A caminho de uma peça

No dia seguinte, o sol já brilhava forte quando Alice acordou, ainda sonolenta. Ela piscou várias vezes, tentando afastar o torpor do sono. Ao seu redor, alguns membros do grupo ainda dormiam profundamente, enquanto outros já estavam de pé, movimentando-se silenciosamente pelo celeiro.

Coçando os olhos, Alice levantou-se devagar e caminhou até a porta do celeiro. Ao sair, foi recebida por uma brisa suave e pelo calor agradável do sol da manhã. Seus olhos vagaram pelo local, observando o cenário à sua frente. O grupo estava espalhado pelo terreno, alguns cuidando dos animais que pastavam tranquilamente nas cercas ao redor.

Ela avistou Kaito sentado na sacada da casa de Rubens, imóvel em uma cadeira de madeira. Seus olhos estavam fechados, mas suas mãos seguravam firmemente a arma, como se estivesse sempre preparado para qualquer eventualidade. Havia algo em sua postura que transmitia uma vigilância constante, mesmo enquanto descansava.

Com passos leves, Alice subiu as escadas que levavam à sacada, tentando não fazer barulho para não perturbá-lo. Ela o observou por um momento, a expressão tranquila em seu rosto contrastando com a tensão que parecia sempre acompanhá-lo. Decidiu não incomodá-lo e se afastou discretamente, caminhando em direção à porta da casa de Rubens.

Quando estava prestes a bater, a porta se abriu e Filipe apareceu, seu rosto iluminado por um sorriso amigável ao vê-la.

— Bom dia, Alice. — Filipe cumprimentou, sua voz suave. — Precisa de algo?

Alice sentiu-se um pouco constrangida, mas sorriu de volta.

— Eu gostaria de tomar um banho, se não se importar. — Ela respondeu, coçando a nuca, um gesto de leve embaraço.

Alice sentiu as bochechas corarem levemente ao pedir o banho, mas Filipe, com seu sorriso gentil, apenas acenou com a cabeça, compreendendo perfeitamente.

— Claro, Alice. Não precisa se envergonhar. — Filipe respondeu, dando um passo para o lado para deixá-la entrar. — Venha, vou mostrar onde fica o banheiro. É simples, mas a água está quente.

Alice seguiu Filipe pela casa de Rubens, passando por corredores decorados com lembranças da família e retratos emoldurados nas paredes. A casa, embora modesta, exalava uma sensação de calor e acolhimento, algo que ela não sentia há muito tempo.

— Espero que esteja se sentindo bem aqui. — Filipe disse enquanto caminhavam. — Sei que as coisas têm sido difíceis, mas meu pai sempre acreditou em oferecer um lugar seguro para aqueles que precisam.

Alice sorriu, apreciando a sinceridade nas palavras dele.

— Estou me sentindo bem, obrigada. Seu pai é muito generoso. Acho que todos nós precisávamos de um pouco de paz, mesmo que temporária. — Alice respondeu.

Filipe parou em frente a uma porta e a abriu, revelando um banheiro limpo e arrumado.

— Aqui está. — Ele disse, indicando o espaço. — Pode tomar seu tempo. Vou pedir para minha madrasta, Lori, trazer algumas roupas para você. Tenho certeza de que ela tem algo que pode servir.

Alice agradeceu mais uma vez e entrou no banheiro, sentindo um alívio imediato ao fechar a porta atrás de si. Ela ligou o chuveiro, e o som da água correndo era quase terapêutico, afastando as tensões acumuladas. Tomou um longo banho, permitindo que a água quente relaxasse seus músculos e limpasse a poeira e o cansaço dos últimos dias.

Quando saiu do banho, sentindo-se limpa, encontrou uma muda de roupas dobradas cuidadosamente sobre uma cadeira perto da porta. Alice vestiu as roupas, que eram simples, mas confortáveis, e que, surpreendentemente, serviam bem.

Pouco depois, ela ouviu uma batida suave na porta. Ao abri-la, encontrou Lori, esperando do lado de fora.

— Espero que as roupas estejam boas. — Lori disse, observando Alice com curiosidade. — Essas eram minhas favoritas, mas já faz um tempo que não as uso. Fico feliz que sirvam em você.

Alice sorriu, sentindo-se genuinamente grata pela generosidade que a família de Rubens estava mostrando.

— São perfeitas, Lori. Obrigada por compartilhar. — Alice respondeu, sentindo um calor genuíno em seu peito.

Lori deu um sorriso alegre e acenou com a cabeça.

— Se precisar de mais alguma coisa, é só dizer. — Lori respondeu antes de se afastar, deixando Alice sozinha no corredor.

Após o banho, Alice se sentiu revigorada e pronta para enfrentar o dia. Ela saiu da casa e seguiu em direção ao campo, onde avistou seus colegas de grupo reunidos em torno de uma grande mesa de piquenique, que haviam improvisado com tábuas e cobertores.

Conforme se aproximava, notou Daniel sentado à mesa, devorando uma panqueca com entusiasmo. Ao lado dele, uma senhora de cabelos grisalhos, que aparentava estar nos seus setenta anos, mexia uma panela sobre um fogão a lenha improvisado, de onde saía um aroma delicioso de café fresco e pães assando.

— Vejo que encontraram um bom lugar para comer. — comentou Alice, sentando-se ao lado de Daniel.

— Bom dia, Alice! — Daniel respondeu, ainda com a boca cheia, mas sorrindo de orelha a orelha. — Rubens nos disse que poderíamos cozinhar aqui fora. Acho que ele só quer manter a cozinha da casa em ordem.

Alice riu suavemente.

— Não pense nisso. Ele só quer um pouco de espaço. E, honestamente, cozinhar ao ar livre tem o seu charme.

Nesse momento, a senhora se aproximou da mesa com uma bandeja de pães frescos e ovos mexidos, que distribuiu generosamente. Ela era Penélope, que tinha se juntado ao grupo para ajudar.

— Espero que goste, faz tempo que não cozinho para tanta gente. — Penélope disse com um sorriso caloroso, sentando-se junto a eles.

— Isso está maravilhoso, Penélope. — Alice agradeceu, pegando um pão e sentindo a textura macia e quente em suas mãos. — Você tem sido uma bênção para todos nós aqui.

Penélope sorriu modestamente.

— Fico feliz em ajudar.

Alice assentiu, olhando ao redor. O ambiente era simples, mas acolhedor, e o grupo parecia mais relaxado do que nos últimos tempos. Penélope, sentada ao seu lado, observava os demais com um sorriso sereno, sentindo que aquele breve momento de paz era uma dádiva em meio ao caos do mundo.

Enquanto Alice se acomodava, saboreando a refeição preparada por Penélope, ela notou Kaito caminhando em direção à mesa. Seu semblante estava mais sério do que o usual, mas isso não era incomum. Kaito sempre mantinha um ar de preocupação, mesmo nos momentos mais tranquilos. Quando ele se aproximou, Alice percebeu que ele tinha algo importante para dizer.

— Alice, posso falar com você? — Kaito perguntou, sua voz baixa para não chamar a atenção dos demais.

Alice assentiu, deixando o restante da refeição na mesa e levantando-se. Penélope observou a troca silenciosa entre os dois, mas permaneceu onde estava, respeitando a privacidade deles.

Kaito guiou Alice para um canto mais afastado, onde poderiam conversar sem serem ouvidos. Assim que estavam longe o suficiente, ele falou:

— Rubens pediu nossa ajuda com algo. Ele mencionou que precisa de uma peça específica para o carro dele, e a única chance de encontrarmos é em uma cidade próxima daqui.

Alice franziu a testa, ponderando sobre o que aquilo significava. Sair da segurança da fazenda não era algo que faziam levianamente, mas ela sabia que um veículo funcional seria crucial para todos ali, especialmente se precisassem se mover rapidamente.

— Quando você quer ir? — perguntou Alice, já decidida a ajudar.

— O mais cedo possível. — Kaito respondeu, os olhos dele refletindo a gravidade da situação. — Quanto menos tempo ficarmos fora, melhor. Eu já separei algumas armas e suprimentos. Só precisamos encontrar a peça e voltar antes que anoiteça.

Alice assentiu novamente. Ela sabia que Kaito tinha razão. As estradas eram perigosas, mas ter um carro em bom estado poderia fazer a diferença entre a vida e a morte se precisassem evacuar o local rapidamente.

— Vamos então. — disse Alice, com determinação na voz. — Vou pegar minhas coisas.

Kaito a observou por um momento, como se quisesse dizer algo mais, mas apenas assentiu.

Enquanto Alice se preparava, ela encontrou Daniel novamente.

— Daniel, vou sair com o Kaito para buscar uma peça de carro para o Rubens. Não sabemos quanto tempo vai levar, mas vamos tentar voltar o mais rápido possível. — disse Alice, tentando manter um tom calmo.

Daniel olhou para ela com uma expressão preocupada, mas assentiu compreensivamente.

— Cuidado, Alice. — disse Daniel, pegando a mão da amiga por um breve momento. — Vamos ficar de olho por aqui até vocês voltarem.

Alice sorriu para o mesko, sentindo a força do vínculo que tinham. Não importava o que acontecesse lá fora, sabia que podia contar com os que ficaram para proteger o grupo.

Com tudo pronto, Alice e Kaito se encontraram na frente da casa de Rubens, onde ele estava esperando por eles. Rubens, um homem robusto de expressão dura, entregou-lhes uma descrição detalhada da peça que precisavam encontrar.

— Não será fácil, mas se conseguirem isso, será uma grande ajuda para todos nós. — disse Rubens, sua voz grave transmitindo a urgência da situação.

— Faremos o nosso melhor. — respondeu Kaito, colocando a descrição da peça no bolso. — Nos veremos em breve.

Com uma última troca de olhares entre os três, Alice e Kaito partiram, deixando para trás a segurança da fazenda. Sabiam que o caminho seria perigoso, mas a necessidade de garantir que o grupo tivesse um meio de transporte os impulsionava.

A estrada à frente era incerta, e ambos estavam cientes dos riscos. Porém, juntos, enfrentariam o que fosse necessário para garantir a segurança de todos.

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Comments

NANNO

NANNO

.

2024-10-20

1

Albert Lucca

Albert Lucca

a

2024-10-08

1

Albert Lucca

Albert Lucca

Kaito deveria deixar um dia a Alice de vigia enquanto ele dorme. MAS ELE É CHATO /Skull//Skull/

2024-10-08

1

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Capítulos
1 O cadáver
2 A contaminação
3 O chamado
4 Refúgio temporário
5 Uma solução
6 Dores e percas
7 Andando sem rumo
8 A estrada
9 Vai uma briga por aqui?
10 Abrigados na farmácia
11 Presença inesperada
12 A fazenda
13 Podemos confiar neles?
14 Morte rápida
15 O silêncio
16 Momento de paz
17 Sempre bom confiar no local
18 A caminho de uma peça
19 Em busca de uma peça
20 Momento de paz
21 Em uma pequena fazenda
22 Então... Eu cuido de você
23 Um novo membro!
24 Menos um
25 De cara a cara com a fera
26 Salve-se quem puder!
27 Risos e conversas
28 Refúgio no meio do mato
29 Vamos fortalecer nosso abrigo
30 O ataque na loja de Conveniência
31 Judith e Rafael
32 Confio nela, mais do que em mim mesmo
33 Apenas eles dois
34 Novos sobreviventes
35 Trinta e cinco
36 Confiança em primeiro lugar
37 Trinta e sete
38 O Kaito precisa descansar!
39 Trinta e nove
40 Se queria ficar abraçada comigo, era só ter pedido
41 Brigados
42 Um clima pesado
43 A refém
44 Quarenta e quatro
45 A beira do sangue
46 Seja com ele ou sem
47 Ele até tenta ser bonzinho
48 Se conhecendo
49 Chapter 49
50 Chapter 50
51 Chapter 51
52 Chapter 52
53 Chapter 53
54 Luto pela família de Filipe
55 Em busca do Daniel
56 Daniel
57 A busca pelo amanhã
58 Um Momento de Intimidade
59 Chapter 59
60 Chapter 60
61 Chapter 61
62 Acho que estamos sendo seguidos
63 Chapter 63
64 Chapter 64
65 Uma grande esperança a frente
66 Redenção
67 Chapter 67
68 Eu perguntei quem é você, seu imbecil!
69 Chapter 69
70 Estamos do mesmo lado. Por enquanto.
71 Qualquer passo errado... vai ser você, Kaito
72 eu não sou um salvador.
73 desconfiados
74 Eu fui enviado para resgatar ela.
75 Lugar para se chamar de Lar
76 Ainda parece surreal
77 Quando o bravo hesita perto de Alice
78 O desejo
79 Kaito complicando tudo
80 Foi ideia minha
81 Isso é chamado de amor?
82 Conversas e mais conversas
83 Perigo!
84 Não discuta, Alice. Não vou deixar você para trás.
85 Surgindo outro amor
86 A noite será longa
87 Eu amo você...
88 Está tudo sob controle!
89 Três sobreviventes
90 A chegada
91 O amor está no ar
92 Chapter 92
93 Chapter 93
94 O som dos tiros
95 A caminho do refúgio
96 Uma noite na enfermaria
97 Recuperações...Após três dias.
98 Viva ao Kaito
99 Capítulo 99 - Esqueceu a Hera?
100 Capítulo 100
101 Capítulo 101
102 Capítulo 102 - Uma semana depois
103 Capítulo 103
104 Capítulo 104
105 Capítulo 105
106 Capítulo 106
107 Capítulo 107
108 Capítulo 108 - A procura da cura
109 Capítulo 109 - Astrid...
110 Capítulo 110
111 Capítulo 111_ Um caos no laboratório
112 Capítulo 112
113 A grande solução
Capítulos

Atualizado até capítulo 113

1
O cadáver
2
A contaminação
3
O chamado
4
Refúgio temporário
5
Uma solução
6
Dores e percas
7
Andando sem rumo
8
A estrada
9
Vai uma briga por aqui?
10
Abrigados na farmácia
11
Presença inesperada
12
A fazenda
13
Podemos confiar neles?
14
Morte rápida
15
O silêncio
16
Momento de paz
17
Sempre bom confiar no local
18
A caminho de uma peça
19
Em busca de uma peça
20
Momento de paz
21
Em uma pequena fazenda
22
Então... Eu cuido de você
23
Um novo membro!
24
Menos um
25
De cara a cara com a fera
26
Salve-se quem puder!
27
Risos e conversas
28
Refúgio no meio do mato
29
Vamos fortalecer nosso abrigo
30
O ataque na loja de Conveniência
31
Judith e Rafael
32
Confio nela, mais do que em mim mesmo
33
Apenas eles dois
34
Novos sobreviventes
35
Trinta e cinco
36
Confiança em primeiro lugar
37
Trinta e sete
38
O Kaito precisa descansar!
39
Trinta e nove
40
Se queria ficar abraçada comigo, era só ter pedido
41
Brigados
42
Um clima pesado
43
A refém
44
Quarenta e quatro
45
A beira do sangue
46
Seja com ele ou sem
47
Ele até tenta ser bonzinho
48
Se conhecendo
49
Chapter 49
50
Chapter 50
51
Chapter 51
52
Chapter 52
53
Chapter 53
54
Luto pela família de Filipe
55
Em busca do Daniel
56
Daniel
57
A busca pelo amanhã
58
Um Momento de Intimidade
59
Chapter 59
60
Chapter 60
61
Chapter 61
62
Acho que estamos sendo seguidos
63
Chapter 63
64
Chapter 64
65
Uma grande esperança a frente
66
Redenção
67
Chapter 67
68
Eu perguntei quem é você, seu imbecil!
69
Chapter 69
70
Estamos do mesmo lado. Por enquanto.
71
Qualquer passo errado... vai ser você, Kaito
72
eu não sou um salvador.
73
desconfiados
74
Eu fui enviado para resgatar ela.
75
Lugar para se chamar de Lar
76
Ainda parece surreal
77
Quando o bravo hesita perto de Alice
78
O desejo
79
Kaito complicando tudo
80
Foi ideia minha
81
Isso é chamado de amor?
82
Conversas e mais conversas
83
Perigo!
84
Não discuta, Alice. Não vou deixar você para trás.
85
Surgindo outro amor
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A noite será longa
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Eu amo você...
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Está tudo sob controle!
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Três sobreviventes
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A chegada
91
O amor está no ar
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Chapter 92
93
Chapter 93
94
O som dos tiros
95
A caminho do refúgio
96
Uma noite na enfermaria
97
Recuperações...Após três dias.
98
Viva ao Kaito
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Capítulo 99 - Esqueceu a Hera?
100
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Capítulo 111_ Um caos no laboratório
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Capítulo 112
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A grande solução

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