A manhã mal havia surgido no horizonte quando Kaito começou a despertar todos do grupo. O som de sua voz firme e decidida ecoava pelo acampamento improvisado.
— Levantem-se! — ordenou ele, sua postura rígida e impassível. — Não podemos ficar mais aqui. Precisamos seguir em frente antes que alguém nos encontre.
Alice, que ainda estava se ajeitando na sua cama improvisada, resmungou ao ouvir a voz de Kaito.
— Kaito, ainda está escuro — disse ela, esfregando os olhos com irritação. — Precisamos de mais algumas horas de descanso.
— Não temos tempo, Alice — respondeu Kaito, já se preparando para partir. — Quanto mais cedo sairmos, menos chances teremos de sermos rastreados. — Sem mais uma palavra, ele começou a andar até a estrada para observar o caminho à frente.
Alice suspirou, percebendo que discutir seria inútil. Ela começou a acordar os outros com um toque mais suave do que o de Kaito, mas sua irritação era palpável. Muitas pessoas se levantaram com olhares de cansaço e resignação, sem muita vontade de seguir as ordens, mas o medo de enfrentar Kaito era maior do que a fadiga.
Enquanto o grupo começava a se mover, a atmosfera era tensa. As primeiras horas da caminhada pela estrada foram relativamente tranquilas, com o sol lentamente iluminando o caminho à medida que subia no céu. No entanto, não demorou muito para que o cansaço e a fome voltassem a se manifestar.
— Não aguento mais — disse uma mulher de meia-idade, parando abruptamente no meio da estrada. Seu rosto estava pálido e seus olhos, sombrios de exaustão. — Estou com sede, uma fome enorme. — Ela olhou para Alice, que vinha logo atrás, esperando alguma solução.
Alice franziu o cenho, sentindo a frustração aumentar. Ela sabia que o grupo precisava de uma pausa, mas também sabia que Kaito não aceitaria isso facilmente.
— Aqui, tenho estas frutas — disse Alice, estendendo algumas frutas que havia guardado. — Não são muitas, mas devem ajudar. — A mulher ruiva olhou para Alice com um misto de gratidão e desespero, mas aceitou as frutas sem hesitar.
Kaito, percebendo a parada do grupo, se virou com uma expressão severa no rosto.
— Precisamos continuar — disse ele, sua voz cortando o ar como uma faca. — Cada minuto que paramos é um minuto em que podemos ser descobertos.
Alice se aproximou de Kaito, tentando manter a calma.
— Kaito, eles estão exaustos. Precisamos de uma pausa para comer e beber algo. — Ela gesticulou para o grupo, que estava claramente desgastado pela caminhada.
Kaito estreitou os olhos, a raiva e a frustração visíveis em sua expressão.
— Não temos tempo para isso, Alice. Precisamos seguir em frente. — Ele deu um passo em direção a ela, a tensão entre os dois aumentando.
Alice não recuou, mantendo o olhar firme no de Kaito.
— Se continuarmos assim, eles não vão aguentar. Precisamos cuidar do grupo, não só seguir em frente sem pensar nas consequências. — Sua voz era baixa, mas firme, tentando apelar para a razão de Kaito.
Kaito ficou em silêncio por um momento, a batalha interna evidente em seus olhos. Ele sabia que Alice estava certa, mas a pressão de manter todos seguros e em movimento era esmagadora.
Após alguns segundos de silêncio tenso, Kaito finalmente cedeu.
— Muito bem, vamos parar por um momento — disse ele, sua voz tensa. — Mas não podemos ficar muito tempo. Precisamos encontrar um lugar seguro para passar a noite antes que escureça novamente. — Ele olhou ao redor, procurando um lugar onde o grupo pudesse descansar.
Alice suspirou de alívio, agradecida pela breve vitória. Ela sabia que não duraria muito, mas pelo menos agora o grupo teria um momento para recuperar as forças.
— Certo, pessoal — disse ela, voltando-se para o grupo. — Vamos descansar um pouco e comer o que pudermos. Precisamos estar prontos para continuar em breve. — As pessoas se acomodaram ao redor da estrada, aproveitando a breve pausa para recarregar as energias.
Enquanto todos se acomodavam para descansar, Alice aproveitou o momento para refletir sobre o que havia acontecido. A estrada à frente era longa e incerta, e a pressão de manter todos vivos e seguros era quase insuportável. Ela sabia que Kaito estava fazendo o melhor que podia, mas sua abordagem rígida e inflexível estava começando a desgastar o grupo.
Ela se aproximou de uma jovem que estava sentada sozinha, olhando para a estrada com uma expressão triste.
— Ei, como você está se sentindo? — perguntou Alice, sentando-se ao lado dela.
— Estou cansada e com medo — respondeu a jovem, sua voz baixa e trêmula. — Não sei se consigo continuar assim.
Alice colocou a mão no ombro da jovem, tentando oferecer um pouco de conforto.
— Vamos encontrar um lugar seguro, eu prometo. Não estamos sozinhos nisso. — Sua voz era suave, mas firme, tentando transmitir um pouco de esperança.
Kaito, observando o grupo de longe, sabia que eles precisavam de mais do que apenas força física para continuar. Eles precisavam de esperança, de uma razão para acreditar que poderiam sobreviver. Ele apertou os punhos, determinado a fazer tudo o que fosse necessário para proteger o grupo, mesmo que isso significasse tomar decisões difíceis.
Quando o sol começou a subir mais alto no céu, lançando seus raios sobre a estrada, o grupo começou a se preparar para continuar a jornada.
Kaito, sempre à frente do grupo, avistou marcas frescas de pneus na estrada. A descoberta o deixou em alerta máximo.
— Fiquem aqui — ordenou ele, a voz baixa, mas carregada de autoridade. Sem esperar por uma resposta, ele se afastou rapidamente para investigar.
Alice observou com apreensão enquanto Kaito desaparecia entre as árvores, a desconfiança crescendo no grupo.
— Ele nos deixou? — perguntou um homem, a inquietação evidente em sua voz.
— O quê? — A pergunta inflamou os nervos já desgastados de todos, desencadeando uma série de murmúrios preocupados e olhares desesperados.
— Gente, calma! Não sabemos para onde ele foi, mas ele vai voltar — tentou Alice, levantando as mãos em um gesto pacificador.
— Como você pode ter certeza? — o homem retrucou, cético.
— Porque ele é uma pessoa de palavra. Ele vai voltar — Alice tentou manter a calma, mas o nervosismo estava evidente em seu tom.
Uma mulher, exausta e desgostosa, interrompeu com uma voz carregada de sarcasmo.
— Para de ser idiota, garota! — ela disparou. — Você só sabe falar isso, e todos aqui estão cansados. Você se acha muito, né? As pessoas estão exaustas de ouvir essas baboseiras.
Alice ficou boquiaberta, sentindo a raiva fervendo dentro de si.
— Como é que é? — Alice arregalou os olhos, sua respiração acelerando com a indignação. — Olha o jeito que você me trata! Estou fazendo de tudo para manter esse grupo seguro, e você me vem com uma dessas?
A mulher não se conteve e lançou uma acusação pesada.
— Só você acha isso! Você fez todos do refúgio morrer, trazendo aqueles zumbis até o local. Você sabia que não tinha cura e mesmo assim arriscou a vida de todos nós!
— Eu não matei ninguém! — Alice gritou, seu rosto contorcido de ódio e frustração. — Eu usei meu próprio sangue para tentar encontrar a cura! E, se não fosse por mim, você já estaria morta como eles!
A tensão no ar era palpável, e quando Alice tentou virar de costas, a jovem, cheia de rancor, avançou sobre ela, empurrando-a com força. Alice tropeçou, mas rapidamente se levantou, o rosto ardendo de raiva.
— Chega! — Alice berrou, sua voz ecoando pela estrada vazia. — Eu não vou permitir que você me culpe pelas decisões difíceis que tive que tomar para tentar salvar a todos nós!
A mulher avançou novamente, mas desta vez Alice estava pronta. Com uma rapidez inesperada, ela desviou e empurrou a agressora de volta.
O confronto se transformou em uma briga física, com gritos e empurrões. Os outros membros do grupo começaram a se agitar, alguns tentando intervir enquanto outros apenas observavam, incapazes de decidir o que fazer.
— Parem com isso! — gritou um homem, tentando separar as duas. — Isso não vai ajudar ninguém!
Alice, ofegante e com lágrimas de raiva nos olhos, finalmente conseguiu se afastar, mas a mulher continuava a insultá-la, a tensão no grupo aumentando a cada segundo.
Nesse momento, Kaito emergiu das árvores, a expressão grave. Ele viu a confusão e correu para o grupo, sua voz cortando o ar.
— O que está acontecendo aqui? — ele rugiu, sua autoridade inquestionável. As pessoas imediatamente se afastaram, o silêncio caindo como um manto pesado sobre todos.
Alice, tentando recuperar o fôlego, explicou rapidamente o que havia acontecido, enquanto a mulher que a atacara continuava a fulminá-la com os olhos.
Kaito olhou para todos, sua expressão severa.
— Isso tem que parar agora! Estamos no meio de um apocalipse e precisamos trabalhar juntos. Se continuarmos nos atacando, não teremos chance alguma de sobreviver.
Ele olhou diretamente para a mulher que havia iniciado o conflito.
— Se alguém aqui acha que pode liderar melhor do que eu ou Alice, que se apresente agora. Caso contrário, sigam as nossas ordens e tentem sobreviver.
Ninguém se mexeu. O silêncio era absoluto, exceto pelo som da respiração pesada de todos.
Kaito voltou-se para Alice, que estava claramente abalada, mas determinada a seguir em frente.
— Precisamos continuar — disse ele, mais calmamente desta vez. — Há rastros de pneus na estrada. Talvez haja um abrigo ou algum lugar seguro nas proximidades. — Ele olhou para o grupo. — Todos, preparem-se para continuar. Estamos mais perto de encontrar um refúgio.
Com a ordem de Kaito, o grupo começou a se mover novamente, a estrada diante deles longa e incerta. A tensão ainda era palpável, mas a necessidade de sobrevivência era mais forte. Cada um estava agora mais consciente da fragilidade da situação e da importância de permanecer unido, mesmo diante das adversidades.
Alice e Kaito lideravam o grupo, seus passos ecoando na estrada deserta. As árvores ao redor eram testemunhas silenciosas da luta pela sobrevivência que se desenrolava. A jornada estava longe de terminar, mas, com a determinação renovada e a promessa de um refúgio à frente, eles continuavam a caminhar, em busca de esperança e segurança em um mundo devastado.
Alice caminhava lentamente atrás do grupo, tentando limpar o rosto manchado de sangue. Kaito, sempre atento, percebeu sua presença e, ao longe, notou a silhueta de uma pequena cidade.
— Vamos parar por aqui. Vejo uma cidade logo à frente e preciso verificar se está segura — ordenou ele, a voz firme. Todos concordaram com a decisão. — Não quero ver brigas, não quero ouvir gritos de ódio, a não ser que seja uma emergência! — Sua voz carregada de autoridade e raiva fez com que todos prestassem atenção. Ele lançou um olhar duro para Alice e a jovem que havia discutido com ela. — Alice, você vem comigo.
Alice ergueu a cabeça, o olhar ainda dolorido. Sob os olhares dos outros, ela caminhou até Kaito.
— E você — continuou Kaito, apontando para um dos homens do grupo — lidere aqui. Não deixe que se separem! Isto é uma ordem! — O homem assentiu, aceitando a responsabilidade.
Kaito começou a caminhar com Alice ao seu lado, e o silêncio entre eles era quase palpável. Ao se aproximarem da entrada da cidade, passaram por carros abandonados, uma cena comum no mundo desolado em que viviam.
— Por que me chamou para vir com você? — perguntou Alice, ainda tentando limpar o sangue do nariz.
— Não quero que você arrume mais confusão — respondeu Kaito, lançando um olhar sério para ela. — Venha.
— Confusão? — Alice retrucou, ressentida. — Não fui eu que comecei a briga! Foi ela.
Kaito ignorou a justificativa e continuou a caminhar, a atenção completamente focada no que estava à frente. Alice, ainda sentindo dor no nariz e nervosa, tentou acompanhar o ritmo dele. Quando estavam prestes a atravessar a rua, Kaito a puxou de repente para trás de um carro.
— Fale menos e preste mais atenção — sussurrou ele, apontando para dois zumbis vagando em frente a uma casa. — Fique aqui.
Antes que Alice pudesse responder, Kaito se moveu rapidamente e chamou a atenção dos zumbis. Eles começaram a se mover na direção dele, lentos e desajeitados. Com precisão calculada, Kaito acertou a cabeça de um com um golpe rápido e, em seguida, eliminou o outro com a mesma eficiência.
Alice, observando em silêncio, sentiu um misto de admiração e frustração. Ela queria provar que também podia contribuir, mas Kaito parecia decidido a mantê-la sob vigilância constante.
— Vamos seguir em frente — disse Kaito, limpando a lâmina e indicando para Alice que o seguisse.
Eles avançaram mais pela cidade, observando com cuidado cada beco e esquina. Carros abandonados e lojas saqueadas eram os vestígios de uma civilização em ruínas. O ambiente era tenso e silencioso, com apenas o som ocasional de vento balançando portas soltas e folhas secas no chão.
— Esta cidade parece ter sido abandonada às pressas — comentou Alice, quebrando o silêncio.
— Sim, mas não abaixe a guarda — respondeu Kaito, mantendo a voz baixa e os olhos em movimento constante. — O perigo pode estar em qualquer esquina.
Eles continuaram a avançar, inspecionando cada edifício. Encontraram alguns zumbis solitários, que Kaito eliminou sem problemas, sempre com a mesma precisão letal. Alice começou a perceber que, apesar da dureza de Kaito, ele era extremamente competente e focado na missão de manter todos vivos.
Após um tempo, chegaram a um antigo supermercado. As portas estavam escancaradas, mas parecia um lugar relativamente seguro para se abrigar.
— Vamos verificar lá dentro — disse Kaito, apontando para o supermercado. — Pode ser um bom lugar para o grupo descansar e talvez encontrar alguns suprimentos.
Eles entraram cautelosamente, a luz do dia iluminando o interior parcialmente saqueado. Apesar do caos, havia sinais de que ainda poderia haver algo útil ali.
— Vamos procurar por comida e água — instruiu Kaito. — Se encontrarmos algo, voltamos para buscar o grupo.
Alice acenou com a cabeça, agradecida pela pausa na tensão. Eles se separaram, cada um verificando as prateleiras e corredores, em busca de algo que pudesse ser aproveitado.
Enquanto buscava por suprimentos, Alice refletiu sobre a situação. Ela sabia que Kaito era difícil, mas ele também era eficaz. Havia uma razão pela qual ele estava no comando, mesmo que seu estilo fosse duro e implacável. A sobrevivência dependia não apenas da força, mas também da capacidade de tomar decisões difíceis e impopulares.
O supermercado estava quase vazio, mas Alice encontrou algumas latas de comida e algumas garrafas de água. Ao se reunir com Kaito, viu que ele também havia encontrado alguns suprimentos básicos.
— Vamos voltar — disse Kaito, com um raro sorriso de aprovação. — Parece que temos algo para mostrar ao grupo.
Com os braços carregados de provisões, eles se prepararam para retornar. As tensões do dia anterior ainda estavam presentes, mas agora havia um fio de esperança. Em meio ao caos e à destruição, a resiliência humana persistia, e Alice sabia que, independentemente dos desafios, eles continuariam a lutar por uma chance de sobrevivência.
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Atualizado até capítulo 113
Comments
Jadson Augusto
capítulo maravilhoso
2024-11-26
2
Cecilia geralda Geralda ramos
poderiam encontrar um carro e buscar o pessoal.
2024-10-08
2