O sol raiava no horizonte, suas luzes matinais iluminando o céu com um tom suave e bonito. As grandes nuvens brancas se destacavam contra o azul celeste, criando um cenário tranquilo que contrastava com a tensão do grupo. Todos começaram a se mover, sacudindo a letargia do sono e preparando-se para a jornada adiante.
Alice, com um sorriso gentil, aproximou-se de Kaito, carregando um prato de massa. Ela estendeu a comida para ele.
— Aqui, você precisa comer — disse ela.
Kaito respirou fundo, aceitando o prato com um olhar grato.
— Obrigado, Alice. E você, já comeu? — perguntou ele.
— Sim, já — respondeu ela com um sorriso antes de se afastar, retornando para o lado do grupo.
Após o rápido café da manhã, o grupo se preparou para partir novamente. Caminhavam pela estrada em direção ao caminho de areia que levava à fazenda. O percurso era longo e desafiador, mas eles mantinham o ritmo, alguns conversando para aliviar a tensão, enquanto outros permaneciam atentos ao redor.
— Até agora não vi um daqueles monstros — comentou um homem baixo, de bigode e cabelos um pouco mais compridos, chegando aos ombros.
— Eles não são monstros, são zumbis — corrigiu uma jovem, rindo do comentário do mais velho. — Foi o que a televisão disse antes de eu vir parar aqui.
Kaito, sempre vigilante, observava o grupo enquanto caminhava, certificando-se de que ninguém se afastasse demais ou perdesse a atenção. Ele sabia que a estrada podia parecer segura, mas o perigo estava sempre à espreita.
Alice, que estava mais à frente, voltou-se para olhar o grupo, especialmente Kaito. A noite anterior ainda pesava em sua mente, mas ela sabia que precisava focar no presente para garantir a segurança de todos.
Daniel se aproximou dela, percebendo seu estado pensativo.
— Está melhor hoje, Alice? — perguntou ele, com um tom de preocupação.
Alice sorriu, embora de forma um pouco forçada. — Sim, Daniel.
Enquanto caminhavam, um som distante chamou a atenção de Kaito. Ele ergueu a mão, sinalizando para que todos parassem. O grupo se imobilizou instantaneamente, o silêncio caindo sobre eles enquanto Kaito tentava identificar a origem do ruído.
— Todos, fiquem alertas — murmurou ele, a mão no cabo de sua arma. — Pode ser apenas um animal, mas precisamos ser cautelosos.
O grupo permaneceu parado por alguns momentos, os olhos de cada um varrendo o entorno em busca de qualquer sinal de movimento. Finalmente, quando nada de suspeito se manifestou, Kaito deu um aceno para que continuassem.
A tensão no ar era palpável, mas eles seguiram em frente, determinados a alcançar a fazenda. O caminho de areia finalmente apareceu à frente, um sinal de que estavam cada vez mais próximos de seu novo refúgio.
— Vamos, falta pouco agora — incentivou Kaito, tentando manter o moral do grupo elevado.
Alice trocou um olhar com ele, sentindo uma pequena faísca de esperança. Ela sabia que ainda havia um longo caminho pela frente. Mas, apesar de tudo, a presença de Kaito e do grupo trazia um certo conforto em meio ao caos.
Conforme eles avançavam pelo caminho de areia, o silêncio era quebrado apenas pelo som de seus passos e o farfalhar das folhas nas árvores ao redor. Cada um deles consciente de que, a qualquer momento, poderiam ser surpreendidos. O vento começava a soprar mais forte, trazendo consigo o cheiro da terra úmida e um toque de umidade no ar.
Alice caminhava ao lado de Daniel, que mantinha a conversa casual para distrair a mente de todos, falando sobre como seria a vida na fazenda e as possibilidades de cultivo. Apesar de seus esforços, a mesma ainda se sentia presa em seus pensamentos, revivendo o incidente da noite anterior. Ela tentava focar no que Daniel dizia, mas sua mente continuava a voltar para a imagem da mulher infectada, a lembrança de como a vida foi arrancada tão rapidamente.
Kaito, que caminhava à frente, não deixou de notar a expressão de Alice. Ele sabia que ela ainda estava lutando com os sentimentos de culpa e a tristeza. Ele sentia uma ponta de remorso por ter sido tão duro com ela, mas também sabia que a realidade em que viviam exigia decisões difíceis.
— Estamos quase lá — disse ele, olhando para o horizonte onde as silhuetas da fazenda começavam a aparecer.
O grupo assentiu em uníssono, aumentando a velocidade enquanto a visão da fazenda crescia diante deles. O lugar, cercado por campos vastos e algumas árvores dispersas, parecia um oásis de segurança no meio de um mundo tomado pelo caos.
Alice olhou para o horizonte, a fazenda agora completamente visível, e sentiu uma mistura de alívio e apreensão. Ela queria acreditar que aquele lugar poderia ser um novo começo, uma chance de reconstruir suas vidas. Mas sabia, no fundo, que os desafios estavam longe de terminar.
Quando finalmente chegaram aos portões da fazenda, Kaito fez um sinal para que todos parassem. Ele examinou o local por um momento, garantindo que não houvesse sinais de perigo antes de se aproximar dos portões de ferro enferrujados. Com um empurrão firme, os portões rangeram ao se abrir, revelando o interior da propriedade.
— Bem-vindos ao nosso novo lar — disse ele, com uma voz que tentava soar encorajadora.
O grupo entrou cautelosamente, olhando ao redor enquanto atravessavam o pátio. A fazenda estava em bom estado, com várias construções de madeira robusta e um grande celeiro ao fundo. Na frente da casa principal, estava Rubens, o dono da fazenda, esperando o grupo na porta. Ele parecia sério, mas havia um ar de calma em sua postura.
Quando Kaito e Alice se aproximaram, Rubens os recebeu com um sorriso acolhedor.
— Sejam bem-vindos — disse ele, com um aceno de cabeça. Seus olhos brilhavam com uma gentileza inesperada. — É bom vê-los de volta.
— Olá, senhor Rubens — respondeu Kaito, guardando sua arma nas costas com um gesto cuidadoso, sinalizando confiança. — Como prometido, trouxe meu grupo para se refugiar na sua fazenda.
Rubens assentiu, satisfeito. — Claro, Kaito. Minha casa é pequena, mas eu e minha família preparamos o celeiro para todos vocês. Está limpo e bem organizado.
Ele indicou com um gesto a estrutura ao lado, um celeiro grande e espaçoso. — Não se preocupem, o celeiro que vocês usarão era apenas para armazenar feno. Os animais ficam naquele outro lado, mais afastados — explicou, apontando para um segundo celeiro à esquerda, cercado por cercas de madeira onde alguns animais pastavam tranquilamente.
Rubens fez um sinal para que o grupo o seguisse, guiando-os em direção ao celeiro preparado. Ao entrarem, puderam ver que o espaço era surpreendentemente amplo e bem cuidado. Havia vários montes de feno organizados nos cantos, criando um ambiente rústico, mas acolhedor. Algumas lâmpadas pendiam do teto, proporcionando uma iluminação suave que contrastava com a luz natural que entrava pelas janelas.
— Espero que seja confortável para todos vocês — disse Rubens, observando as reações do grupo. — Não é muito, mas fizemos o melhor para que pudessem se sentir seguros aqui.
Alice olhou ao redor, impressionada com o cuidado e a dedicação que Rubens e sua família haviam colocado no lugar. Ela trocou um olhar com Kaito, que assentiu discretamente. O celeiro não era luxuoso, mas oferecia tudo o que precisavam: abrigo, espaço e, acima de tudo, segurança.
— É mais do que suficiente, senhor Rubens — disse Alice, finalmente encontrando sua voz. — Somos muito gratos por sua hospitalidade.
Rubens sorriu, balançando a cabeça. — Não precisam agradecer. Em tempos como esses, precisamos nos ajudar uns aos outros. Vocês terão mais privacidade aqui do que dentro da casa, e é um local fácil de defender, caso precisem.
O grupo começou a se acomodar, espalhando seus pertences e organizando as áreas onde passariam a noite. O clima, embora ainda tenso, estava um pouco mais leve com a sensação de segurança que o novo ambiente proporcionava.
Rubens deu uma última olhada em todos e se preparou para sair, mas não antes perguntou:
— Kaito, ou Alice, poderiam me ajudar a trazer cobertores para todos?
Alice prontamente se ofereceu para ajudar, enquanto Kaito decidiu que era hora de arrumar um pouco o local. Antes de começar, ele perguntou a Rubens se poderia fazer algumas mudanças no celeiro, e o homem mais velho assentiu, confiando no julgamento de Kaito.
— Tem muito feno nesse celeiro. Dá para organizá-lo de uma forma que possamos criar pequenos "quartos" improvisados para dormir — sugeriu Kaito, percebendo a expressão confusa no rosto do grupo. Ele então demonstrou rapidamente sua ideia, empilhando fardos de feno para formar divisórias que criavam um espaço privado. — Nesse formato, cada um pode ter um pouco mais de privacidade.
O grupo gostou da ideia e logo começou a trabalhar junto para reorganizar o local, usando o feno para criar essas pequenas áreas privadas. Eles estavam aliviados por ter um pouco mais de conforto e, sobretudo, privacidade.
Quando Alice voltou com os cobertores nas mãos, ela ficou surpresa ao ver o novo layout do celeiro.
— Vejo que vocês arrumaram tudo isso em poucos minutos — comentou ela, admirada com o que encontraram.
Logo atrás dela, Rubens apareceu carregando mais cobertores.
— Aqui, acho que será suficiente para todos se protegerem do frio. Mas, se precisarem de mais, podem pedir — disse ele, sorrindo gentilmente ao observar o trabalho realizado pelo grupo. Ele também elogiou as "salas" feitas por Kaito. — Vejo que sua imaginação é bem criativa.
— Sim, achei que precisávamos de mais privacidade e algo mais fechado por causa do frio. Acho que isso ajuda bastante — respondeu Kaito, satisfeito com o resultado e com o reconhecimento de Rubens.
O grupo, agora mais confortável, se acomodou nos espaços que criaram, agradecendo a Alice e Rubens pelos cobertores que agora tornavam o ambiente mais aconchegante. Mesmo em meio a um cenário tão desolador, a pequena transformação que Kaito liderou trouxe uma sensação de normalidade.
Enquanto todos se ajeitavam para a noite, Rubens observou o grupo, sentindo uma mistura de alívio e esperança. Ele sabia que o caminho à frente ainda seria difícil, mas momentos como esse — onde o espírito de comunidade e cooperação florescia — eram o que realmente mantinham todos unidos.
Com o celeiro agora transformado em um refúgio provisório, e com todos mais protegidos do frio, o grupo começou a relaxar. A jornada até a fazenda tinha sido árdua, mas ali, entre aquelas paredes de madeira e feno, encontraram um pouco de paz.
Alice, após terminar de distribuir os cobertores, sentou-se em seu próprio espaço improvisado. Ela olhou para Kaito, que ainda estava ocupado ajustando os últimos detalhes de seu "quarto" de feno. Algo no jeito dedicado e protetor dele fazia com que ela se sentisse um pouco mais segura, mesmo no meio de tantas incertezas.
Rubens se virou para sair, mas antes de deixar o grupo relaxar, ele fez um convite generoso.
— Kaito, nós sempre preparamos um jantar farto à noite. Seu grupo será bem-vindo, assim como você — disse ele com um sorriso acolhedor.
Kaito inclinou a cabeça em sinal de agradecimento, sentindo uma onda de gratidão pelo homem à sua frente.
— Obrigado, Rubens! Acho que todos estão muito gratos pelo abrigo que nos ofereceu. — Kaito fez uma pausa, olhando em volta para o grupo, que já começava a se sentir um pouco mais à vontade no celeiro improvisado. — Como forma de agradecimento, trouxemos algumas coisas que podem ser úteis para vocês.
Kaito se dirigiu até as bolsas pesadas que haviam trazido. Dentro delas, havia uma variedade de suprimentos que tinham conseguido reunir durante a jornada — alguns alimentos enlatados, remédios, e até algumas ferramentas que poderiam ser úteis na fazenda. Embora não fosse uma quantidade abundante, era o melhor que puderam encontrar, e Kaito esperava que fosse suficiente para mostrar sua gratidão.
Rubens, tocado pelo gesto, agradeceu sinceramente e começou a ajudar Kaito a levar as bolsas para dentro da casa. Ao entrarem, Kaito pôde ver um pouco mais do interior aconchegante do lar de Rubens. Apesar dos tempos difíceis, a casa exalava uma sensação de calor e segurança.
Dentro da sala, alguns membros da família de Rubens estavam ocupados. Uma mulher mais velha estava sentada em uma poltrona, lendo um livro à luz de uma lamparina, enquanto uma jovem, provavelmente uma neta, arrumava a mesa para o jantar. Um homem mais jovem, que Kaito presumiu ser filho de Rubens, estava organizando alguns utensílios na cozinha, preparando o ambiente para a refeição que logo seria compartilhada.
— Esses são meus filhos e minha esposa, como você já conheceu — disse Rubens, introduzindo sua família com um aceno de cabeça. — Apesar dos tempos difíceis, tentamos manter nossas tradições e cuidar uns dos outros.
A mulher mais velha, Lori, ergueu os olhos do livro e sorriu calorosamente para Kaito, enquanto a jovem acenou educadamente.
— É bom ter mais companhia, mesmo que as circunstâncias não sejam as ideais — disse a mulher mais velha, colocando o marcador de páginas em seu livro e o apoiando em seu colo. — Jantar aqui é sempre um momento de união, algo que temos pouco hoje em dia.
— Vamos ajudar a preparar a refeição — ofereceu Kaito, sentindo que essa era uma maneira de retribuir a hospitalidade de Rubens.
— Não precisa se preocupar, já estamos quase terminando — respondeu Rubens, embora sua expressão mostrasse que ele apreciava a oferta. — Mas qualquer ajuda é sempre bem-vinda. Se você e seu grupo quiserem se juntar a nós na cozinha, serão mais que bem-vindos.
Kaito assentiu e decidiu chamar alguns de seus companheiros para ajudar nos preparativos. Alice, sempre disposta a ser útil, foi a primeira a se oferecer, seguida por Daniel, que também se juntou ao esforço.
Com todos trabalhando juntos, o clima dentro da casa rapidamente se tornou mais leve e agradável. Alice ajudou a jovem a colocar os pratos na mesa, trocando sorrisos tímidos e algumas palavras amigáveis. Daniel se encarregou de preparar o pão que haviam trazido, enquanto Kaito ajudava Rubens e seu filho a organizar os suprimentos que haviam trazido.
Conforme o jantar foi se aproximando, o aroma reconfortante da comida caseira começou a preencher a casa, e o grupo, que havia chegado ali cansado e abatido, começou a sentir algo que há muito tempo não experimentavam: a sensação de estar em casa, mesmo que fosse apenas por uma noite.
Quando finalmente se sentaram à mesa, todos pareciam relaxados. As dificuldades do mundo exterior pareciam distantes naquele momento. O jantar foi servido, e Rubens conduziu uma pequena oração, agradecendo pela comida e pela segurança que haviam encontrado, ainda que temporária.
— Às vezes, tudo o que temos são uns aos outros — disse Rubens, olhando ao redor da mesa. — E esta noite, sou grato por termos mais pessoas ao nosso redor. Vamos fazer o possível para tornar este lugar um refúgio seguro, onde possamos encontrar alguma paz em meio ao caos.
As palavras de Rubens tocaram a todos na mesa. Eles sabiam que a jornada ainda estava longe de terminar e que o mundo lá fora continuava perigoso.
A noite continuou com risos suaves e conversas tranquilas, enquanto o grupo compartilhava histórias, planos e, por um breve momento, deixava para trás o peso de suas preocupações.
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Atualizado até capítulo 113
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