, eu fui muito idiota? — ele pergunta com uma expressão preocupada.

— Não, claro que não. Relaxa! — respondo sorrindo novamente enquanto sinto a tensão diminuir entre nós. Ele retribui o sorriso aliviado.

— Então... tá tudo bem, então. — confirma ele enquanto me observa atentamente. Bebo mais um gole do cappuccino que está simplesmente delicioso.

— Mas voltando ao assunto anterior... Você realmente está bem? Tem certeza que não quer que a gente faça algo? — pergunta Martina novamente com aquele brilho de preocupação nos olhos.

— Não precisa se preocupar, tá tudo bem agora. Já passou! — falo tentando transmitir tranquilidade através do meu sorriso forçado. Ela assente mas ainda parece insatisfeita.

— Então, Elizabeth… você foi sequestrada por Edward Walker? Me desculpe ser enxerido novamente, eu amo investigar as pessoas! — Leo diz rindo levemente para mim e eu não consigo evitar sorrir também.

— É… foi ele mesmo. — confesso sem saber muito mais o que dizer sobre a situação estranha que vivi.

No fundo estava morrendo de medo, e se Edward viesse atrás de mim novamente? Por quê, logo eu? Isso ainda não fazia sentido algum… Ele sabia que eu tinha uma vida fora, e sonhos pendentes.

Estava até pensando em concluir minha faculdade ainda este ano, mas depois do que aconteceu achei melhor desistir!

— Eu conheço esse homem... Quer dizer, já ouvi falar dele. Lembra daquele meu amigo Jhonatan do cassino? — disse Martina, seus olhos ainda fixos em mim, buscando uma conexão.

— Sim... Mas o que tem ele? — perguntei, confusa e intrigada.

— Então... Jhonatan e esse cara, Edward, são amigos bem próximos. — Ela revelou, e um frio na barriga me percorreu. Espera! Então foi ele quem mandou Jhonatan colocar algo na minha bebida naquele dia fatídico no cassino? Foi por isso que desmaiei!

— Amiga, sinto muito pelo que aconteceu. Eu não sabia que meu amigo Jhonatan estava envolvido nisso. — Martina disse, tocando meus ombros com um olhar preocupado. Meus olhos começaram a pesar, a tristeza me envolvia como uma nuvem escura.

Arqueei a cabeça em seu colo enquanto ela acariciava meu cabelo e me abraçava. Tudo fazia sentido agora, Edward sempre soube de mim e provavelmente já planejava me sequestrar muito antes do cassino.

— Esse cara que te sequestrou é podre de rico, amiga! Ele é dono do cassino e de quase tudo em Nova York. É misterioso, e famoso... E claro, desejado por quase todas as mulheres da cidade! — Martina exclamou, soltando um gritinho que me fez erguer a cabeça em incredulidade.

— Ele é um puta milionário do caralho! Você tem muita sorte de ser sequestrada por ele, amiga!! Puta que pariu!! — Martina gritou, como se falasse do homem mais lindo, e poderoso do mundo.

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